Contextualizando

"Uma questão de pesos e medidas"

Em 23 de Junho de 2025 às 17:15

Texto de Nuno Vasconcelos, sobre o conflito Irã-Israel:

"... Depois que a guerra teve início, alguns 'analistas' parecem ter se esquecido de que a ditadura do Irã é uma das mais sanguinárias da história. Com ar de quem torce para que isso aconteça, esses 'analistas' passaram a dizer que os ataques israelenses, em vez de enfraquecer os aiatolás, contribuirão para unir o povo iraniano e todo o mundo árabe contra Israel e seu aliado incondicional, os Estados Unidos. Será? 

Não. Ninguém sabe se o regime terá força para prosseguir depois que suas principais lideranças passaram a ser eliminadas uma a uma. Um dos últimos a tombar diante dos ataques de precisão de Israel contra os líderes da ditadura dos aiatolás foi um Saeed Izadi, conhecido como Hajj Ramadan, comandante graduado das Forças Quds da Guarda Revolucionária do Irã.  

Na madrugada de sábado, ele foi atingido dentro de um apartamento na cidade de Qom. Izadi foi o principal elo entre o governo de seu país e o Hamas no planejamento dos ataques brutais do dia 7 de outubro. Qual era a importância dele para Israel? Bem... Foi Izadi quem assegurou dinheiro que financiou aquela ação covarde. 

Será que o terrorista terá um substituto tão fanático quanto ele? Questões como essas só serão respondidas com o desenrolar do conflito — e, como costuma acontecer com as ditaduras, a verdadeira extensão das atrocidades cometidas só será conhecida completamente depois do colapso total do regime. De qualquer forma, o certo é que Israel, com o apoio dos Estados Unidos, parece disposto não apenas a eliminar a ameaça nuclear do Irã sobre seu país como, também, agir para forçar a queda da teocracia autoritária chefiada pelo aiatolá Ali Khamenei. 

Será que, como torcem os “analistas” de plantão, o povo iraniano se unirá em torno da sustentação do regime ditatorial que o oprime há quase cinquenta anos? Será que Narges Mohammadi, defensora dos direitos das mulheres e vencedora do Prêmio Nobel da Paz de 2023, que cumpre penas somadas de 31 anos de prisão e foi condenada a receber 154 chibatadas de castigo por crimes como o uso incorreto do véu mulçumano, passará a apoiar Khamenei depois que seu país se tornou alvo de Israel?  

Será que os LGBTQIA+ do Irã passarão a aplaudir o regime que ameaça atirá-los do alto de edifícios só porque seus algozes, agora, estão sob ataque? Será que os líderes da oposição iraniana, que aguardam a execução das sentenças de morte a que foram condenados por pedir eleições livres no país, passarão a aplaudir os mísseis disparados pelo regime contra hospitais e outras posições civis de Israel?

Questões como essas podem estar perto de serem respondidas...

Desde que o Irã se transformou numa teocracia autoritária baseada no fundamentalismo islâmico, o regime dos aiatolás nunca fez segredo da intenção de destruir o Estado de Israel e varrer o povo judeu da face da terra. Em igual medida, as Forças de Defesa de Israel sempre estiveram atentas aos movimentos do inimigo. E, mais do que isso, dispostas a responder a essa ameaça. Na verdade, Israel nunca descartou a hipótese de — exatamente como fez na Guerra dos Seis Dias, em 1967 — tomar a iniciativa da ação antes de ver seu país atacado por um inimigo disposto a aniquilá-lo.  

Ou seja, os combates que vêm acontecendo há 10 dias e que devem se estender por mais algumas semanas aconteceriam mais cedo ou mais tarde. Como o conflito vai evoluir daqui por diante é algo que depende de uma série de fatores, entre eles, a capacidade do Irã de resistir aos ataques e de reagir a eles mirando de forma proposital contra os civis israelenses.

Por menos que os críticos se deem conta disso, é esse tipo de atitude que justifica as medidas adotadas por Israel contra os países que desejam aniquilá-lo."

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