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Vídeo mostra ex-patroa agredindo babá em Salvador; vítima pulou do 3° andar

Correio 24h | 02/09/21 - 17h22
Reprodução

As imagens de uma câmera de segurança colocada na sala do apartamento de Melina Esteves França, em um condomínio de classe média no bairro do Imbuí, em Salvador, mostram o momento em que a então patroa agride com socos e tapas a babá Raiana Ribeiro, 25 anos, horas antes de a jovem pular do 3º andar para escapar das agressões e cárcere privado.

Raiana, que é uma das 11 vítimas que já denunciaram Melina por agressões e ameaças, aparece sentada no sofá, ao lado de Melina, quando esta dá um tapa no rosto da jovem e depois começa uma série de socos e puxões no cabelo. A ex-patroa chega a bater com as duas mãos nas costas da jovem, que tenta se defender. A situação ocorreu no último dia 25.

Ainda dá para ouvir Melina perguntar se a vítima acha certo o que ela estava fazendo, pede respeito e chama a jovem de horrorosa. Ao lado, aparece uma outra mulher com uma criança no colo. É possível ouvir o choro do bebê, que presencia as agressões.

A informação de que o vídeo se trata do dia da agressão foi confirmada na tarde desta quinta-feira (2) pela defesa de Raiana. O advogado de Melina decidiu abandonar o caso nessa quarta. 

Relembre o caso
Raiane Ribeiro trabalhava cuidando de crianças em um apartamento no Edifício Residencial Absolutto quando caiu do terceiro andar. Socorrida para o Hospital Geral do Estado (HGE), ela prestou depoimento no posto policial da unidade e disse que pulou da janela para fugir da patroa.

Segundo a funcionária, ela foi agredida e trancada em um cômodo da casa, após ter seu celular tomado pela patroa. Tudo teria começado quando ela avisou que queria deixar o emprego após uma semana de contratada.

Raiane conversou com o Correio na noite da última quarta-feira (25) e relatou os momentos traumáticos que viveu. Natural do município de Itanagra, a 120 km de Salvador, ela disse que viu o anúncio de emprego em um site e decidiu se candidatar. 

Após contato com a anunciante, a babá trocou informações e após algumas chamadas de vídeo foi contratada para trabalhar. "Depois que eu vi o anúncio, entrei em contato, e o acordo era trabalhar integral e folgar a cada 15 dias", disse Raiane.

No entanto, após iniciar o trabalho, Raiane conta que recebeu nova proposta de emprego e que após comunicar à patroa, passou a ser ameaçada. "Quando eu pedi para sair do trabalho, ela respondeu: 'eu quero ver se você vai embora. Eu não sou vagabunda. Você não vai embora", lembrou a babá. 

A ameaça, de acordo com Raiane, teria ocorrido na terça-feira (24). A babá teria pedido socorro à irmã, pelo telefone. A irmã de Raiane então entrou em contato com uma tia que mora em Salvador. Após o contato, um homem teria ido até o prédio onde Raiane trabalha, mas após fazer contato pelo interfone, a patroa disse que Raiane não estava no local.

Nesta quarta-feira (25), uma pessoa voltou no prédio a pedido da tia de Raiane para procurar a jovem, segundo ela, desta vez, a patroa arrancou a fiação do interfone para evitar o contato. Sem contato externo, Raiane diz que foi trancada no banheiro. Desesperada, ela tentou fugir pelo basculante.

"Ela me trancou no banheiro, ai vi o basculante e decidi fugir para alcançar a janela do apartamento do lado e lá pedir ajuda, mas aí não consegui e fiquei pendurada. Aí depois, eu caí", conta.

Ela caiu dentro de um apartamento localizado no primeiro andar e foi socorrida. Raiane fraturou o calcanhar, e levou pontos na testa, além de ter ficado com alguns hematomas no corpo. Ela teve alta no mesmo dia.

Mas o comportamento agressivo de Melina Esteves França com trabalhadores domésticas tem relatos desde 2018, pelo menos, quando ela ainda morava em Piatã. Um grupo de ex-funcionários foi à 9ª Delegacia para prestarem depoimento sobre as ameaças de cárcere e agressões físicas e verbais na última sexta-feira (27).

Até segunda (30), havia registro de 11 vítimas da mesma mulher. Pelo menos 4 no atual apartamento que a acusada mora, no bairro do Imbuí, e as outras na sua antiga residência, em Itapuã. Os casos são apurados pela Polícia Civil.