Brasil

19 estados têm atos contra Bolsonaro neste sábado

Uol | 19/06/21 - 17h00
Mídia Ninja

Milhares de manifestantes fazem protestos contra o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) hoje em diversas cidades do país, como Rio de Janeiro, Brasília e Recife. No centro do Rio, os protestos fecharam três das quatro vias da avenida Presidente Vargas nos quatro quilômetros entre o monumento a Zumbi dos Palmares e a igreja de Nossa Senhora da Candelária.

Estão previstos atos em mais de 400 cidades do país e do exterior em meio à pandemia, no dia em que o Brasil atinge a marca de 500 mil mortos pela covid-19. Até agora, as manifestações aconteceram em 19 estados e no Distrito Federal. Outras regiões planejam atos nesta tarde, como São Paulo, Amazonas, Acre, Amapá, Ceará e Natal. 

Os manifestantes criticam o governo pelo que entendem ser uma sabotagem à vacinação durante a pandemia, pedem o impeachment de Bolsonaro com faixas com os dizeres "Bolsonaro genocida". Eles ainda pedem a extensão do auxílio emergencial, com valor de R$ 600 (hoje o governo paga entre R$ 150 e R$ 375) e vacinação em massa contra a covid-19. A política ambiental do governo também é alvo de críticas.


Em Maceió, protesto aconteceu na Avenida Fernandes Lima, no bairro do Farol (Foto: Josiane Calado)

Brasília, Recife e outras capitais

Em Brasília, os protestos começaram no início da manhã. A partir das 8h, manifestantes se reuniram em frente à Biblioteca Nacional e na Praça do Buriti.

Em Goiânia, a carreata se concentrou na Praça Cívica, área central da cidade, desde as 9h. Em Mato Grosso, os focos da concentração aconteceram partindo da Prainha, com um ato simbólico às 6h, uma carreata às 8h e outra às 10h.

No Nordeste, os protestos iniciaram às 8h em São Luís, no Maranhão e em Teresina, no Piauí. Maceió, em Alagoas, Recife, em Pernambuco, João Pessoa, na Paraíba e Aracaju, em Sergipe, tiveram protestos a partir das 9h.

Diferente da última manifestação que ocorreu em Recife, a de hoje não teve registros de confrontos da polícia com manifestantes. Mesmo com chuvas, o protesto seguiu pacificamente até às 12h, quando o público começou a se dispersar.

No Norte, as cidades de Belém, no Pará e Porto Velho, em Rondônia, agendaram as manifestações para ter início às 8h. Em Palmas, Tocantins, as manifestações começaram às 8h30 e desde as 9h, uma carreata acontece em Boa Vista, Roraima.

No Sudeste, as manifestações começaram a partir das 10h, em Campinas, interior de São Paulo. Florianópolis, em Santa Catarina, iniciou as manifestações no Sul do país, às 8h.

No Rio, os organizadores do ato estimam a presença de mais de 50 mil pessoas. Policiais militares que acompanharam a manifestação calcularam um público de 10 mil manifestantes. Entre eles, havia estudantes, sindicatos, pessoas ligadas a movimentos sociais, representantes de partidos de esquerda e até grupos evangélicos, parte da base eleitoral de Bolsonaro.

O pastor Henrique Vieira, que participou da manifestação, diz que há muita resistência entre os evangélicos ao presidente. "Muitas igrejas defendem a democracia, a justiça social e a diversidade. Bolsonaro representa uma política de ódio. Jesus Cristo era amor. Ele é contra o que Jesus ensina", argumenta.

Existem divergências ao bolsonarismo em todos os setores da sociedade. O ato corresponde à maioria da sociedade, pois pioraram as condições de vida da população. E não há políticas públicas para reduzir as desigualdadesEstebanCrescente, um dos organizadores do ato

"O que vai derrubar o Bolsonaro é povo na rua. E é mais seguro do que andar em ônibus lotado, porque o ato é ao ar livre", completa.

Em dois carros, líderes do movimento puxavam gritos de "fora, Bolsonaro".

No local, havia faixas e camisas de apoio à candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para as eleições presidenciais de 2022. Também havia homenagens à vereadora Marielle Franco (PSOL), assassinada em 14 de março de 2018 em um ataque a tiros no centro do Rio.

Chico Alencar (PSOL), vereador do Rio e ex-deputado federal, participou do ato, vestindo uma camiseta onde se lê "geração 68, sempre na luta", em alusão à militância durante a ditadura militar.

"Eu sou da cidade do Rio e participo da defesa pela democracia desde 1968 [disse apontando para a camiseta]. Os sonhos não envelhecem. E é muito bonito ver essa avenida lotada, sobretudo com jovens. É sinal de que a democracia está vingando", disse.

Chamou a atenção a presença de Edmar Xavier, reserva da brigada paraquedista do Exército, que admitiu ter votado em Bolsonaro nas eleições de 2018. Mas hoje faz oposição ao governo. Ele exibia uma placa com a mensagem "Brasil acima de tudo", usada por Bolsonaro na campanha das eleições de 2018. Mas em tom crítico, com pedido de impeachment do presidente.

"Todos os segmentos da sociedade precisam participar dessa caminhada. Quem está satisfeito com esse governo?", questionou.

Homenagem a Kathlen Romeu

Os manifestantes exibiram fotos de pessoas mortas em ações policiais, pedindo justiça. Entre elas, Kathlen Romeu, mulher negra de 24 anos e grávida de três meses assassinada no dia 8 deste mês em uma ação policial no Complexo do Lins, zona norte do Rio.

"Estamos aqui não só pela Kathlen. Ela é um símbolo de uma luta contra um sistema racista e genocida, que nos mata sem medo e com certeza de impunidade. Fora, Bolsonaro e justiça pela Kathlen", disse o viúvo Marcelo Ramos.

Também estavam no ato o cantor e compositor Chico Buarque, a vereadora Monica Benício (PSOL), viúva de Marielle, a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB), o vereador Lindbergh Farias (PT) e o deputado federal David Miranda (PSOL).

Jandira falou sobre a importância da participação no ato de pessoas que votaram no presidente, mas hoje pedem pela sua saída do governo. "Vacina, saúde, emprego e democracia são bandeiras amplas. Muitas pessoas que votaram no Bolsonaro se arrependeram", disse.

"Para derrotar Bolsonaro, a batalha vai ser decidida nas ruas", defendeu Lindbergh, em discurso em cima de um dos carros de som.

Também havia no ato representantes do movimento indígena no contexto urbano. Entre eles, a atriz Lian Gaia. "Quando se fala em movimento preto, também é importante incluir os indígenas. Somos uma minoria invisibilizada", disse.