Muito se fala sobre a intolerância nos dias de hoje, tanto na religião quanto na política e nos costumes, entretanto situações assim não são novidade e, por mais absurdas que possam ser, costumam se repetir ao longo da história da humanidade.
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Em Alagoas, um dos fatos mais marcantes de intolerância politica e religiosa ocorreu em 2 de fevereiro de 1912, quando forças policiais invadiram e destruíram, pela madrugada, vários terreiros de candomblé - o episódio ficou conhecido como "O Quebra de Xangô".
A manifestação se espalhou rapidamente por várias cidades do interior de Alagoas, com uma motivação banal possível: a associação das religiões de matriz africana com a bruxaria, a partir de um sentimento, sem fundamento, que afetou as classes dominantes.
O movimento contra os terreiros teria sido coordenado por Fernandes Lima, político alagoano fundador da organização Liga dos Republicanos Combatentes, que viria a ser até vice-governador do Estado, e era oposição, nessa época, ao governador Euclides Malta.
Ultimamente o Governo de Alagoas tem procurado reverter a discriminação contra religiões de matiz africana, tanto que em 2012 fez um pedido oficial de perdão pelo Quebra de Xangô e, a partir daí, busca fortalecer ações de combate à intolerância religiosa.
Neste domingo (2), quando o fatídico episódio foi relembrado, o governador Paulo Dantas (MDB) registrou sua posição a respeito:
"Não há espaço para intolerância e discriminação. Vivemos um momento em que devemos respeitar uns aos outros. Existem leis, políticas públicas, projetos de conscientização e punição para aqueles que praticam intolerância religiosa. Construímos a Delegacia Tia Marcelina, referência no acolhimento e investigação desses casos. O Governo de Alagoas investe em ações para combater toda forma de intolerância religiosa, com atenção especial às religiões de matrizes africanas, historicamente alvo de perseguições”.
O produtor cultural Keyler Simões faz um alerta:
"Não há maneira fácil de fazer algo. Ninguém vai relembrar o Quebra de Xangôs, se o próprio povo atingido diretamente por aquela violência não o fizer, pois se não o fizerem pelos que hoje estão em atividade, façamos em respeito aos que sofreram na pele por este crime."
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