Política

Aliada de Bolsonaro, Janaina Paschoal pede afastamento de ministro do Turismo

Folhapress | 19/02/19 - 15h57
Janaina Paschoal | Agência Brasil

Deputada estadual eleita em São Paulo com o apoio de Jair Bolsonaro, a advogada Janaina Paschoal (PSL) defendeu nesta terça-feira (19) o afastamento do ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, por causa da suspeita de que ele criou um esquema com candidatos laranjas para desviar recursos na eleição.
Em mensagens publicadas em seu perfil no Twitter nesta manhã, Janaina disse que retirá-lo do cargo não significaria reconhecer sua culpa, mas garantiria a ele a chance de dar, na opinião dela, explicações mais satisfatórias do que as apresentadas até agora.

Como a Folha de S.Paulo publicou nesta terça, uma ex-candidata do PSL, partido que era presidido em Minas Gerais por Álvaro Antônio durante a campanha do ano passado, disse que o agora ministro do governo Bolsonaro sabia da operação fraudulenta.

A pressão pela saída do titular do Turismo cresceu depois da exoneração do ministro Gustavo Bebianno (Secretaria-Geral da Presidência), que também foi envolvido no esquema de laranjas. Bebianno presidiu o PSL durante a eleição e, como também mostrou a Folha de S.Paulo, era o responsável pelo repasse de verbas públicas para os postulantes da legenda.
"Diante dos relatos que não param de surgir, assombrando a eleição do ministro [Álvaro Antônio], penso que seria prudente afastá-lo, para que ele tenha melhores condições de comprovar sua inocência", afirmou Janaina Paschoal.

"Esse afastamento não implica reconhecer culpa. Significa apenas preservar a coisa pública", acrescentou.
Na série de mensagens, ela disse ainda que "a manutenção do ministro do Turismo está fazendo o governo pagar um preço muito elevado e, salvo melhor juízo, tal preço não se justifica. Os relatos contra o ministro são consistentes e, até o momento, as explicações não foram satisfatórias".
Álvaro Antônio reagiu inicialmente às revelações dizendo tratar-se de uma "denúncia vazia". "A Folha de S.Paulo tenta desestabilizar o nosso governo com ilações falsas", disse no dia da publicação da primeira reportagem, no início deste mês.

Em um discurso no qual cobrou coerência do partido, a futura parlamentar paulista afirmou que o governo "precisa de força e credibilidade" para fazer as reformas necessárias. "E também para enfrentar a enorme resistência que todos sabem existir, sobretudo entre formadores de opinião", disse. 
A deputada eleita, que toma posse na Assembleia de São Paulo no próximo dia 15 e disputará a presidência da Casa, já havia dito que Bolsonaro deveria adotar critérios claros para a demissão de auxiliares envolvidos em denúncias e escândalos.

No sábado (16), quando a exoneração de Bebianno já era iminente após uma semana de desgastes, Janaina escreveu, também no Twitter, que "um líder precisa adotar critérios minimamente claros".
"Se é verdade que Bebbiano está saindo por um eventual envolvimento com as supostas laranjas, outro membro da equipe citado em situação ainda mais problemática deve ser afastado também", escreveu a advogada.

Nas duas ocasiões, a deputada do PSL falou que não estava acusando os colegas de partido, mas reiterou que o governo deveria evitar o custo alto de crises que paralisem seu andamento e prejudiquem sua credibilidade.

"Eu não conheço o ministro do Turismo. Quem o conhece diz se tratar de uma boa pessoa. Eu acredito que seja. Desse modo, quero deixar muito claro que não estou fazendo nenhum juízo de valor sobre eventual culpa de quem quer que seja", afirmou ela.
"Afasta, sem fazer juízo de valor, e permite ao país virar esta página."

Uma das autoras do pedido de impeachment da então presidente Dilma Rousseff (PT), a advogada e professora do curso de direito da USP se elegeu endossando o discurso de combate à corrupção empunhado por Bolsonaro e seus aliados.
Com 2 milhões de votos, ela detém um recorde: é a dona da maior votação da história entre candidatos a deputado no Brasil, seja estadual ou federal.