Brasil

Após post nas redes sociais, 24 mulheres denunciam ginecologista por assédio

TNH1 | 16/05/19 - 09h32
Primeiro relato feito no dia 10 de maio | Reprodução / Instagram

Um perfil anônimo criado nas redes sociais no dia 10 de maio iniciou uma onda de denúncias de assédio sexual contra pacientes do médico Orcione Júnior, ginecologista e obstetra, praticado durante as consultas, em Vitória da Conquista, na Bahia.

O perfil ‘Diganaovca’, no Instagram, relatou atitudes abusivas do profissional durante o atendimento e, no mesmo dia, recebeu mensagens de outras mulheres que também se sentiram assediadas pelo médico e não tinham tido coragem de denunciar o caso.

No total, 24 mulheres relataram até o momento ter sido vítimas de abuso sexual por parte dele, e levaram o caso à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e à Polícia Civil, que instaurou inquérito para apurar a situação. Os crimes teriam ocorrido no consultório do médico, entre 2018 e 2019. A defesa disse que ele nega as acusações.

“Pelo que a gente leu, sobretudo nas redes sociais e com as falas de algumas mulheres lá na OAB, a gente pode vislumbrar, sem dar tanta certeza, porque ainda tem uma investigação em curso, o crime de importunação sexual mediante fraude", avalia a presidente da Comissão Mulher Advogada da OAB, Luciana Santos Silva, em entrevista à afiliada da Globo no estado.

A delegada Decimária Gonçalves, da Delegacia Especial de Atendimento à Mulher de Vitória da Conquista, informou que foi aberta uma investigação na segunda-feira e, a partir dessa quarta as primeiras vítimas começaram a comparecer à delegacia para prestar depoimento. O Ministério Público da Bahia acompanha o caso.

O que diz a defesa do médico

O advogado de defesa do médico Orcione Júnior, Paulo de Tarso, informou ao G1, na quarta-feira, por telefone, que o profissional nega todas as acusações. O advogado disse, ainda, que o cliente vai conceder uma entrevista coletiva à imprensa, na sexta-feira (17), para dar sua versão sobre o caso.

Relato recebeu milhares de comentários e curtidas

O primeiro relato postado nas redes sociais foi feito pelo próprio perfil ‘Diganaovca’. Mais de duas mil mulheres comentaram com mensagens de apoio e indignação ou marcando amigas. Leia um trecho da denúncia:

Bom, há dias estou pensando por onde começar, porque eu não queria ficar calada, pois sei que se aconteceu comigo, pode acontecer com outras garotas. Então resolvi começar do começo mesmo e relatar o que aconteceu durante o meu atendimento com @drorcionejunior.

Há algumas semanas estive em seu consultório para realizar um preventivo e eu de fato estava muito nervosa por ser a primeira vez que passaria em um homem. -
No início, a consulta estava seguindo com normalidade, até eu achar estranho/desnecessário ele elogiar o meu clitóris “seu clitóris é um pouco grande mas é bonito e interessante” a partir daí não tive nem reação para respondê-lo.

A consulta continuou e ele ainda estava colhendo o meu material, até que eu senti que ele estava tentando estimular o meu clitóris, mas como ele ainda estava colhendo o material eu até achei que seria normal, foi quando ele tirou o espéculo mas ainda sim continuou na tentativa de me estimular.

Logo depois eu o perguntei se já tinha acabado e ele disse todo sem graça que sim, então ele se aproximou de mim, pediu para que eu tirasse minha blusa para examinar os meus seios e assim o fez, nesse período ele tentava guiar o meu braço para perto do pênis dele e no primeiro momento ele obteve êxito, pois eu achava que era a posição correta que o braço teria que ficar para o exame ser feito e nesse momento eu senti que o pênis dele estava ereto. Foi aí que eu tirei meu braço de perto dele e só tremia, depois me pediu pra ir vestir minha roupa e assim eu fiz.

Quando voltei ele me pediu para sentar e foi aferir minha pressão, ele segurou meu braço de uma forma que queria que a minha mão passasse novamente no pênis dele, mas eu esquivei e coloquei em cima da mesa. Logo depois disse que a minha pressão estava normal e que eu poderia voltar com 30 dias para pegar o resultado.

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