Interior

Arapiraca quer implementar protocolo de uso da cloroquina para pacientes com Covid-19

Eberth Lins com TNH1 | 27/05/20 - 08h47
Foto: Ascom Sesau

Com 279 casos confirmados de coronavírus e oito óbitos causados pela doença, segundo último relatório da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), divulgado na noite dessa terça-feira, (26), o município de Arapiraca, no Agreste de Alagoas, pretende começar a tratar pacientes com cloroquina já nos próximos dias. A decisão vai de encontro a orientações recentes da Sociedade Alagoana de Infectologia que, na última segunda-feira (25), mudou a orientação, passando a não mais recomendar o uso da substância. 

De acordo com o secretário municipal de Saúde de Arapiraca, Glifson Magalhães, o município vai implementar na próxima semana um protocolo para tratamento de pacientes de covid-19  com o medicamento cloroquina, substância que está no centro de uma discussão em relação à eficácia para o enfrentamento da doença.

“O protocolo já está pronto e foi amplamente discutido com especialistas. Aqui em Arapiraca temos exemplos práticos de pessoas que foram tratadas com a cloroquina e conseguiram se reestabelecer”, afirmou.

Segundo o secretário, o município projeta que para cada caso notificado oficialmente existam outros oito casos subnotificados. “São pessoas que estão infectadas e não sabem, não apresentam sintoma algum. Mas ainda assim seguem transmitindo esse vírus para outras pessoas”, disse.

Para Glifson Magalhães, os casos na cidade estão diretamente ligados ao trânsito de pessoas, visto que o município é um centro de comércio e serviços na região Agreste. Outra agravante, conforme o secretário, é a “baixa crença” da população com relação à doença.

“Por conta da concentração do comércio, naturalmente Arapiraca recebe um trânsito de pessoas de vários municípios da região, são pessoas que podem trazer e levar o vírus”, lamentou.

“Outro fator que chama atenção é o retorno de pessoas a Arapiraca vindas do Sudeste, fugindo do vírus. Essas pessoas estão chegando aqui em ônibus regulares e também de forma clandestina. Nós, da Prefeitura, temos tentado acompanhar por meio da Vigilância Sanitária e já houve caso em que foi preciso fazer uso da força policial para que as pessoas cumprissem a quarentena”, detalhou.

Sociedade de Infectologia não recomenda substância

A decisão do município de Arapiraca vai de encontro às mais recentes decisões da Sociedade Alagoana de Infectologia. O Blog do Ricardo Mota divulgou documento sobre a covid-19, modificando a recomendação sobre o uso da cloroquina/hdoxicloroquina.

“Considerando as últimas pesquisas científicas publicadas, passamos a NÃO RECOMENDAR o uso rotineiro de Cloroquina ou Hidroxicloroquina para tratamento da COVID-19, mesmo para pacientes com fatores de risco para complicação, assim como o fez a Sociedade Brasileira de Infectologia, uma vez que ainda não foi demonstrado o benefício de tais medicações para tratar esta doença, e ainda houve associação a um risco maior de letalidade”. (Leia matéria completa). 

Sesau

Em coletiva na tarde dessa terça-feira, 26, o secretário de Estado da Saúde, Alexandre Ayres, disse que no Estado, o uso da substância segue regras da Portaria Nº. 3.264, que disciplinou o uso da droga em pacientes com covid-19 no estado. Pela portaria,  Nesse caso, médico e paciente precisam assinar um termo, se responsabilizando pelo uso, considerando que a medicação ainda passa por estudos. 

Recife retira medicação após alerta da OMS

Também na segunda-feira (25), a Secretaria de Saúde de Recife (PE), anunciou a retirada da cloroquina e hidroxicloroquina do protocolo de tratamento da Covid-19 após um estudo feito com 96 mil pacientes, publicado na sexta-feira (22) na revista The Lancet, apontar que o uso de cloroquina ou hidroxicloroquina sozinhos ou combinados com macrolídeos - grupo de antibióticos dentre os quais se destaca a azitromicina - não tem benefícios comprovados no tratamento de pacientes infectados com o novo coronavírus.

O secretário de Saúde do Recife, Jailson Correia, disse que, mesmo antes da publicação do estudo, não havia recomendação para a utilização da droga na atenção primária do município. "A Prefeitura do Recife não só não recomendará o uso da cloroquina e hidroxicloroquina na atenção primária à saúde, que já era a nossa posição, como vai retirar a medicação do protocolo de uso hospitalar. Naturalmente, casos muito específicos e devidamente justificados pela equipe médica serão considerados, mas fora do protocolo, se for o caso. Essa posição será mantida enquanto não houver novas evidências falando o contrário", afirmou. (Leia matéria completa).