Futebol

Argel justifica escolha no ataque do CSA e cita dupla Romário e Bebeto como exemplo

Paulo Victor Malta | 13/08/19 - 17h23
Pei Fon / TNH1

A derrota por 2 a 0 para o Fortaleza e a má atuação do CSA no Rei Pelé complicaram a situação do time alagoano na Série A do Brasileirão. Após o jogo, o técnico Argel Fucks concedeu entrevista coletiva, reconheceu falhas individuais e coletivas da equipe, justificou a escolha por Ricardo Bueno e Alecsandro no ataque e utilizou como exemplo a dupla Bebeto e Romário na conquista do tetra.   

Argel comentou essa situação ao responder uma pergunta em que foi questionado se ficaria surpreso em caso de um possível desligamento do comando técnico do CSA. 

"Olha, a primeira coisa que acontece com o treinador é que uma hora ele vai sair. Isso é uma coisa certa, é óbvio. É uma coisa que não me incomoda. Não sou um treinador centralizador. E as pessoas que acompanham o nosso trabalho no dia a dia sabem do que estou falando. A gente está fazendo o trabalho da melhor forma possível, com a melhor seriedade, com conteúdo. Sabemos a competição que estamos jogando. Tomamos as decisões sempre juntos. Pelo contrário, o presidente nunca esteve tão perto da gente como está agora. O Fabiano (Melo), o Rafael (Tenório), o Raimundo (Tavares), a gente sempre conversa juntos. Nós não perdemos o jogo por causa da escalação, isso é uma grande besteira se alguém pensar isso. Se achar que não podem jogar juntos Ricardo Bueno e Alecsandro. O Romário e o Bebeto jogaram juntos e foram campeões do mundo em 94, nos Estados Unidos". 

"A gente trabalha, está fazendo o nosso trabalho, usando nosso conteúdo. Hoje (segunda) de manhã, por exemplo, não fiquei dormindo no hotel, estava lá no CT às 9h da manhã dando treinamento para os jogadores que não foram convocados para essa partida, porque a gente trata todo mundo igual. Estamos dando oportunidade aos jogadores. Como o Maranhão teve oportunidade, jogou duas partidas completas. Teve a oportunidade de agredir, de buscar essa oportunidade. Não rendeu o que a gente esperava, por isso que a gente colocou o Ricardo, para dar oportunidade ao Ricardo. É muito fácil falar que é problema de escalação a partir do momento em que toma gol com 4 minutos, aí qualquer estratégia, qualquer escalação vai por água abaixo". 


Foto: Pei Fon / TNH1

"E sobre o meu cargo, acredito que nunca estou pressionado, estou sempre respaldado. Essa é a palavra. Até porque a diretoria acompanha o nosso dia, o nosso trabalho, sabe do nosso trabalho. Às vezes o resultado não é bom, mas o trabalho existe e o futebol tem que ver dessa forma. Somos o segundo treinador na temporada. São coisas que acontecem. E não adianta você estar trocando de treinador, isso é minha opinião. Não adianta trocar de treinador a cada pouco, que você não vai conseguir dar o padrão, não vai conseguir dar confiança para a equipe, não vai conseguir ganhar jogo. Por exemplo, tem equipe na Série A que ainda não ganhou. Faz parte, o campeonato é difícil, é complicado. Ainda estamos a 4 pontos de sair da zona do rebaixamento. Hoje perdemos uma grande oportunidade de fazer uma vitória e ficar a um ponto da zona e jogar contra um adversário que tem 12 pontos, que é o Fluminense. Agora vamos jogar lá contra o Fluminense, eles com 12, nós com 8. É uma coisa que não me preocupa (demissão) até porque o que mais estamos fazendo aqui é trabalho, dedicação e profissionalismo usando as armas que a gente tem. Montando a equipe jogo após jogo. Trocando o pneu com o carro andando, essa é a grande verdade. Só para você ter ideia, hoje tivemos jogadores estreando. Ainda não estavam na situação ideal, tanto Bustamante como Euller, mas tiveram que entrar porque a gente precisava naquele momento, agredir um pouco mais o adversário", concluiu Argel.

O CSA segue com apenas 8 pontos e permanece na 19ª colocação da tabela. O próximo jogo é contra o Fluminense no domingo (18), às 16h, no Maracanã, no Rio de Janeiro, pela 15ª rodada. 

Veja outros trechos da entrevista.   

Está difícil sair dessa situação?

"Se estivesse fácil eu não estaria aqui. A gente já veio porque estava difícil. No futebol é dessa forma. Jogo complicado, jogo difícil. Tivemos 5 chutes a gol, não fizemos nenhum. Tivemos uma bola no travessão com o Alecsandro. O adversário chutou 3 bolas no gol, acabou fazendo 2 gols. Tivemos 52% de posse de bola, o adversário 48%. Qualquer estratégia de jogo foi por água abaixo a partir do momento que toma um gol com 4 minutos de jogo. A gente trabalha muita bola aérea. Avisamos, treinamos ontem (domingo). A gente não fecha o treino, deixa o treino aberto a´te para vocês (imprensa) verem o que a gente está trabalhando. Acontece. O Fortaleza tinha tomado um gol com 3 minutos no clássico contra o Ceará. A banca paga e a banca recebe. Hoje ele fez um gol com 4 minutos. E aí qual estratégia você tem? Acaba indo por água abaixo". 

"Mesmo assim nossa equipe não se abateu, botou a bola no chão, conseguiu jogar, buscou algumas triangulações, alguma tabela, alguma finalização. Novamente tivemos um erro, falha coletiva, falha individual. Acabamos tomando o segundo gol. Claro que fica difícil. A partir do momento que você perde o primeiro tempo por 2 a 0, jogando dentro de casa, contra um adversário direto. Um adversário que se posicionou atrás para jogar no contra-ataque com jogadores rápidos pelos lados, se aproveitou disso e se aproveitou das nossas falhas. Não é mérito do adversário. Nós falhamos no primeiro gol, falhamos no segundo gol também. Falha nossa, coletiva e individual". 

"No segundo tempo tivemos um pouquinho de poder ofensivo com a entrada dos dois jogadores, melhoramos um pouco. Criamos uma oportunidade com o Alecsandro, o goleiro conseguiu fazer bela defesa. Ainda estamos um pouco sem sorte também. Ele acaba espalmando a bola e ela vai no travessão e acaba não entrando. Mas faz parte, futebol é assim. Série A você erra e paga caro. Não adianta ter posse de bola, não adianta chutar cinco vezes no gol, como chutamos. O adversário foi cirúrgico, chutou 3 bolas no gol e fez 2 gols. Futebol é bola na rede. E a gente sabe que é assim, quando a gente erra na Série A, ninguém perdoa". 

Quando é que o CSA vai se encontrar?

"Quando nós ganharmos. A partir do momento que ganhar uma partida, a gente vai buscar essa confiança. Série A é muito dura. Existem outros clubes que também estão numa situação muito difícil. Nós poderíamos hoje com uma vitória entrar no bolo de novo, ficar a um ponto de sair da zona do rebaixamento. Nesse momento estamos a quatro pontos. Uma vitória e um empate. Campeonato é longo, é com os jogadores que a gente tem. Fizemos duas partidas muito boas contra Grêmio e Vasco, mudamos apenas um jogador praticamente nesse jogo. Tiramos o Maranhão e colocamos o Ricardo Bueno para fazer essa função. O Ricardo Bueno acabou passando mal na partida, sentindo mal estar principalmente no final do primeiro tempo. Faz parte, a gente tem que contar com isso". 

"A gente vai se acertar no momento que ganhar. O Campeonato Brasileiro é difícil, não existe facilidade. Todo jogo é clássico, o adversário que veio jogar com a gente vinha de três derrotas seguidas, acabou hoje buscando uma recuperação. E nós precisamos, a qualquer momento, a qualquer custo, buscar uma recuperação. A partir do momento em que a gente ganhar uma partida, consequentemente a confiança vai estar maior, a segurança também. Novamente hoje perdemos o jogo por falhas nossas. Falha coletiva. Falha nunca é de jogador, até porque a gente não expõe jogadores aqui. Quando a gente perde um jogo, perde todo mundo. Quando ganha, ganha todo mundo. Quando empata, empata todo mundo. É dentro dessa forma que a gente trabalha". 

Faltou comunicação?

"Nós tomamos o primeiro gol muito em cima disso. Todos os treinadores alertam isso. Temos um grupo de jogadores experientes que sabe que os primeiros 10 minutos são fundamentais estar concentrado na partida, estar ligado na partida. Você falar, você posicionar bola parada. É muito mais conversa, informação, cobrança, posicionamento. E a gente treinou isso ontem. Não é por falta de treinamento. A gente tem feito muito isso. Principalmente a bola parada, que tem definido os jogos. Na Copa do Mundo a gente viu que quase 80% dos gols foram de bola parada, de escanteio, de falta. A gente está treinando, fazendo isso, usando todas as armas que a gente tem. Agora precisa entrar em campo e fazer". 

"Precisamos nos comunicar mais, falar mais. É um time que está se conhecendo aos poucos, tem jogador estreando, tem jogador chegando, tem jogador que está fazendo apenas a terceira partida, que são os casos do João Vitor e Alan Costa. É apenas a primeira partida e os primeiros minutos do Bustamante. E é muito difícil tanto para ele quanto para o Euller entrar na partida da maneira que estava, perdendo por 2 a 0 dentro de casa, com o adversário bem postado lá atrás, como estava a equipe do Fortaleza. O Fortaleza se aproveitou das nossas falhas coletivas e individuais e acabou fazendo seus gols. Ganhou porque teve a capacidade de fazer 2 gols e a gente não teve capacidade de fazer nenhum gol. O Jordi praticamente não trabalhou. Não me lembro dele ter feito defesas, foi uma ou duas. O jogo em termos de chances de gol foi muito pouco".