Futebol Nacional

Banido pela Fifa, Del Nero repassa bens ao filho e a ex-mulher

Diego Garcia / Folhapress | 19/03/19 - 17h20
Marco Polo Del Nero | Lucas Figueiredo/CBF

Desde que deixou a presidência da CBF, em abril de 2018, após ser banido do futebol pela Fifa por acusações de suborno e corrupção, Marco Polo Del Nero, 77, vem se desfazendo aos poucos de seu patrimônio. O cartola repassou sua firma de advocacia em São Paulo para o nome de seu filho, Marco Polo Del Nero Filho, e doou para uma ex-mulher, Márcia Baldrati, um imóvel comprado em 2012 por R$ 1,6 milhão, localizado em Higienópolis, bairro nobre de São Paulo. O valor de mercado atual do apartamento supera os R$ 5 milhões, segundo pesquisas em sites especializados.

A doação aconteceu em agosto do ano passado e foi registrada em um cartório da capital paulista. O imóvel havia sido adquirido em junho de 2012 e era um dos bens mais valiosos do patrimônio de Del Nero, que aumentou 175% após sua entrada na CBF, em março de 2012, quando se tornou vice-presidente da entidade.

O valor declarado do imóvel, quando da aquisição de Del Nero, foi registrado em cartório como de R$ 1,6 milhão, mas o preço de mercado na época era de aproximadamente de R$ 3 milhões. O apartamento que agora pertence à ex-mulher de Del Nero mede 602 metros quadrados, incluindo as quatro vagas de garagem.

Com a doação, o patrimônio imobiliário em nome do ex-presidente da confederação sofreu redução de 25%, caindo de R$ 6,6 milhões para R$ 5 milhões. No valor, também estão pequenas propriedades antigas que o ex-dirigente possui divididas com alguns de seus parentes. Márcia Baldrati foi citada pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), órgão vinculado ao Ministério da Fazenda, em 2015, como uma das ex-mulheres e ex-namoradas de Del Nero que recebeu doações em dinheiro vivo.

Na ocasião, ela levou R$ 85 mil, enquanto outras duas receberam mais R$ 1,2 milhão. De 2003 até abril de 2015, Del Nero foi presidente da Federação Paulista de Futebol, com um salário de cerca de R$ 50 mil. No comando da CBF, passou a ganhar R$ 200 mil.

Desde 2015, quando assumiu a CBF, o dirigente adquiriu dois novos imóveis, ambos no Rio de Janeiro, que custaram, somados, R$ 6,8 milhões. O primeiro é uma cobertura dúplex e foi parcialmente usado na compra do segundo imóvel, outra cobertura dúplex no mesmo condomínio, com quatro vagas e 362 metros quadrados.

Os dois imóveis foram registrados em sociedade entre Del Nero e um de seus filhos, Marco Polo Del Nero Filho, que ficou com 30% dos empreendimentos. O mais caro dos apartamentos teve compra acertada em fevereiro de 2015 por R$ 5,2 milhões. A cobertura fica na Barra da Tijuca, um dos endereços mais cobiçados do Rio, na orla da praia, com forte segurança e parque aquático.

Marco Polo Del Nero Filho também comprou em 2015 um apartamento no mesmo prédio do imóvel doado pelo pai a Márcia Baldrati, sua mãe. Assim, a família Del Nero possui apartamentos no local que superam R$ 10 milhões em valor de mercado. Del Nero Filho virou o novo dono da firma de advocacia que seu pai tinha na rua Padre João Manuel, no bairro de Cerqueira César, em São Paulo. Os imóveis no local são divididos entre o ex-presidente da CBF, a esposa e três filhos.

Em abril de 2018, a Câmara de Arbitragem do Comitê de Ética da Fifa considerou Del Nero culpado por suborno e corrupção, oferecer e aceitar presentes e outros benefícios e conflito de interesse. Além da punição, o cartola teve que pagar uma multa de 1 milhão de francos suíços (cerca de R$ 3,5 milhões).

Desde dezembro de 2017, Del Nero estava afastado do cargo em decorrência das acusações de corrupção feitas na Justiça dos Estados Unidos. O cartola foi indiciado por supostamente ter participado de um esquema de recebimento de propina com outros cartolas da América do Sul na venda de direitos de torneios no país e no continente.

Desde então, a CBF é comandada pelo paraense Antônio Carlos Nunes, o coronel Nunes. A partir de maio, quem assume é Rogério Caboclo. Marco Polo Del Nero e seu filho foram procurados, mas não responderam às tentativas de contato da reportagem.