Curiosidades

Cerveja dá barriga? Conheça os mitos e as verdades sobre a bebida

Folhapress | 05/08/22 - 15h04
Foto: Reprodução/Pexels

O Dia Internacional da Cerveja é celebrado, anualmente, em toda primeira sexta-feira do mês de agosto. Presença garantida no churrasco, happy hour com amigos, casamento, festa de aniversário, a bebida é uma paixão nacional.

Mas apesar de popular, muito se fala sobre a cerveja e nem tudo é verdade. Será mesmo que cerveja engorda e dá barriga? Deve-se consumir a cerveja estupidamente gelada?

O Receitas conversou com o nutricionista João Muzzy, com a sommelière cervejeira Ludmyla Almeida e também com Henrique Boaventura, cervejeiro caseiro e juiz nacional de concursos cervejeiros (profissionais e caseiros). Os três especialistas esclarecem de uma vez por todas alguns mitos e verdades que envolvem a bebida. Confira!

  • 1) Cerveja tem baixa caloria.

 Segundo o nutricionista João Muzzy, a cerveja tem a densidade calórica alta, porém, é o item com menor quantidade de calorias por porção entre as bebidas alcoólicas. Basicamente, quanto maior o teor alcoólico da bebida, mais calorias ela possui por dose. Logo, a cerveja é a que possui menor teor alcoólico.

Uma cerveja long neck possui 150 calorias. Como parâmetro, isto equivale a 120 gramas de arroz cozido, ou 300 gramas de batata inglesa cozida, ou seja, uma quantidade bem grande de comida.

Por outro lado, se a pessoa bebe 6 long necks no fim de semana, podemos dizer que as calorias que ela ingeriu com a bebida se equiparam ao consumo de 13 fatias de pão integral.

  • 2) Um copo de cerveja tem menos calorias que outras bebidas alcoólicas.

Verdade. A cerveja é a bebida alcoólica com a menor quantidade de calorias por copo. A cerveja zero álcool é ainda menos calórica, contendo cerca de metade das calorias da cerveja com álcool.

  • 3) Cerveja low carb, orgânica e sem glúten são uma opção mais leve.

O fato de algumas opções serem orgânicas, sem glúten e low carb não vai alterar de maneira significativa o contexto calórico da bebida. Logo, o impacto estético será o mesmo. Pessoas com doença celíaca podem se beneficiar de algumas opções de cerveja sem glúten.

  • 4) Cerveja engorda. 

Qualquer alimento ou produto que contenha calorias, quando consumido em excesso, tem total potencial para ser convertido em gordura corporal. Seja esse alimento ou produto saudável ou não. Cerveja, se consumida em excesso, fará engordar.

Porém, o álcool pode ser ainda mais problemático, pois, além de ser muito calórico por grama (são 7 calorias em cada grama de álcool, enquanto o carboidrato possui 4 calorias por grama), aumenta a atividade das enzimas que participam da fabricação de gordura e inibe a síntese proteica muscular quando existe a intoxicação alcoólica (4 long necks ou mais).

  • 5) Cerveja dá barriga.

O principal local de estoque de gordura dos seres humanos é a região abdominal. Logo, qualquer pessoa que esteja bebendo em excesso rotineiramente acabará sofrendo com o aumento da circunferência da cintura e abdômen.

  • 6) Cerveja faz mal ou bem à saúde.

A Organização Mundial de Saúde e outras diretrizes de alimentação e saúde de renome alertam que o álcool em dose nenhuma é benéfica ao metabolismo humano. Até aquela pequena taça de vinho, que era comumente recomendada pelos médicos mais antigos, já não entra mais como recomendação para prevenção de doenças cardiovasculares.

Em relação à saúde, a recomendação é tornar o álcool o mais esporádico possível na rotina. A recomendação para pacientes e alunos é deixar apenas para ocasiões muito especiais, como casamentos e aniversários. Para as pessoas que fazem questão de beber todo final de semana, a sugestão é evitar passar de 3 a 4 long necks.

  • 7) Cerveja faz mal ao coração.

Isso vai depender da quantidade ingerida e da frequência. Quanto maior a ingestão de álcool, maiores são os efeitos prejudicais na estrutura e na função cardíaca. O excesso de álcool pode levar ao aumento da pressão arterial, que afeta diretamente o músculo do coração, causando importantes alterações no metabolismo celular do órgão.

  • 8) Cerveja causa mais ressaca que outras bebidas.

Tudo depende da quantidade de cada bebida consumida, bem como de como foi a alimentação e hidratação durante aquele dia de exagero. A cerveja tende a gerar uma ressaca mais branda devido ao menor teor alcoólico e maior teor de água.

Em dias de exageros, nunca deixe de fazer boas refeições contendo carboidratos em todas elas. Isso porque ele é o principal componente que pode evitar o coma alcoólico. E beba pelo menos 1 copo de água pura por hora.

  • 9) Cerveja preta ajuda na produção de leite materno.

Mito. O consumo de cerveja preta não ajuda na produção de leite materno. Como qualquer outra bebida alcoólica, deve ser vetada das lactantes. Pois tudo que a mãe consome tem impacto direto na qualidade do leite e na saúde do bebê, consequentemente.

  • 10) Toda cerveja precisa estar estupidamente gelada.

Mito, de acordo com Ludmyla Almeida e Henrique Boaventura, ambos dos podcasts Surra de Lúpulo e Brassagem Forte, que contam com episódios sobre mitos e verdades cervejeiros disponíveis nas plataformas digitais.

Ainda conforme a dupla, diferentes estilos de cervejas pedem temperaturas variadas no consumo, isso porque cada estilo vai revelar melhor seus aromas e sabores, dependendo da temperatura de degustação. A seguir, confira os estilos de cervejas com as suas temperaturas "ideais" de degustação.

  • De 2 a 4 graus Célsius para lagers leves e cervejas refrescantes como witbiers;
  • De 4 a 6 graus Célsius para weizens e cervejas belgas ácidas;
  • De 7 a 10 graus Célsius para cervejas mais intensas e complexas, como IPAs, Trapistas, Weizenbocks
  • De 10 a 13 graus Célsius para cervejas mais alcoólicas, como Barley e Wheatwines, doppelbocks e eisbocks, Imperial e Pastry stouts.
  • 11) O colarinho mantém a cerveja mais saborosa.

Se você é do time que odeia espuma, vale a pena dar uma chance para este fator que é muito importante para degustação da sua cerveja. A importância da espuma varia conforme o estilo de cerveja e de país para país. No entanto, é consenso que ela está relacionada a uma cerveja de boa qualidade, e a gente sabe que qualidade é fundamental para uma boa degustação.

A espuma cria um bloqueio entre o líquido e o ar, contribuindo para que a temperatura permaneça estável e mantendo os conjuntos de aroma e sabor, fazendo com que durem mais. Outro trabalho importante é a capacidade de impedir que a cerveja tenha contato com o oxigênio, evitando que a bebida passe pelo processo de oxidação, causando mudanças de sabor.

  • 12) Chopp e cerveja são a mesma coisa.

A diferença entre cerveja e chopp é que uma é sem pasteurização e a outra é pasteurizada. E, perante a lei, todo chopp é uma cerveja, mas nem toda cerveja é chopp.

Segundo a instrução normativa número 65, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, a expressão "chopp" ou "chope" é permitida apenas para a cerveja que não seja submetida ao processo de pasteurização, tampouco a outros tratamentos térmicos similares ou equivalentes.

Outra dúvida comum é referente ao fato de que muitas cervejas artesanais não sofrem processo de pasteurização. Por lei, essa cerveja pode ser vendida como chopp, como muitas marcas fazem nas gôndolas de supermercado, mas é uma decisão da cervejaria.

  • 13) Chopp de vinho não é chopp, nem vinho.

A rigor, o correto não é nem chamar de chopp e nem de cerveja. O correto seria chamá-lo de bebida alcoólica mista, já que na maioria dos casos, é uma mistura de vinho, cerveja e açúcar. Não existe uma legislação definindo a composição dessa bebida mista. Alguns fabricantes fazem misturando proporções iguais de vinho e cerveja, outros adicionam açúcar e ainda tem alguns que fazem uma versão diluída em água do vinho, carbonatado e servido sob pressão.

  • 14) Cerveja de garrafa e de lata têm sabor diferentes.

Existe um esforço enorme por parte das fabricantes de cerveja que distribuem a bebida em mais de um tipo de recipiente para entregar sempre o mesmo sabor, independente de ser lata, long neck ou garrafas maiores. A questão é que existem alguns fatores envolvendo tanto o material do recipiente quanto o formato, que impactam, sim, no sabor.

A luz é um dos é um vilões da cerveja porque tem o poder de oxidar compostos no líquido, alterando o sabor final. Por essa razão, as cervejas são vendidas em garrafa, na sua grande maioria, são de cor âmbar porque diminuem a incidência de luz que chega ao líquido.

Cervejas vendidas em garrafas verdes ou transparentes precisam de um tratamento especial para resistirem mais ao efeito da luz e manter por mais tempo o sabor desejado.

As latas não sofrem do problema de incidência de luz, justamente pela camada protetora que o alumínio traz. Entretanto, entra outro inimigo da cerveja: o oxigênio. Durante o processo de envase, as latas têm uma abertura consideravelmente maior para injetar a cerveja no recipiente. Por essa razão, acabam sendo mais expostas ao oxigênio e também sofrendo oxidação.

  • 15) Quanto mais escura a cerveja, mais alcoólica ela é.

Mito. A verdade é que cervejas escuras, pretas, levam cargas de maltes torrados elevados e esses maltes impactam no sabor da cerveja.

Ao longo dos anos foi sendo criado o mito de que a cor da cerveja está diretamente relacionada a sua intensidade. Na cabeça da maioria dos consumidores, cervejas escuras são ricas, pesadas e cheias de calorias, enquanto que as de cor clara são leves, tanto em corpo, teor alcoólico e calorias.

Mas a verdade é que existem cervejas escuras com sabores menos intensos, como Irish Stouts e Schwarzbiers, e também há cervejas superintensas, como Imperial Stouts. Mas só a cor não fala sobre teor alcoólico, visto que temos Irish stouts na casa dos 3% e Imperial stouts, igualmente escuras, na casa dos 11%.