Uma equipe de cientistas a bordo do navio Esperanza, da organização não governamental Greenpeace, documentou a existência de um banco de rodolitos – parte dos chamados Corais da Amazônia – na área onde a empresa francesa Total planeja explorar petróleo, a 120 km da costa norte do Brasil. Na avaliação do Greenpeace, a descoberta prova a existência de uma formação recifal na área e invalida o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) da Total, que afirma que a formação mais próxima estaria a oito quilômetros de distância de um dos blocos de exploração. window._r4Ads.call('div-gpt-ad-1618237256620-1'); window._r4Ads.call('div-gpt-ad-1618237256607-13');O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), órgão responsável por conceder a licença para a exploração, disse que o estudo apresentado pela empresa está em análise pela sua equipe técnica da Diretoria de Licenciamento Ambiental e que o instituto “teve conhecimento pela imprensa das informações divulgadas pelo Greenpeace, mas até o momento não recebeu os dados oficialmente”. A empresa Total informou que não comentará o assunto. O Greenpeace protocolou ontem (17) na Procuradoria-Geral da República (PGR) a documentação comprovando a existência do banco de rodolitos – algas calcárias que formam o habitat para peixes e outras espécies do recife. A PGR deve encaminhar as informações a todos os órgãos envolvidos no processo de licenciamento ambiental da Total. window._r4Ads.call('div-gpt-ad-1618237256620-2'); window._r4Ads.call('div-gpt-ad-1618237256607-4'); “Agora que sabemos que os Corais da Amazônia se sobrepõem ao perímetro dos blocos da Total, não há outra opção para o governo brasileiro que não negar a licença da empresa para explorar petróleo na região”, disse Thiago Almeida, especialista em Energia do Greenpeace, que integra a expedição em curso, que deve ser finalizada em 22 de maio. O navio percorrerá o setor norte dos corais, localizado na costa do Amapá e da Guiana Francesa. Durante a primeira expedição de cientistas à região no ano passado, antes da descoberta dos rodolitos especificamente no bloco da Total, Thiago Almeida já alertava para o perigo da perfuração e exploração na região pelo risco de derramamento de petróleo, o que comprometeria os Corais da Amazônia, que configuram um novo bioma, único no mundo devido as características em que se desenvolveu – em água turva e barrenta. window._r4Ads.call('div-gpt-ad-1618237256620-3'); window._r4Ads.call('div-gpt-ad-1618237256607-6'); “Descobrir que os Corais da Amazônia se estendem além das nossas estimativas anteriores foi um dos momentos mais emocionantes da minha pesquisa sobre esse ecossistema. Quanto mais pesquisamos sobre o recife, mais informações valiosas encontramos. Mas ainda sabemos muito pouco sobre esse novo ecossistema fascinante e o que sabemos até agora indica que qualquer atividade de perfuração de petróleo pode prejudicar seriamente esse bioma único”, disse Fabiano Thompson, oceanógrafo e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Baseado em imagens do recife feitas em janeiro de 2017 durante a primeira expedição, o estudo estima que a extensão dos Corais da Amazônia seja de 56.000 quilômetros quadrados (km2). A pesquisa também indicou que, devido à sua extensão, o recife pode ser um corredor de biodiversidade marinha ligando o oceano Atlântico Sul ao Caribe, com uma sobreposição da fauna de ambos os lugares.