Polícia

Cláudia Abreu fala sobre João de Deus: ‘Poderíamos ter sido vítimas’

Atriz da Globo afirma que chegou a ir com a filha, quando esta tinha 13 anos, a Abadiânia a convite do médium para ajudar em cirurgias espirituais

VEJA.com | 26/12/18 - 16h55
A atriz Cláudia Abreu e o médium João de Deus | Reprodução

Cláudia Abreu usou seu perfil no Instagram nesta quarta-feira para falar sobre as acusações de abuso sexual que pesam sobre João Teixeira de Faria, médium conhecido como João de Deus. “Demorei um tempo pra digerir a decepção que tive com João de Deus”, escreveu a atriz da Globo. “Nunca fui totalmente crédula, mas como presenciei cirurgias feitas diante de todos, com cortes feitos na hora e sem dor, foi difícil não acreditar em algum poder mediúnico.”

Cláudia contou que foi convidada duas vezes a segurar os instrumentos das cirurgias espirituais. Isso a deixou desconfortável, tanto porque se sentia “vulnerável” quando porque a ajuda prestada poderia parecer uma legitimação, de sua parte, do trabalho do médium.

“Levei minha filha, então com treze anos, e não me canso de pensar que poderíamos ter sido vítimas também, caso eu não fosse conhecida”, continuou. “Isso me estarreceu. Porque isso toca num lugar muito mais profundo, que é a descrença no ser humano, na bondade, na caridade.”

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Nem sei por onde começar. Sempre fui arredia às redes sociais, não tenho o hábito de postar muito sobre a minha vida cotidiana, nem de me posicionar sobre tudo a todo momento. Mas não posso deixar de falar sobre assédio. Demorei um tempo pra digerir a decepção que tive com João de Deus. Fui à Abadiânia duas vezes, fui bem recebida por ele, por sua família e sua equipe. Nunca fui totalmente crédula, mas como presenciei cirurgias feitas diante de todos, com cortes feitos na hora e sem dor, foi difícil não acreditar em algum poder mediúnico. Mesmo assim, é preciso estar sempre alerta aos sinais da sua intuição. Pessoa famosas eram sempre chamadas pra segurar os instrumentos das cirurgias diante de uma multidão. Fui convidada duas vezes e fui contrariada, pois era delicado dizer não. Lá ficávamos todos vulneráveis. Ao mesmo tempo, isso me obrigava a legitimar alguém que eu mal conhecia. Refletindo sobre esse meu desconforto, pensei nas inúmeras mulheres fragilizadas que foram convidadas a ir pra uma sala fechada e também foram obrigadas a fazer algo que não queriam. Levei minha filha, então com treze anos, e não me canso de pensar que poderíamos ter sido vítimas também, caso eu não fosse conhecida. Isso me estarreceu. Porque isso toca num lugar muito mais profundo, que é a descrença no ser humano, na bondade, na caridade. Muito triste.

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João de Deus está preso desde o último dia 16, no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, acusado de abuso sexual. Os primeiros relatos de abusos cometidos pelo médium foram divulgados no Conversa com Bial, da TV Globo, no último dia 7. Desde então, o Ministério Público recebeu mais de 600 denúncias, que ainda precisam ser investigadas, por e-mail. Nesta quarta-feira, João de Deus prestou depoimento ao MP e afirmou não reconhecer três das mulheres que o acusaram de abuso.