Comportamento

Como você se vê é realmente como você é? Estudo descobre forma de visualizar ‘selfies’ mentais

Olhar Digital | 13/11/21 - 09h41
Pexels

Nunca houve um tempo em que estivéssemos mais preocupados com a aparência, principalmente por um potencializador chamado redes sociais. A obsessão por selfies e a manipulação de imagens podem transformar as pessoas em narcisistas, bem como a forma que elas se veem, trazendo insatisfação e baixa autoestima.

Contudo, um grupo de psicólogos da Bangor University e da University of London desenvolveram um método de visualização dos autorretratos mentais que temos em nossas mentes. O objetivo era descobrir até que ponto essas imagens podem destoar da realidade do que os outros veem e como podem ser afetadas por nossa personalidade e relação com aparência.

Publicado na Psychological Science, o estudo reconstruiu as imagens mentais dos participantes sobre seus próprios rostos. Para criar um tipo de selfie mental, dois rostos aleatórios foram apresentados para que a pessoa escolhesse qual mais se assemelhava ao seu. O processo foi feito diversas vezes.

De acordo com os resultados, divulgados pelo Medical Xpress, as imagens mentais das pessoas sobre sua aparência não eram necessariamente verdadeiras e, em vez disso, eram influenciadas pelo tipo de personalidade que acreditavam ter.

“Pedimos aos participantes que gerassem seu próprio ‘autorretrato mental’ gerado por computador e também respondessem a questionários de personalidade e autoestima para revelar que tipo de pessoa eles acreditam ser. Descobrimos que suas crenças sobre si mesmos afetaram fortemente a maneira como eles retratavam sua própria aparência. Por exemplo, se uma pessoa achava que era extrovertida, imaginava que seus próprios rostos pareciam mais confiantes e sociáveis do que pareciam para outras pessoas”, explicou a principal autora do artigo, Dra. Lara Maister, da Escola de Psicologia da Universidade de Bangor.

“Quando vemos um novo rosto, em uma fração de segundo, formamos uma impressão sobre essa pessoa, com base no que vemos. Independentemente de sejam essas impressões corretas ou não, elas influenciam nossos pontos de vista sobre a personalidade das pessoas. De maneira semelhante, mas invertida, mostramos agora que nossas impressões de nosso próprio caráter afetam a maneira como nos vemos em nossa mente”, acrescentou o professor Manos Tsakiris, da Royal Holloway University.

Em um outro estudo, a mesma equipe usou o mesmo método para analisar as imagens mentais que as pessoas tinham dos seus corpos. Os dados apontaram que os participantes tinham não apenas imagens irreais dos próprios corpos, mas que era influenciados por atitudes em relação a si mesmos – e não de fato pela aparência.

Por exemplo: pessoas que tinham atitudes emocionais muito negativas em relação à própria aparência tendiam a se imaginar como tendo um corpo muito maior do que na realidade.

“O trabalho nos ajudará a entender mais sobre a imagem corporal. Podemos agora, pela primeira vez, ter uma visão de como outras pessoas se imaginam em pessoas saudáveis ​​e naquelas que sofrem de distúrbios da imagem corporal, como o distúrbio dismórfico corporal”, afirmou o professor Matthew Longo, da Birkbeck University of London, que também participou dos estudos.

O novo método também pode dar apoio e feedbacks sobre terapias e tratamentos para pessoas que sofrem com distúrbios de imagem.