Saúde

Conheça a nova vacina contra a meningite B aprovada no Brasil

A aplicação do imunizante deve ser feita em duas doses com um intervalo mínimo de seis meses entre elas

VEJA.com | 19/02/19 - 23h05
Laboratório | Rovena Rosa/Agência Brasil

Uma nova vacina contra a meningite B teve o registro aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O imunizante, chamado Trumenba, poderá ser aplicado em pessoas de 10 a 25 anos de idade para prevenir a meningite meningocócica causada pelo sorotipo B da bactéria Neisseria meningitidis.

Segundo a Pfizer, empresa que produz a vacina, a aplicação do imunizante deve ser feita em duas doses com um intervalo mínimo de seis meses entre elas. A vacina, que já está sendo aplicada nos Estados Unidos e na União Europeia, tem apresentado bons resultados. “Os Estados Unidos estão usando e ela foi capaz de evitar surtos entre adolescentes. É uma vacina que promete ajudar o Brasil contra uma doença grave”, disse Isabella Ballalai, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).

Para especialistas, mesmo sem uma data definida, a aprovação da vacina é algo positivo, principalmente porque oferece opções em casos de desabastecimento de estoque – situação que já ocorreu anteriormente, em 2015, quando foi lançada a primeira vacina contra a meningite B no Brasil. “É sempre bom mais opções de imunizantes tanto para as clínicas como para os pacientes já que minimiza as dificuldades de abastecimento”, afirmou Sandro Artur Ostrowski, diretor da Associação Brasileira das Clínicas de Vacinas (ABCVac).

Disponibilidade
De acordo com  Márjori Dulcine, diretora médica da Pfizer, a data de lançamento ainda não foi definida devido a questões de regulamentação de preço. Isso porque todo novo medicamento licenciado precisa ter o preço aprovado pelas autoridades governamentais antes de ser comercializado. No caso do Brasil, os critérios para a definição dos preços dos medicamentos são estabelecidos pela Câmara de Regulação de Mercado de Medicamento (CMED), que é um órgão interministerial composto pelo Ministério da Saúde, Ministério da Casa Civil, Ministério da Fazenda, Ministério da Justiça e Ministério da Economia, além da Secretaria-Executiva, exercida pela Anvisa.

“De acordo com a legislação, o preço do medicamento inovador deve ter como referência o menor preço internacional entre uma cesta específica de países (tais como Austrália, Nova Zelândia, Canadá, Espanha e Estados Unidos). Com base nessa análise, os órgãos competentes decidem o valor final, já com as taxações necessárias. Apenas após essa definição é que o produto poderá ser comercializado no Brasil”, completou Márjori.

Dúvidas sobre a vacina
Há contraindicações? – “Por ser uma vacina inativada, que utiliza apenas uma proteína da bactéria, pode ser administrada com segurança. De forma rara pode provocar uma reação alérgica (anafilaxia) após a primeira dose do esquema”, diz Márjori.

Qual o preço médio da dose? – Custa entre R$ 500 e R$ 700, de acordo com a Associação Brasileira das Clínicas de Vacinas (ABCVac).

Aplicação: A indicação é que as doses sejam aplicadas aos 3 , 5 e 7 meses, além de um reforço depois de 1 ano. A partir de 1 ano, são duas doses com intervalo de dois. Para adultos, duas doses com intervalo de um mês. “Mas quem mais adoece e corre risco é quem está no primeiro e no segundo ano de vida”, alerta Isabella Ballalai, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).

Meningite Meningocócica
A meningite meningocócica é um processo inflamatório que atinge as meninges – membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal – e pode ser causada por infecções por bactérias, vírus, fungos ou parasitas. A doença pode causar sequelas e até mesmo levar à morte. Esse tipo de meningite é causada pela bactéria Neisseria meningitidis que possui 12 sorogrupos identificados, para os quais os cinco são mais comuns (A, B, C, W e Y) existem vacinas disponível no Brasil.

Por enquanto a única imunização contra o meningococo B, indicada para indivíduos a partir dos dois meses de idade até os 50 anos, só está disponível na rede privada a um custo médio de R$ 500 reais. A vacina para os tipos A, C, W e Y também é oferecida apenas na rede privada para indivíduos a partir dos três meses de vida. Nos postos públicos de saúde, a vacina contra a doença causada pelo meningococo C é gratuita para crianças menores de cinco anos de idade e adolescentes de 11 a 14 anos.

Dúvidas sobre a doença
Qual meningite é mais perigosa? – A doença causada por bactérias, como a meningite pneumocócica e a meningite meningocócica, costuma se apresentar de forma mais grave, principalmente se causar infecção generalizada. Nesse caso, ela pode levar o paciente à morte em poucas horas. Quando é viral, a evolução é mais leve.

Quais são os sintomas? – No caso da infecção bacteriana, febre, dor de cabeça e rigidez do pescoço começam de forma súbita. Os pacientes também podem apresentar mal-estar, náuseas, vômito, aumento da sensibilidade à luz e confusão mental. Em casos mais graves, os sintomas costumam ser convulsões, delírio, tremores e coma. Na meningite viral, além desses sintomas, a pessoa também pode ter falta de apetite, irritabilidade, sonolência ou dificuldade para acordar e falta de energia.

Como a doença é transmitida? – O tipo bacteriano é transmitido de pessoa para pessoa por gotículas e secreção do nariz e da garganta, mas também há bactérias passadas pelos alimentos. As virais dependem do tipo de vírus. Há casos de contaminação por contato com pessoas e objetos infectados e até por picada de mosquitos, de acordo com o Ministério da Saúde.

Como é feita a prevenção? – Embora a meningite possa ser causada por diferentes agentes infecciosos, é possível evitar os principais tipos por meio da vacinação.

Como a meningite é diagnosticada? – Por meio de exames de sangue e do líquido cerebroespinhal (líquor). A partir da identificação do agente causador da infecção, o médico indica o tratamento adequado. O líquor deve estar límpido e incolor. Quando há infecção, ele fica turvo.

Como é o tratamento? – Pessoas com a suspeita de meningite sempre são internadas, tendo em vista a gravidade da doença. As meningites bacterianas são tratadas com antibiótico e as virais, com antivirais. De acordo com o fungo detectado em quem tem essa forma da doença, são recomendados antifúngicos. O parasita também deve ser identificado para o tratamento de quem tem a meningite causada por parasita, que inclui medicamentos para dor de cabeça e febre – esses sintomas podem ser fortes.