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De Columbine a Realengo: os massacres em escolas que chocaram o mundo

Ataque em Suzano se soma a uma triste lista de chacinas em colégios, no Brasil e, principalmente, nos Estados Unidos

VEJA.com | 13/03/19 - 21h34
Caso de Columbine abriu precedente para outros ataques contra centros educacionais; ataques no Brasil, mais isolados que os americanos, guardam semelhanças com a ação de 1999 | Divulgação/VEJA

O ataque desta quarta-feira, 13, na Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano, se soma a uma triste e longa lista de massacres em colégios, no Brasil e fora. Em abril de 2011, um ex-aluno matou doze crianças na Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, no Rio de Janeiro. O criminoso se matou depois de ser baleado pela polícia. Em outro caso célebre, dois atiradores – assim como no caso de Suzano – abriram fogo na escola de Columbine, no Colorado, matando treze pessoas e cometendo suicídio depois, em uma das muitas chacinas que ocorreram em colégios americanos.

Columbine
No dia 20 de abril de 1999, na cidade de Littleton, no Colorado, dois adolescentes entraram armados na escola de Columbine, matando treze pessoas e ferindo mais de vinte antes de cometer suicídio. Os atiradores eram dois alunos: Eric Harris, de 18 anos, e Dylan Klebold, de 17. Eles entraram às 11h19, no horário local, e alvejaram estudantes do lado de fora da Columbine High School. Dentro, o maior número de vítimas foi atingida na biblioteca. Em apenas dezesseis minutos, a dupla matou doze estudantes e uma professora. Pouco depois do meia-dia, atiraram contra si mesmos. 

A investigação do caso descobriu que os dois foram separados até o colégio, em seus próprios carros. Eles haviam programado a explosão de uma bomba de propano para as 11h17 e apenas começaram sua maratona de tiros depois que a detonação do artefato falhou. Os atiradores escolhiam suas vítimas a dedo, preferindo atletas, membros de minorias étnicas e cristãos.

Realengo
Na manhã do dia 7 de abril de 2011, em Realengo, na Zona Sul do Rio, Wellington Menezes de Oliveira atirou em duas pessoas antes de entrar na escola Tasso da Silveira, da qual era ex-aluno, dizendo que iria apresentar uma palestra. Já na sala de aula, o jovem de 23 anos sacou uma arma e começou a alvejar os estudantes, matando doze adolescentes.

O ataque foi interrompido depois que um sargento da polícia, avisado por um estudante que conseguiu fugir da escola, baleou Wellington na perna. O atirador se matou com um tiro na cabeça após ser atingido. Wellington portava duas armas e um cinturão com muita munição. Ele deixou uma carta de teor religioso, criticando os “impuros”. 

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    Policiais em frente a Escola Municipal Tasso da Silveira, no bairro Realengo, Rio de Janeiro

    1/16Policiais em frente a Escola Municipal Tasso da Silveira, no bairro Realengo, Rio de Janeiro (Selmy Yassuda/VEJA)

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    Moradores em frente a Escola Municipal Tasso da Silveira, no bairro Realengo, Rio de Janeiro

    2/16Moradores em frente a Escola Municipal Tasso da Silveira, no bairro Realengo, Rio de Janeiro (Selmy Yassuda/VEJA)

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    Moradores em frente a Escola Municipal Tasso da Silveira, no bairro Realengo, Rio de Janeiro

    3/16Moradores em frente a Escola Municipal Tasso da Silveira, no bairro Realengo, Rio de Janeiro (Selmy Yassuda/VEJA)

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    4/16Familiares procuram por notícias das crianças na Escola Municipal Tasso da Silveira, no bairro Realengo, Rio de Janeiro (Selmy Yassuda/VEJA)

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    5/16O bombeiro Adriano com o seu filho Gustavo Damaceno que ficou ferido durante a chacina na Escola Municipal Tasso da Silveira, Realengo, Rio de Janeiro (Marcelo Sayão/EFE/VEJA)

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    6/16Parente chora na Escola Municipal Tasso da Silveira, Realengo, Rio de Janeiro (Antônio Lacerda/EFE/VEJA)

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    7/16Parente chora na Escola Municipal Tasso da Silveira, Realengo, Rio de Janeiro (Marcelo Sayão/EFE/VEJA)

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    8/16Peritos chegam na Escola Municipal Tasso da Silveira, no bairro Realengo, Rio de Janeiro (Selmy Yassuda/VEJA)

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    9/16Peritos chegam na Escola Municipal Tasso da Silveira, no bairro Realengo, Rio de Janeiro (Selmy Yassuda/VEJA)

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    10/16Leonardo Andrade dos Santos socorreu 9 vítimas do massacre na Escola Municipal Tasso da Silveira, no bairro Realengo, Rio de Janeiro (Selmy Yassuda/VEJA)

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    11/16O carteiro Hercilei Antunes, 44 anos, mora em frente à escola, e achou que havia um bando atirando (Selmy Yassuda/VEJA)

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    12/16Lucia Regina da Silva, com o marido Marcos Aurelio da Silva e o filho Marcos Vinicius, aluno da Escola Municipal Tasso da Silveira, no bairro Realengo, Rio de Janeiro
    (Selmy Yassuda/VEJA)

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    13/16Andréa Tavares é mãe de uma criança baleada, a menina levou 3 tiros, um pode ter atingido a medula (Selmy Yassuda/VEJA)

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    14/16Elias Campista da Silva, 33 anos, motorista de ônibus, é tio de Patrick da Silva Figueiredo, que conseguiu fugir (Selmy Yassuda/VEJA)

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    15/16Ricceli Ponce, ex-aluno da Escola Municipal Tasso da Silveira, no bairro do Realengo, Rio de Janeiro (Selmy Yassuda/VEJA)

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    16/16Tiago Motta e Andressa da Silva, ex-alunos da Escola Municipal Tasso da Silveira, no bairro Realengo, Rio de Janeiro (Selmy Yassuda/VEJA)



Colégio Goyazes

Em outubro de 2017, um menino de 14 anos matou dois alunos a tiros no Colégio Goyases, em Goiânia. À polícia, ele contou que planejava a ação havia dois meses e que se inspirou nos ataques de Columbine, nos Estados Unidos e de Realengono Rio de Janeiro.

Segundo o delegado, o atirador disse no depoimento que tinha apenas a intenção de matar um colega que fazia bullying contra ele. Mas depois de matar esse aluno, ele relatou ter tido vontade de matar mais. O garoto era considerado tímido e reservado e permanecia quase sempre afastado dos colegas, sendo que parte destes faziam piadas sobre seu suposto mau cheiro.

Tiroteio em escola de Goiânia (GO) - Colégio Goyases Tiroteio na manhã de 20 de outubro de 2017 no Colégio Goyases, em Goiânia, deixou dois mortos, dois meninos de 13 anos, e mais quatro feridos. Menino de 14 anos, autor dos disparos, alegou que sofria bullying de uma das vítimas

Tiroteio na manhã de 20 de outubro de 2017 no Colégio Goyases, em Goiânia, deixou dois mortos, dois meninos de 13 anos, e mais quatro feridos. Menino de 14 anos, autor dos disparos, alegou que sofria bullying de uma das vítimas (MARCOS SOUZA/VEJA.com)

Parkland

No ano passado, um tiroteio na Marjory Stoneman Douglas High School, uma escola de ensino médio na cidade de Parkland, ao norte de Miami, deixou dezessete mortos. Doze das vítimas morreram dentro do edifício da escola e outras duas foram mortas na parte externa do prédio. Outras duas pessoas morreram após chegarem gravemente feridas ao hospital.

O atirador foi identificado como Nikolas Cruz, um ex-aluno de 19 anos, que havia sido expulso da instituição por problemas disciplinares. Junto a ele foi apreendida uma metralhadora AR-15 com diversos cartuchos de munição. A arma é uma versão civil do rifle militar M-16, que pode ser obtida legalmente em diversos estados americanos.

 Alunos sendo retirados da escola Marjory Stoneman Douglas, após tiroteio que deixou mortos e feridos na cidade de Parkland, Flórida

Alunos sendo retirados da escola Marjory Stoneman Douglas, após tiroteio que deixou mortos e feridos na cidade de Parkland, Flórida (Joe Raedle/Getty Images)

Sandy Hook

Em dezembro de 2012, um atirador abriu fogo em uma escola de educação infantil. Adam Lanza, de 20 anos, invadiu Sandy Hook, na pequena cidade de Newtown, a 130 quilômetros de Nova York, e matou 26 pessoas, vinte delas crianças entre cinco e dez anos, antes de se matar. A mãe do jovem também foi encontrada morta a tiros na casa da família. 

Uma investigação sobre o massacre não conseguiu determinar os motivos que levaram Lanza a perpetrar o massacre. As autoridades apenas consentiram que o atirador agiu sozinho. “Ele tinha familiaridade com o acesso a armas de fogo e munições e uma obsessão por assassinatos em larga escala, principalmente com o tiroteio que ocorreu na escola de Columbine, em abril de 1999”, informou o relatório da investigação.

Imagens das vítimas do tiroteio na escola Sandy Hook em Newtown, Connecticut Imagens das vítimas do tiroteio na escola Sandy Hook em Newtown, Connecticut

Imagens das vítimas do tiroteio na escola Sandy Hook em Newtown, Connecticut (Reuters/VEJA)

Virginia Tech

No dia 16 de abril de 2007, Cho Seung-hui, um estudante de 23 anos, matou 32 colegas e professores antes de cometer suicídio na Universidade Virginia Tech, no que foi considerado o ataque com maior número de vítimas contra um centro educacional do país. 

Seung-hui foi até um dos alojamentos por volta das 7h15, no horário local, e matou duas pessoas. A polícia e a equipe de resgate chegaram ao local rapidamente e encontraram as vítimas baleadas, um homem e uma mulher. Apesar do assassinato, as aulas não foram suspensas e o autor do crime conseguiu fugir do local, o que levou as autoridades a pensar que ele já tinha abandonado a universidade.

No entanto, o estudante voltou a agir duas horas depois, no edifício da faculdade de engenharia Norris Hall, que fica a cerca de 800 metros do alojamento. No segundo ataque, o atirador matou mais trinta pessoas. Em seguida, cometeu suicídio.