A taxa de desemprego do Brasil ficou estável em 7,6% no trimestre até janeiro de 2024, apontam dados divulgados nesta quinta-feira (29) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Trata-se do mesmo patamar dos três meses anteriores, encerrados em outubro de 2023 (7,6%).
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Conforme analistas, os dados ainda indicam sinais de força no mercado de trabalho, incluindo o aumento da população ocupada com trabalho e o avanço da renda média. O rendimento cresceu 3,8% em um ano.
A taxa de desemprego de 7,6% é a menor para trimestres até janeiro desde 2015 (6,9%). O resultado ficou levemente abaixo da mediana das previsões do mercado financeiro. Analistas consultados pela agência Bloomberg projetavam desocupação de 7,8%.
"A taxa está em patamar historicamente baixo e mostra que o mercado de trabalho se mantém aquecido", diz a economista Claudia Moreno, do C6 Bank.
De acordo com o IBGE, o número de desempregados foi de 8,3 milhões até o último mês de janeiro. O contingente também permaneceu estável em relação ao trimestre encerrado em outubro.
O instituto afirma que a desocupação costuma cair no final do ano e aumentar nos primeiros meses do ano seguinte. Porém, até janeiro de 2024, isso ainda não foi observado, já que os números indicam estabilidade.
"Quando a gente fala dos processos de dispensa, tenta avaliar esse fenômeno dentro de todo o trimestre do ano seguinte [janeiro a março]. O que a gente tem de 2024, até o momento, é apenas o mês de janeiro", disse Adriana Beringuy, coordenadora de pesquisas domiciliares do IBGE.
"É apenas um terço da virada de ano representado no trimestre móvel. É possível, sim, que um eventual processo de dispensa não tenha sido verificado ainda", completou.
A população desempregada reúne pessoas de 14 anos ou mais que estão sem ocupação e que seguem à procura de oportunidades. Quem não está buscando vagas, mesmo sem ter emprego, não faz parte desse contingente nas estatísticas oficiais.
POPULAÇÃO OCUPADA EM ALTA - Os dados divulgados nesta quinta integram a Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua). O levantamento abrange tanto atividades formais quanto informais -dos empregos com carteira assinada e CNPJ até os populares bicos.
A população ocupada com algum tipo de trabalho foi estimada em 100,6 milhões no trimestre até janeiro. Houve avanço de 0,4% na comparação com os três meses anteriores (mais 387 mil pessoas) e de 2% ante o intervalo finalizado em janeiro de 2023 (mais 2 milhões).
Ao alcançar 100,6 milhões, a população ocupada renovou o recorde da série histórica comparável, iniciada em 2012. Porém, considerando as três séries que integram a Pnad, um número maior já foi verificado até dezembro do ano passado (quase 101 milhões).
O número de empregados no setor privado com carteira assinada (formais) chegou a 37,95 milhões no trimestre encerrado em janeiro deste ano. Com isso, renovou o recorde da série histórica comparável da Pnad.
Um contingente maior, contudo, já foi verificado até dezembro de 2023 (37,97 milhões), intervalo que integra outra série da pesquisa.
Já o número de empregados sem carteira no setor privado (informais) foi estimado em 13,4 milhões até janeiro deste ano. Assim, também renovou o recorde da série comparável da Pnad.
Considerando as três séries diferentes da pesquisa, a máxima ocorreu no trimestre até dezembro passado (13,5 milhões).
RENDA SOBE NA MÉDIA - O IBGE ainda apontou que a renda média da população ocupada seguiu em alta. Até janeiro, o rendimento real habitual de todos os trabalhos foi estimado em R$ 3.078 por mês.
A cifra representa um aumento de 1,6% ante o intervalo finalizado em outubro (R$ 3.031). O indicador também avançou 3,8% na comparação com o trimestre até janeiro do ano passado (R$ 2.965).
Valores maiores do que o mais recente (R$ 3.078) só foram verificados pelo IBGE ao longo de 2020, quando houve uma mudança na composição da população ocupada.
À época, a pandemia tirou do mercado especialmente os informais, que costumam ganhar menos. Isso elevou a renda média de quem permaneceu empregado em 2020.
A variação do rendimento até já foi maior, em termos percentuais, ao longo de 2022 e 2023, mas ainda mostra comportamento positivo.
Na comparação com o trimestre até outubro do ano passado, a renda cresceu principalmente no setor público e em atividades informais, destacou Adriana Beringuy, do IBGE.
Já no recorte anual, segundo a pesquisadora, os aumentos estão mais disseminados. A inserção de mais trabalhadores formais no mercado também ajuda a explicar os ganhos em uma análise de tempo mais longa.
IMPACTO DA RENDA MAIOR NA INFLAÇÃO - O economista Igor Cadilhac, do PicPay, avalia que o mercado de trabalho segue "forte e com uma composição saudável". Ele, contudo, alerta para uma eventual dificuldade no combate à inflação devido à renda em alta.
"Olhando para os salários, vimos uma nova expansão na margem. Esse avanço veio principalmente no setor público formal e segue dando sustentação ao consumo das famílias", diz.
"Pensando, agora, nas suas implicações para o cenário de inflação de médio prazo, a dinâmica traz alguma preocupação, sobretudo com a nova regra do salário mínimo", completa.
Claudia Moreno, do C6 Bank, vai na mesma linha. Segundo a economista, os salários elevados combinados a uma taxa de desemprego baixa devem continuar pressionando a inflação de serviços.
Em 2024, analistas esperam ritmo menor para o mercado de trabalho no Brasil, após o desempenho positivo de 2023.
A perspectiva está associada à previsão de desaceleração da atividade econômica neste ano. O quadro, entretanto, não traz grandes preocupações por ora.
Conforme o IBGE, a taxa de desemprego já havia marcado 7,4% no trimestre até dezembro de 2023. Como esse período integra outra série da Pnad, o instituto desaconselha a comparação direta com os dados do intervalo até janeiro.
A ideia, segundo Beringuy, é evitar uma "sobreposição" na análise, já que dois meses integram os dois trimestres (novembro e dezembro).
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