Mercado de Trabalho

Desemprego sobe em metade dos estados no 1º trimestre

Folhapress | 16/05/19 - 20h55
Reinaldo Canato/Veja

O desemprego subiu em 14 das 27 unidades da Federação no primeiro trimestre sob o governo Jair Bolsonaro, informou nesta quinta (16) o IBGE. As maiores variações foram no Acre, em Goiás e em Mato Grosso do Sul.

Em 13 deles, houve recorde na taxa de subutilização da força de trabalho, que inclui desempregados, pessoas que trabalham menos do que gostariam e aqueles que desistiram de procurar emprego, mas gostariam de trabalhar.

No primeiro trimestre, a taxa de desemprego no país foi de 12,7%, 1,1 ponto percentual acima do registrado no trimestre anterior, com 13,4 milhões de pessoas procurando emprego. A taxa de subutilização bateu recorde de 25%, o equivalente a 28,3 milhões.

Segundo o IBGE, houve aumento do desemprego em todas as regiões do país. A maior taxa de desemprego foi registrada no Nordeste, onde 15,3% das pessoas com mais de 14 anos procuraram emprego no primeiro trimestre.

De acordo com o gerente da pesquisa, Cimar Azeredo, os dados mostram que a crise no mercado de trabalho está espalhada por todo o país e não dá sinais de recuperação.

As maiores taxas de desemprego foram registradas no Amapá (20,2%), na Bahia (18,3%) e no Acre (18%). As menores, em Santa Catarina (7,2%), no Paraná e em Rondônia, ambos com 8,9%.

Em São Paulo, o desemprego ficou em 13,5%, acima da média nacional e 1,1 ponto percentual acima do registrado no quarto trimestre de 2018.

No primeiro trimestre, além de São Paulo, o desemprego cresceu no Acre, em Goiás, em Mato Grosso do Sul, no Maranhão, em Mato Grosso, no Distrito Federal, no Tocantins, no Espírito Santo, em Minas Gerais, no Pará e no Ceará.

Em quatro -RO, RR, MA e DF- a taxa de desemprego foi recorde no trimestre. Em outros dois -RJ e MS-, embora a taxa não seja recorde, o número de desempregados foi o maior da série histórica.

Na comparação com o primeiro trimestre de 2018, o desemprego cresceu em quatro estados -RR, AC, AM e SC- e caiu em três -CE, MG e PE. Nessa base de comparação, a taxa de desemprego no país caiu 0,4 ponto percentual.

Em Roraima, diz Azeredo, o crescimento do desemprego na comparação anual pode ser reflexo da imigração venezuelana. No estado, a taxa de desemprego subiu 4,7% em relação ao primeiro trimestre de 2019, para 15% da população em idade de trabalhar.

De acordo com o IBGE, um a cada quatro desempregados brasileiros estavam havia mais de dois anos procurando trabalho no primeiro trimestre de 2019. Ao todo, 3,3 milhões de brasileiros se encontravam nessa posição, recorde para um primeiro trimestre.

Em Dallas, onde se encontrou com empresários e investidores americanos, Bolsonaro voltou a criticar a metodologia de cálculo do IBGE para os índices de desemprego.

Ele questionou dados do IBGE sobre desemprego -que divulgou que 5,2 milhões buscam trabalho há mais de um ano- e disse que o número de desempregados é muito maior que o apresentado.

"O IBGE está errado, tem muito mais do que isso [13,4 milhões de pessoas]. Agora, em parte, essa população não tem como ter emprego porque o mundo evoluiu. Não estão habilitados a enfrentar um novo mercado de trabalho."