Disposto a atrair o DEM para seu palanque na disputa presidencial de 2022, o governador de São Paulo, João Doria, sinalizou, neste sábado (28), com a possibilidade de apoio à candidatura de Eduardo Paes à Prefeitura do Rio já no ano que vem.
Paes foi convidado de honra no encontro realizado pelo PSDB no Rio de Janeiro. Dando início à sua investida sobre o eleitorado do Rio, Doria chamou de simbólica a presença de Paes e disse que considera natural uma coligação com os democratas. "Temos 25 anos de história", afirmou.
O ex-ministro Antônio Imbassahy também enalteceu o simbolismo do encontro e disse que o PSDB não entrará em aventuras no Rio. "Paes é muito gente boa. Já foi do PSDB. É do nosso campo", disse.
Até a pré-candidata do PSDB, Marina Ribas, deixou claro que sua candidatura não está consolidada: "Nada está garantido nessa vida", disse.
Na noite de sexta-feira (27), Doria e Paes se encontraram durante o show do Rock in Rio. Na conversa, o ex-prefeito carioca admitiu a pretensão de concorrer à prefeitura. Recebido sob aplausos pelo tucanato, Paes também fez um aceno ao PSDB: "Vamos estar juntos para fazer o Rio de Janeiro voltar a estufar o peito", discursou.
Segundo Paes, "este é o momento de unir as boas forças desta cidade e deste Estado". Embora ainda não tenha anunciado a pretensão de concorrer à Prefeitura do Rio, Paes deixou implícito ao afirmar que, em breve, pretende disputar com Doria a volta de antigos assessores que hoje integram a equipe do governador.
Em seu discurso, o presidente do PSDB, Bruno Araújo (PE), retribuiu o gesto. Dirigindo-se a Paes, afirmou: "Em algum momento, vamos nos encontrar pelo bem do Rio".
No encontro do PSDB no Rio, Doria defendeu o diálogo com a esquerda e a direita no Brasil. Sem citar o nome do presidente Jair Bolsonaro, o governador paulista chamou de diminuto o debate ideológico travado no país. Ele encerrou o discurso com um grito de "viva a democracia".
"Não é possível, depois desse esforço todo, sairmos de um extremo para entrarmos em outro. O Brasil não merece", afirmou Doria, sobre a derrota do PT na eleição.
Potencial candidato à Presidência da República, Doria disse ainda que defende a Cultura e não realizará cortes no Meio Ambiente durante sua gestão.
No encontro, sem a presença de dirigentes históricos do partido, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o senador José Serra, o governador de São Paulo dá início à sua investida sobre o eleitorado do Rio.
Com direito à bateria da escola de samba São Clemente, o evento foi batizado de #NovoPSDB. Teve como mestre-de-cerimônias o suplente do senador Flávio Bolsonaro (PSL), Paulo Marinho, e aconteceu no hotel que abrigou atividades de campanha de Jair Bolsonaro à Presidência em 2018.
O movimento dos tucanos acendeu um sinal de alerta no Palácio Guanabara. Disposto a deter a entrada de Doria no Rio, o governador Wilson Witzel se dedica pessoalmente à articulação de alianças com tradicionais aliados do PSDB, como PP e DEM.
Witzel esteve na Bahia com o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), e recebeu o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), para um almoço na semana passada.
Ao PP, ele ofereceu a Secretaria da Agricultura, hoje ocupada pelo PRB, de Marcelo Crivella. Ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), foi reservada uma supersecretaria de Infraestrutura, fruto de fusão de Obras com companhia de Habitação.