Brasil

Doria anuncia fase emergencial com toque de recolher, sem igrejas e futebol

Uol | 11/03/21 - 13h20
Sergio Andrade / Governo de São Paulo

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou hoje que o estado entrará a partir de segunda-feira (15) na fase emergencial do Plano São Paulo, que estabelece medidas mais restritivas do que a atual, vermelha. Igrejas terão as atividades presenciais interrompidas, e os campeonatos de futebol ficarão suspensos. As restrições estão previstas para durarem até o dia 30 para tentar conter o avanço da pandemia de covid-19.

Doria também determinou um toque de recolher das 20h às 5h, com o objetivo de diminuir significativamente a circulação de pessoas à noite. Apenas as atividades essenciais seguem autorizadas, mas lojas de material de construção foram retiradas da lista. Também haverá proibição do uso de parques e praias.


Foto: Reprodução / Governo de São Paulo

O teletrabalho será obrigatório para atividades administrativas não essenciais, como de órgãos públicos e escritórios. O atendimento presencial fica proibido em bares e restaurantes, e o sistema de drive-thru só poderá funcionar fora do toque de recolher, ou seja, das 5h às 20h.

O objetivo do governo do estado é estimular o home office para os locais que puderem. Com as novas diretrizes, o plano é diminuir a circulação de mais quatro milhões de trabalhadores.

"A suspensão de entregas de alimentos e produtos no estabelecimento comercial. Drive-thru é única forma de fazer essa entrega. E permanece possibilidade de delivery durante 24 horas pra restaurantes e outros estabelecimentos", afirmou Paulo Menezes, coordenador do Centro de Contingência.

Em vídeo divulgado horas antes da entrevista coletiva de anúncio das novas medidas, Doria havia antecipado que tomaria uma "decisão impopular". As novas restrições têm como objetivo desacelerar o avanço da pandemia de covid-19 e evitar mais colapsos no sistema de saúde, que já tem várias unidades com 100% de ocupação dos leitos de UTI para a doença.

A decisão sobre a fase emergencial foi tomada em reunião com integrantes do Centro de Contingência do Coronavírus. A gestão de Doria avaliou que a criação de uma nova fase no Plano São Paulo seria mais didática para a população do que somente anunciar medidas restritivas adicionais à fase vermelha.

O governador também seguia avaliando os impactos políticos que a decisão poderia ter, considerando que já vem enfrentando protestos de setores do comércio contra a adoção da fase vermelha em todo o estado. As igrejas e as escolas eram um ponto sensível, já que foram mantidas em funcionamento mesmo com o fechamento de tudo que não é considerado atividade essencial.

Toque de recolher

O governo também estipulou um toque de recolher entre as 20h às 5h. Com isso, deve impedir a circulação de pessoas que não tenham um motivo emergencial, como saúde e trabalho, para estarem na rua.

A mensagem é clara: não devemos circular após esse horário, a não ser que haja necessidade absoluta. Proibição de uso de praias e parques. Mesmo que siga para não haver aglomerações, pessoas usam esse espaço para encontro. Proibição completa de qualquer aglomeração.
Paulo Menezes, coordenador do Centro de Contingência

Transporte público

Não foi anunciada nenhuma restrição ao transporte público. O estado traçou um plano de sugestão de entrada de funcionários dos poucos setores que seguem trabalhando, para evitar aglomeração no transporte público, tão comum em horários de pico, mesmo na fase vermelha. São elas:

  • Funcionários da indústria: 5h - 7h
  • Funcionários de serviços: 7h - 9h
  • Funcionários do comércio: 9h - 11h

Os horários são sugestões do governo às empresas, e não imposição obrigatória aos trabalhadores.

Segunda mulher integra Centro de Contingência

Doria anunciou ainda a entrada da reumatologista Heloísa Bonfá, diretora clínica do Hospital das Clínicas, no Centro de Contingência, grupo que auxilia o governo estadual nas decisões da pandemia e ajuda a traçar as diretrizes do Plano SP.

Com isso, ela se torna a segunda mulher a fazer parte do grupo, agora com 21 médicos. Antes dela, a única médica era a pediatra Helena Sato, diretora de Imunização da Secretaria de Saúde.