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Ex-presidente do Peru morre após atirar em si mesmo para não ser preso

Correio Braziliense | 17/04/19 - 12h53
Antônio Cruz/Arquivo/Agência Brasil

O ex-presidente do Peru Alan García morreu, nesta quarta-feira (17/4), após cometer suicídio para não ser preso. Ele foi levado para o hospital em caráter de urgência por um ferimento a bala na cabeça depois que ele tentou se matar em sua casa, pouco antes de ser detido pela polícia em um caso vinculado ao escândalo Odebrecht.

"Esta manhã aconteceu este acidente lamentável: o presidente tomou a decisão de atirar", afirmou o advogado de defesa Erasmo Reyna na entrada do Hospital de Emergências Casimiro Ulloa, em Lima. A ministra da Saúde peruana, Zulema Tomás, informou que o estado de saúde do ex-presidente era delicado e de prognóstico reservado.

"O paciente foi internado no hospital com diagnóstico de impacto de bala, entrada e saída na cabeça", indicou o ministério da Saúde em uma nota.  "A situação é muito crítica e muito grave", acrescentou Zulema Tomás. Garcia sofreu três paradas cardíacas, informou Tomás, que disse que entrou na sala de cirurgia.

"Esta é a terceira vez que o ressuscitamos, ele fez três paradas cardíacas, a situação é séria", disse a autoridade. García, ex-presidente do Peru entre 1985-90 e 2006-2011, foi detido em sua casa no distrito residencial de Lima, em Miraflores, por volta das 06h30 local. 

A polícia apresentou um mandado de prisão preventiva de até 10 dias pela acusação de lavagem de dinheiro e recebimento de propinas em um caso ligado ao escândalo Odebrecht investigado pela Operação Lava-Jato.

Caso García

Antes da emissão do mandado de prisão, García havia declarado, na terça-feira (16/4), que não ficaria isolado ou escondido, em alusão tácita ao asilo frustrado que pedira ao Uruguai em dezembro. 

Na ocasião, a Justiça determinou que ele estaria impedido de sair do país por 18 meses. A ordem de prisão contra García emitida, nesta quinta-feira, era de 10 dias e buscava, segundo o Ministério Público, coletar novos elementos na investigação diante de um eventual risco de fuga. 

O ex-presidente permaneceu durante 16 dias na embaixada uruguaia, onde pediu asilo "ante a iminência de um mandado de prisão". O pedido foi rejeitado pelo governo do Uruguai depois de analisar a documentação apresentada por Lima e pelo requerente.

Nas últimas semanas, García reiterou que "não há declaração, prova ou depósito que me ligue a qualquer ato criminoso, muito menos à empresa Odebrecht ou à realização de qualquer de suas obras". García também está sob a lupa por supostas propinas pagas pela Odebrecht para obter um contrato de construção para o metrô de Lima durante seu segundo mandato.

No ano passado, ele afirmou ser "perseguido politicamente", mas sua versão foi rejeitada pela Justiça e pelo governo peruano. O ex-presidente peruano está sujeito a uma investigação preliminar da acusação, mas ainda não é réu.

Segundo a promotoria, o então presidente García e 21 outras autoridades conspiraram para ajudar a empresa holandesa Terminal Multibancom, que venceu a licitação em 2011 para a concessão do Terminal Norte do porto de Callao, vizinho a Lima.

Ainda no escândalo da Odebrecht no Peru, os ex-presidentes Alejandro Toledo (2001-2006), Ollanta Humala (2011-2016) e Pedro Pablo Kuczynski (2016-2018) também estão sendo investigados, e este último se encontra sob prisão preventiva até o dia 20 de abril, bem como a líder da oposição Keiko Fujimori, igualmente em prisão preventiva.