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Gianne Albertoni sobre Elke Maravilha: ‘Era à frente até ao tempo de hoje’

Atriz e apresentadora vive modelo russa no filme 'Chacrinha: O Velho Guerreiro'

VEJA.com | 09/11/18 - 21h55
Gianne Albertoni como Elke Maravilha em 'Chacrinha: O Velho Guerreiro' | Suzanna Tierrie/Divulgação

Quem está acostumado a ver Gianne Albertoni como modelo e apresentadora pode se surpreender ao vê-la como Elke Maravilha em Chacrinha: O Velho Guerreiro. O filme, que estreou nesta quinta-feira, acompanha a carreira do apresentador no rádio e na televisão e retrata ainda outras personalidades da época. Além de Elke, nomes como Wanderléa, Rita Cadillac e Roberto Carlos ganharam versões na história.

Para viver a modelo nascida na Rússia que veio com a família para o Brasil com 6 anos, Gianne fez uma imersão em entrevistas e relatos sobre o início da carreira de Elke durante dois meses.

A pesquisa resultou em grande admiração pela personagem. “Me apaixonei pela mulher que ela foi. Muita gente achava que ela era um homem. Naquela época, ela era uma coisa confusa”, afirma Gianne a VEJA. “Ela era à frente até ao tempo de hoje, defendia muito as pessoas trans. Acho que contribuiu com a liberdade de expressão que temos hoje.”

“A primeira cena que fui gravar foi a do velório da mãe do Chacrinha e era onde a Elke está enterrada. Fiquei lá um tempo para pedir licença e conversar um pouco com ela. Ela me disse ‘se divirta’. Espero que ela realmente goste da minha homenagem”, compartilha Gianne. 

A também comenta a transformação física por que passou para dar vida a Elke. “Ficava duas horas e meia para fazer a maquiagem, o cabelo e o figurino. Na hora em que eu saía da cadeira, não conseguia me ver mais”, diz. 

Outra personagem marcante no longa é Clara Nunes. Dizia-se que a cantora mineira mantinha um caso com Chacrinha, o que nunca foi comprovado. “Ninguém sabe de fato o que aconteceu”, afirma Laila Garin, que interpreta a cantora. “Acho mais interessante deixar assim. Muitas relações são ambíguas. A admiração, a criação e a arte passam pela energia sexual.” 

A atriz baiana, que já deu representou outro grande nome da música brasileira a protagonizar o espetáculo Elis — A Musical, se derrama em elogios a Clara Nunes. “Foi uma pioneira. Ela foi a primeira mulher que vendeu discos no Brasil. Todo ano, ela lançava um disco na mesma data. Foi ela quem abriu caminho para Beth Carvalho e Alcione, por exemplo”, explica.

“Seu sucesso não foi por acaso”, continua. “Ela tentou várias coisas antes de ter esse cabelo alto e se vestir de baiana. Tudo isso foi bem estudado. Era algo legítimo, porque ela realmente era apaixonada por samba, fez uma viagem para a África e frequentou comunidades, mas também houve uma preocupação de como traduzir isso no visual e vender. Ela é uma aula.”