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Leia a íntegra do discurso de Donald Trump sobre o ataque à Síria

14/04/18 - 15h41
Jim Lo Scalzo / AFP/Getty Images


"Meus concidadãos americanos, há poucos instantes, dei ordem para que as Forças Armadas dos Estados Unidos atacassem alvos sírios associados às instalações de uso de armas químicas do ditador sírio Bashar al-Assad. Uma operação combinada com as forças armadas da França e do Reino Unido está em curso. Nós agradecemos a ambos. 

Hoje à noite, eu quero falar com vocês sobre por que nós tomamos esta ação. 

Um ano atrás, Assad lançou um ataque selvagem usando armas químicas contra seu próprio povo inocente. Os Estados Unidos responderam com 58 ataques de mísseis que destruíram 20% da Força Aérea da Síria. 

Presidente americano Donald Trump anuncia ataques militares à Síria na Casa Branca Yuri Gripas/Reuters      Sábado passado, o regime de Assad novamente empregou armas químicas para massacrar civis inocentes –desta vez, na cidade de Douma, perto da capital síria de Damasco. Este massacre foi uma escalada significativa em um padrão de uso de armas químicas por aquele regime terrível. 

Este ataque perverso e vil deixou pais, mães, bebês e crianças agonizando, se debatendo de dor e ofegando por ar.  Estas não são as ações de um homem; são crimes de um monstro. 

Após os horrores da Primeira Guerra Mundial há um século, nações civilizadas se uniram para banir a guerra química. As armas químicas são especialmente perigosas, não apenas porque infligem sofrimento horrível, mas porque mesmo pequenas quantidades podem desencadear uma devastação generalizada. 

O objetivo de nossas ações hoje à noite é estabelecer um forte dissuasor contra a produção, propagação e uso de armas químicas. Estabelecer este dissuasor é de interesse vital para a segurança nacional dos Estados Unidos.  A resposta combinada americana, britânica e francesa a essas atrocidades integrará todos os instrumentos do nosso poder nacional: militar, econômico e diplomático.  Estamos preparados para manter esta resposta até que o regime sírio pare de usar agentes químicos proibidos. 

Essa noite, eu também tenho uma mensagem para os dois governos mais responsáveis por apoiar, equipar e financiar o regime criminoso de Assad. 

Eu pergunto para o Irã e para a Rússia: que tipo de nação quer se associar ao assassinato em massa de homens, mulheres e crianças inocentes?

As nações do mundo só podem ser julgadas pelos amigos que têm.  Nenhuma nação pode prosperar ao promover ditadores assassinos. 

Em 2013, o presidente Putin e o seu governo prometeram ao mundo que garantiriam a eliminação das armas químicas sírias. O recente ataque de Assad, e a resposta de hoje, são o resultado direto do fracasso da Rússia em manter essa promessa. 

A Rússia deve decidir se vai prosseguir nessa rota escura, ou se quer se juntar às nações civilizadas como uma força para a estabilidade e a paz. Espero que algum dia nós possamos nos entender bem com a Rússia, e talvez até com o Irã, mas talvez não. 

Eu direi isto: os Estados Unidos têm muito a oferecer, com a maior e mais poderosa economia na história do mundo. 

Na Síria, os Estados Unidos, com uma pequena força que está sendo empregada para eliminar o que sobrou do Estado Islâmico, está fazendo o que é necessário para proteger o povo americano. No último ano, quase 100% do território uma vez controlado pelo chamado califado Estado Islâmico na Síria e no Iraque foi libertado e eliminado. 

Os Estados Unidos também reconstruíram suas amizades em todo o Oriente Médio. Pedimos aos nossos parceiros que assumam maior responsabilidade para proteger a sua região, incluindo a contribuição de grandes quantidades de dinheiro para os recursos, equipamento e todo o esforço de combate ao Estado Islâmico .

O aumento do envolvimento de nossos amigos, incluindo a Arábia Saudita, os Emirados Árabes Unidos, Qatar, Egito e outros pode garantir que o Irã não lucre com a erradicação do Estado Islâmico. A América não busca uma presença indefinida na Síria sob quaisquer circunstâncias. À medida que outras nações aumentam suas contribuições, aguardamos ansiosamente o dia em que poderemos trazer nossos guerreiros para casa. E realmente são grandes guerreiros. 

Observando o nosso mundo conturbado, os americanos não têm ilusões. Não podemos eliminar o mal do mundo ou agir em todos os lugares onde há tirania. 

Nenhuma quantidade de sangue ou tesouro americano pode produzir a paz duradoura e segurança no Oriente Médio. É um lugar conturbado. Tentaremos melhorá-lo, mas é um lugar problemático. Os Estados Unidos serão um parceiro e um amigo, mas o destino da região está nas mãos de seu próprio povo. 

No século passado, nós olhamos diretamente para os lugares mais escuros da alma humana.  Vimos a angústia que pode ser desencadeada e o mal que pode se apoderar. No final da Primeira Guerra Mundial, mais de um milhão de pessoas havia sido morta ou ferida por armas químicas. Nunca mais queremos ver a volta daquele horrível fantasma. 

Então, hoje, as nações da Grã-Bretanha, França e Estados Unidos da América mobilizaram seu poder virtuoso contra a barbárie e brutalidade. 

Esta noite, peço a todos os americanos que façam uma oração pelos nossos nobres guerreiros e nossos aliados enquanto realizam as suas missões. 

Rezamos para que Deus leve conforto àqueles que estão sofrendo na Síria. Oramos para que Deus guie toda a região rumo a um futuro de dignidade e de paz. 

E oramos para que Deus continue protegendo e abençoando os Estados Unidos da América. 

Obrigado e boa noite. Obrigado."