Polícia

Mãe pedia para Amanda deixar trabalho de motorista de app: "Ela dizia que era dinheiro honesto"

TNH1 com Rádio Pajuçara FM | 16/08/22 - 08h19
Arquivo Pessoal

A morte de mais uma pessoa que trabalha como motorista de transporte por aplicativo voltou a chocar os alagoanos na manhã desta terça-feira, 16. Amanda Pereira, de 27 anos, foi encontrada sem vida horas depois de desaparecer durante uma corrida entre as cidades de Rio Largo e Marechal Deodoro. O crime trouxe à tona, novamente, a insegurança vivida na profissão. 

Em entrevista exclusiva ao repórter Hélio Góes, da Rádio Pajuçara FM, a mãe de Amanda, Valdice Amâncio, contou que era contra o trabalho da filha, por causa dos riscos. A mulher disse que pedia para a jovem deixar a função de motorista de app, porém sempre ouvia a resposta da filha de que era a forma de conseguir dinheiro honestamente.

"Ela trabalhava como Uber, mas era formada em Engenharia Civil e Segurança do Trabalho. Como o mercado de trabalho não estava bom, ela achou uma forma de conseguir dinheiro e ajudar a família dela, trabalhando nesse serviço de motorista, como muitos fazem. Então ela saía regradinha e fazia as horas dela. Estava dando certo. Eu dizia: filha, deixa essa vida. Mas ela dizia que era a forma de ganhar dinheiro honesto", afirmou a mãe.

"Ontem, ela saiu na parte da tarde. Ela ligou para mim e disse que estava pegando a corrida em Rio Largo, e quando fosse sair, deixar o pessoal, ia ficar comigo no hospital, porque eu estava internada. Já começou uma agonia, porque a gente tentava falar com ela depois, e ela não respondia. E ela não era disso", continuou Valdice.

Ainda de acordo com a mãe, Amanda alertou colegas em um grupo no WhatsApp formado por motoristas de app de que estava em uma corrida suspeita. Depois de 20 minutos, os participantes do grupo viram que ela não respondia as mensagens e houve o início das buscas.

"Como eu estava internada, tomando medicamento, não tinha como seguir o rastreamento. O marido dela também tinha o código para quando ela tivesse em perigo, mas não deu nem tempo. O pai dela é policial, estava de plantão, mobilizou tudo e encontraram nossa filha morta", disse emocionada.

O esposo de Amanda também conversou com a reportagem e afirmou que os dois tinham completado um ano de casados no último dia 10. Ainda abalado, o homem de 29 anos manteve contato com a vítima até o final da tarde de ontem.

"Às 5h45 ela ficou sem sinal. Só perguntei se estava tudo bem, e quando ela chegasse, me avisasse. Ela disse que ia por outro trajeto por ser mais rápido. Depois tentei entrar em contato com ela e não consegui. Comecei a achar estranho, e acionei o GPS. Fui atrás e achamos o carro. Infelizmente não tenho ideia de quem pode ter feito isso com ela", explicou o marido.

Em Nota, a Uber informou que está colaborando com as investigações e espera que os responsáveis pelo crime sejam punidos. Veja a nota, na íntegra.

NOTA:

"Ficamos profundamente entristecidos em saber que a motorista parceira Amanda Pereira Santos foi vítima desse crime terrível. Nossos sentimentos estão com a família e os amigos nesse momento de enorme tristeza e dor. A Uber já está colaborando com as investigações, na forma da lei, e espera que os responsáveis pelo crime sejam punidos".

O caso A motorista de transporte por aplicativo identificada como Amanda Pereira, de 27 anos, foi encontrada morta horas depois de desaparecer durante uma corrida. O corpo dela foi achado na madrugada desta terça-feira, 16, no Rio do Meio, no bairro Benedito Bentes, em Maceió. Ninguém foi preso até o momento.

De acordo com familiares, Amanda estava no Conjunto Jarbas Oiticica, em Rio Largo, quando recebeu a solicitação e aceitou a corrida que tinha como destino a cidade de Marechal Deodoro. A motorista compartilhou a viagem com a família, que logo desconfiou quando a vítima usou um caminho diferente do habitual. O último contato que ela teve com o esposo aconteceu na tarde de ontem.

Com a localização em tempo real, os familiares chegaram até o carro de Amanda, um Voyage prata, encontrado abandonado no bairro Cidade Universitária, parte alta da capital alagoana. Porém, ainda não havia indício do paradeiro da motorista.

Policiais civis e militares foram mobilizados, assim como um grupo de motoristas de app, e atuaram nas buscas pela mulher. O corpo dela foi localizado por volta de 1h30 desta terça, nas proximidades da Avenida Cachoeira do Meirim, e segundo os parentes, não apresentava marcas de tiros ou facadas, o que levanta a possibilidade de a vítima ter sido assassinada por asfixia.

Mais um crime contra condutores - Nos últimos meses, ao menos três crimes contra motoristas de app tiveram grande repercussão em Alagoas. Em um deles, a motorista, identificada como Alayne da Silva, 28 anos, sobreviveu depois de ter sido assaltada e baleada por criminosos.

Já Daniel Rubens Pereira Brandão, 31 anos, e Pedro Farias Santos, de 34 anos, foram mortos a tiros. No primeiro caso, o homem foi vítima de latrocínio e encontrado sem vida dentro do carro, no bairro de Rio Novo, em Maceió. No segundo crime, Pedro, que também era suplente de vereador por Craíbas, morreu após ser atingido por disparos em Arapiraca.