Política

Maia desiste de articular reforma e diz que não será ‘mulher de malandro’

Veja | 08/04/19 - 21h00
Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse nesta segunda-feira, 8, que não fará mais articulação política no Congresso pela aprovação da reforma da Previdência e que não vai ser “mulher de malandro, de ficar apanhando e achando bom”, afirmou. A declaração foi dada no evento E Agora Brasil?, promovido pelos jornais O Globo e Valor Econômico.

“O presidente da Câmara coordena 512 deputados, todos iguais. Eu recebo na residência da Câmara 50, 60 deputados. É diferente ser presidente da Câmara e presidente da República no sistema presidencialista. Só não vou ficar no meio dessa briga levando pancada da base do presidente. Não vou ser mulher de malandro, de ficar apanhando e achando bom, disse Maia, segundo o jornal O Globo.

Ele afirmou que se resignou ao seu papel institucional na tramitação do projeto e que estará pronto para pautar a medida quando for a hora. “Agora, se o governo vai ganhar, você pergunta para o Onyx”, afirmou, em referência ao ministro-chefe da Casa Civil e articulador político do governo.

Maia afirmou que os ataques que sofreu no mês passado davam a entender que ele queria se favorecer de alguma forma dessa articulação e, por isso, decidiu se afastar. “Agora, estou mais fechado, porque me colocaram no meu papel (institucional)”, disse. “Não falo mais de prazo, nem de voto. Aliás, falar disso, atrapalha o governo”, afirmou.

Maia e o presidente Jair Bolsonaro protagonizaram uma intensa troca de farpas recentemente sobre a articulação política do governo em torno da reforma, mas a animosidade aparentemente havia sido estancada, com declarações mútuas de paz e da necessidade de aprovar a proposta.

Guedes

Se Maia não fará a articulação política do governo Bolsonaro, o ministro da Economia, Paulo Guedes, também não. No mesmo evento, ele disse não ter a pretensão de executar o papel. “Vocês viram meu desempenho (na audiência da Comissão de Constituição e Justiça, na semana passada). Não tenho temperamento para isso”, afirmou, arrancando risos da plateia.

Na audiência, o ministro bateu boca com vários parlamentares da oposição, especialmente com Zeca Dirceu (PT-PR), que o acusou de ser “tigrão” com os mais pobres e “tchutchuca” com os poderosos. A declaração irritou Guedes – que disse aos berros “Tchuthuca é a mãe, tchutchuca é a avó” – e levou ao encerramento prematuro da sessão.