O ministro Alexandre de Moraes, do STF, confirmou hoje que foi procurado pelo senador Marcos do Val (Podemos-ES) para falar sobre um suposto plano golpista arquitetado por Daniel Silveira e Jair Bolsonaro contra ele.
O ministro qualificou a ofensiva de "Operação Tabajara", "ridícula" e ironizou a "ideia genial" de o grampear. Essa foi a primeira vez que Moraes falou depois das denúncias apresentadas por Do Val sobre um suposto plano de golpe. Ele participou, por videoconferência, de evento realizada pelo grupo Lide, em Lisboa.
Essa foi a primeira vez que Moraes falou depois das denúncias apresentadas por Do Val sobre um suposto plano de golpe. Ele participou, por videoconferência, de evento realizada pelo grupo Lide, em Lisboa.
O ministro disse que a conversa com o senador ocorreu no Salão Branco no STF, depois de uma solicitação do parlamentar. Segundo Moraes, Do Val não adiantou qual seria o assunto. Mas, ao chegar ao Supremo, explicou que se reuniu com Silveira e Bolsonaro.
A ideia genial que tiveram foi colocar escuta no senador para que o senador, que não tem nenhuma intimidade comigo --conversei exatamente três vezes na vida com esse senador-- para que o senador pudesse me gravar e, a partir dessa gravação, pudesse solicitar a minha retirada da presidência dos inquéritos.
O ministro disse então que perguntou se o senador estava disposto a colocar essas informações no papel e que tomaria um depoimento formal. Mas o senador indicou que aquilo seria "uma questão de inteligência" e que não poderia confirmar.
"Levantei, agradeci", contou Moraes. Segundo ele, o que não é oficial, não existe.
Foi exatamente essa a tentativa de uma Operação Tabajara, que mostra exatamente o quão ridículo nós chegamos na tentativa de um golpe no Brasil."
A versão apresentada por Moraes coincide com o que Do Val falou ontem sobre o encontro entre os dois no STF.
O parlamentar denunciou que participou de um encontro com Silveira e Bolsonaro no qual foi tratado um plano para grampear Moraes. O objetivo seria obter algo que o levasse à prisão e, com isso, anular a eleição de Lula, o que seria um golpe.
Gilmar Mendes: Brasil "estava sendo governado por uma gente do porão".
Durante o evento, o ministro Gilmar Mendes também reagiu às denúncias feitas pelo senador Do Val.
O que mostra é que a gente estava sendo governado por uma gente do porão [...] Vamos esperar o resultado das investigações, mas essas pessoas se comunicaram.
Lewandowski: Grampear ministro do STF é 'inadmissível'
Também em declaração a jornalistas no evento, o ministro do STF Ricardo Lewandowski disse que as afirmações feitas por Do Val são graves e devem ser apuradas para haver uma eventual responsabilização.
Se o que foi relatado pelo senador é verdadeiro, me parece que isto é um fato muito grave que deve ser apurado e terá, se for verídico, consequências muito sérias."Ricardo Lewandowsk
Ao ser questionado sobre a possibilidade de um ministro do STF ser grampeado, Lewandowski citou uma frase do ex-ministro da Corte Marco Aurélio sobre vivermos "tempos estranhos". "Isso realmente é inadmissível numa democracia."
*O jornalista Jamil Chade viajou a Lisboa a convite do Lide.
