Educação

‘Nossas escolas se parecem com presídios’, diz professor da rede pública

Dayane Laet | 14/03/19 - 14h38
Professores e alunos de escolas sofrem com violência | Reprodução

A tensão vivida por alunos e professores das escolas brasileiras ganhou ainda mais destaque após o atentado que deixou dez mortos e onze feridos na cidade de Suzano, Região Metropolitana de São Paulo.

O TNH1 conversou com um professor de escola pública, que leciona no bairro do Cleto Marques Luz, na parte alta de Maceió. Ele confessou sentir medo em muitos momentos, ao perceber que os adolescentes estão cada vez mais violentos.

“É como ums engrenagem onde a escola tenta se proteger cada vez mais com grades, seguranças, e o ambiente termina parecendo uma prisão”, opinou o educador, que pediu para não ser identificado. “As salas são quentes, sem iluminação adequada para estudar. Isso desestimula ainda mais o aprendizado”, acrescentou.

O que interfere ainda mais no processo de aprendizagem, ainda de acordo com o professor, é a falta de empatia entre os alunos. Muitos deles chegam ao colégio com graves problemas domésticos.

“Calados e com poucos amigos, eles terminam virando chacota entre os colegas que não só desconhecem os problemas, como também não se preocupam em ajudar. Do outro lado, os agressores querem ser populares e parece que a crueldade faz parte do pacote”, comentou o professor.

COMPORTAMENTO IMPREVISÍVEL

O coordenador do curso de Pedagogia da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Eraldo Ferraz, explica que é muito difícil imaginar que um jovem carregue armas dentro de sua mochila escolar. “A única maneira de prever um atentado é observar o dia a dia dos alunos e tentar filtrar quem está mais vulnerável”, aconselhou Eraldo. "E isso não é exclusivo da escola pública: no setor privado também existe vulnerabilidade", assegurou.

Ainda segundo o coordenador, os professores não devem lecionar armados, conforme insinuou o senador Major Olimpo (PSL-SP), ao ser questionado sobre uma solução para evitar episódios como o massacre de Suzano. “Precisamos fazer o caminho inverso, incentivar uma mudança de comportamento através do estudo e não promover mais medo e violência”, observou. “Nossos professores são tão reféns quanto os alunos, estamos todos no mesmo barco”, concluiu Ferraz.