Nordeste

PE registra muitos sem máscaras no 1º fim de semana da obrigatoriedade

Diário de Pernambuco | 03/08/20 - 09h39
Bruna Costa/Diário de Pernambuco

Domingo de sol e primeiro fim de semana após a assinatura do decreto 16.918/2020 que regulamenta a lei sobre a obrigatoriedade do uso de máscaras em todo o estado durante a pandemia. O que se viu em algumas das principais vias de lazer do Recife foi muito descumprimento à determinação. Na orla de Boa Viagem, não eram poucos os que circulavam sem máscaras. No trecho entre o bairro do Recife e a Zona Sul, repleto de muitos ciclistas, vários esqueceram-se do item. A proibição das peladas à beira-mar, ainda vigente, também não foi respeitada por alguns. Nos estabelecimentos fechados, entretanto, a maioria agiu em consonância com a Lei. 

O uso de máscaras passa a ser obrigatório em vias públicas, parques e praças; pontos de ônibus, terminais de transporte coletivo, rodoviárias, portos e aeroportos; veículos de transporte coletivo, táxis e transporte por aplicativos; repartições públicas, estabelecimentos comerciais, industriais, bancários, empresas prestadoras de serviços e quaisquer estabelecimentos e locais em que possa haver aglomeração. Quem estiver sem máscaras na rua será inicialmente orientado pela fiscalização a colocar a proteção. Órgãos públicos e estabelecimentos privados devem proibir a entrada de pessoas que não estiverem utilizando máscaras e orientar sobre a necessidade do uso. Em caso de recusa, deverão determinar a retirada do infrator, inclusive com o acionamento de força policial.; As empresas que descumprirem a norma poderão ser autuadas e sofrer desde uma advertência até multas entre R$ 1 mil e R$ 100 mil, dependendo do porte do estabelecimento. 

Em um domingo ensolarado, embora com chuvas leves, o calçadão da Avenida Boa Viagem estava repleto de pessoas de todas as idades. Boa tarde delas ainda sem respeitarem a lei. João Nascimento (nome fictício) estava sem máscara e alegou desconhecimento da nova determinação. “Não sabia que valia para locais abertos como este também. Achava que dizia respeito apenas a lugares fechados. Acho que deveria haver mais divulgação quanto a isto, com placas espalhadas ao longo da orla”, afirma. O casal Júnior e Andréa (nome fictício) por sua vez, não creditaram ao desconhecimento o fato de estarem sentados no calçadão sem as máscaras. “Mesmo já tendo sido contaminada pela Covid, costumo usar sempre. Só retiramos durante alguns minutos para namorarmos um pouco aqui”, afirma Andréa. A situação destas três pessoas é realmente algo visto com frequência para quem trabalha na orla. Juliene Fernanda, atendente de um quiosque, conta que aproximadamente 30% do público circula sem o adereço. “Aqui, usamos a máscara o tempo inteiro e higienizamos todos os alimentos, bebidas, cardápio, mas muitos clientes já chegam sem a proteção. Então, costumo lembrar que é preciso utilizar”, afirma.

Na tradicional Padaria Boa Viagem, a grande maioria dos clientes estava devidamente munida do apetrecho. O que, de acordo com o diretor do estabelecimento, Marcelo Gonçalves, tem sido rotina. “Acredito que 95% das pessoas que entram aqui, utilizam as máscaras. Como estamos em uma área de praia, acontece, às vezes, de pessoas que ingeriram bebidas alcoólicas fiquem meio alterados, esquecidas e tentem entrar sem, mas estamos com funcionários na portaria orientando e com vários cartazes lembrando da obrigatoriedade”, afirma. Já no Pina, mesmo em recintos fechados para a prática de atividades esportivas, grupos treinavam basquete enquanto outros jogavam a “pelada” de fim de semana, práticas ainda proibidas pelo estado.

A fiscalização será realizada por órgãos estaduais e municipais de vigilância sanitária, defesa do consumidor, defesa social, fiscalização do trabalho e do transporte, em articulação com a Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE). Durante trajeto da reportagem para a elaboração da matéria, não foram visualizadas ações de fiscalização. Por meio de nota, a assessoria de imprensa da Polícia Militar informou que os policiais empregados nas fiscalizações sanitárias estão trabalhando de forma integrada com outros órgãos. A coordenação e orientação das ações partem do Centro Integrado de Comando e Controle Regional (órgão competente para receber as denúncias), onde estão reunidos diversos órgãos interligados ao Gabinete de Gerenciamento da Covid-19.

Afirma, ainda, que no caso da prática de esportes coletivos, praticados na areia da praia e quadras esportivas, ainda segue proibida, já que, em alguns casos, há o compartilhamento de objetos. “O comando do 19º BPM tem estudado periodicamente o assunto, atualizando os conhecimentos com o efetivo da Unidade. E, de costume, a população tem cooperado, seja denunciando por meio do 190, bem como aderindo às normas de saúde pública.  Quanto ao uso correto das máscaras, a polícia e os agentes públicos estão fazendo seu papel. E a população pode ajudar nesse trabalho, ajudando a fiscalizar e cobrar dos demais cidadãos o uso do equipamento de proteção”, finaliza.