Brasil

Polícia descarta participação de segunda pessoa na morte de Raíssa Eloá

Folhapress | 18/10/19 - 23h27
Reprodução

A polícia descartou nesta sexta-feira (18) a participação de uma segunda pessoa no assassinato da menina Raíssa Eloá Capareli Ddona, 9 anos. O delegado Luiz Eduardo Marturano afirmou que o adolescente de 12 anos, que está internado em uma unidade da Fundação Casa, é o único envolvido no crime.

Segundo o delegado, nas últimas três semanas de investigações, a polícia constatou que um homem, mencionado pelo menor, em um de seus depoimentos como suposto cúmplice do assassinato, "não existe".

O corpo da garota foi encontrado amarrado em uma árvore, e com diversas marcas de violência, no dia 29 de setembro, no parque Anhanguera (zona norte da capital paulista).

"Ouvimos 20 seguranças [do parque onde o corpo de Raíssa foi encontrado] e analisamos imagens de câmeras. Esse indivíduo foi criado por ele [menor]", afirmou o titular da 5ª Delegacia de Repressão aos Crimes contra a Criança e o Adolescente do DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa).

Em um dos depoimentos, o adolescente contou, segundo a polícia, que um homem de bicicleta, vestindo camiseta cinza e calça branca, de boné, abordou o garoto e a menina quando eles estavam indo para o parque. E que teria levado os dois para o local do crime.

O menino ainda apresentou duas versões. Em uma delas, afirmou que apenas encontrou o corpo de Raíssa. Na outra, assumiu a autoria do crime, segundo a polícia.

O delegado afirmou que aguarda os resultados de exames de DNA para constatar se outra pessoa teria ajudado o adolescente no crime. Segundo laudo do Instituto de Criminalística e do Instituto Médico Legal, foi encontrado sêmen no corpo da garota, que foi estuprada antes de ser morta. Porém, até o momento, o menor é o único suspeito apontado pela polícia. "Temos certeza do envolvimento dele no crime", afirmou o delegado do DHPP.

Marturano ainda disse que o adolescente se "inspirou" em filmes de violência e de terror para agredir Raíssa. Os títulos dos filmes relatados pelo garoto em depoimento, segundo a polícia, constam no inquérito que investiga o caso, mas o delegado se negou a dizer quais são.

O policial também afirmou que relatórios da escola onde o adolescente estudava [o delegado não quis expor o nome do colégio], produzidos entre 21 de março e 23 de setembro, indicam que ele mantinha um comportamento agressivo e "inapropriado" com alunas. "Ele apresentou um comportamento obsceno com meninas e agrediu um garoto especial", afirmou o delegado.

Na semana que antecedeu ao assassinato de Raíssa, disse Marturano, o adolescente foi suspenso da escola acusado de furar colegas com uma agulha. Os relatórios escolares, ainda segundo a polícia, foram encaminhados ao Conselho Tutelar e também aos pais do garoto.

Segundo a polícia, o menor suspeito do crime entrou em contradição várias vezes em seus depoimentos. Sobre o fio usado para amarrar Raíssa, o garoto primeiro disse que ele foi levado ao local do crime pelo cúmplice, que o delegado afirmou não existir nesta sexta. Depois, de acordo com o policial, contou ter carregado o fio em uma sacola e, por fim, que ele estava amarrado à sua cintura.

O adolescente também teria mentido, segundo o delegado, sobre uma mancha de sangue em sua camiseta, instantes depois de o corpo de Raíssa ser encontrado. Segundo a polícia, ele primeiro disse que havia matado um pernilongo sobre a roupa. Depois, que encostou no sangue da menina, para cheirá-lo e, em seguida, o limpou na camiseta.

O crime Antes de ser encontrada morta, Raíssa estava com sua mãe em uma festa no CEU (Centro de Educação Unificada) Anhanguera, na região de Perus (zona norte), quando desapareceu. Seu corpo foi encontrado cerca de uma hora depois amarrado em uma árvore no parque Anhanguera.

Imagens de uma câmera de monitoramento mostram Raíssa e o adolescente, que foi apreendido, caminhando de mãos dadas momentos antes de a criança ser assassinada. Em depoimento, segundo a polícia, o menor afirmou que brincou com a menina antes de matá-la. A polícia investiga se o menor foi ajudado por outra pessoa a realizar o crime.

O delegado Luiz Eduardo Marturano afirmou anteriormente que o menor, após brincar com a menina, a agrediu com socos no rosto. "Depois ele disse que a empurrou para uma árvore, a amarrou [na região do pescoço] e a agrediu novamente", afirmou o delegado na ocasião.

Ele acrescentou que a menina estava consciente quando foi amarrada com um tipo de fio. E que voltou a ser espancada, desta vez com um pedaço de madeira. O objeto, no entanto, não foi localizado. Após as agressões, Raíssa foi asfixiada e enforcada.