Brasil

Polícia indicia mãe que drogou filho, colocou dentro de mala e jogou em rio no Rio Grande do Sul

Polícia indicia mãe e companheira por morte de criança no RS; buscas seguem

Folhapress | 11/08/21 - 10h39
O corpo da criança ainda não foi localizado | Foto: Reprodução

A Polícia Civil do Rio Grande do Sul indiciou por homicídio duplamente qualificado, tortura e ocultação de cadáver a mãe do menino de sete anos que teria sido morto na cidade de Imbé, litoral norte do estado, no final de julho, e a companheira dela. As buscas pelo corpo da criança seguem.

O inquérito policial foi recebido pelo Ministério Público Estadual nesta segunda-feira (9) e tramita na Promotoria de Justiça Criminal de Tramandaí. O delegado responsável pelo caso, Antônio Carlos Ractz Jr, enviou peças complementares à prisão em flagrante para a Justiça no fim de semana.

Segundo a investigação, a dupla qualificação do crime de homicídio foi definida pelo fato de o mesmo ter sido cometido mediante meio cruel e recurso que impossibilitou a defesa da vítima, com aumento de pena por se tratar de menor de 14 anos. No caso da mãe, há ainda agravante de crime praticado contra descendente.

No dia 29 de julho, Yasmin Vaz dos Santos Rodrigues procurou uma delegacia para registrar o suposto desaparecimento do filho Miguel, 7, que segundo ela completava dois dias. À polícia ela alegou que pesquisou na internet que esse era o tempo de espera para que o registro pudesse ser feito.

Depois de suspeita dos policiais, segundo a investigação, ela confessou ter dopado a criança e jogado o corpo no rio Tramandaí.

Ela e a companheira, Bruna Nathieli Porto da Rosa, relataram ter sido usada uma mala com rodinhas para transportar o corpo do menino. Conforme as imagens divulgadas pela polícia, o objeto, que foi encaminhado para perícia, é uma espécie de sacola de viagem de lona.

Na semana passada, em perícia em dois endereços onde o casal e a criança residiram em Imbé, a polícia encontrou cadernos que apontariam que o menino era obrigado a escrever frases ofensivas como "não mereço a mamãe que eu tenho" e "sou um filho horrível".

A investigação também divulgou vídeos gravados pela companheira da mãe conversando com o menino e mensagens dela com a irmã –em uma delas, a mulher diz que a criança estragou seu namoro.

Jean Severo, o novo advogado de Yasmin, que assumiu o caso na semana passada, depois da saída de outro defensor, diz que sua cliente afirma ter se sentido coagida para confessar o crime na delegacia e que ela não confirma a morte de Miguel.

"A gente encara com naturalidade esse indiciamento. Ela se diz inocente e só irá falar tudo o que aconteceu em frente ao juiz, no momento da instrução, quando ela for interrogada", diz Severo.

As duas seguem presas. Yasmin está na Penitenciária Estadual Feminina de Guaíba, na região metropolitana de Porto Alegre. Bruna foi transferida para o Instituto Psiquiátrico Forense, na semana passada, onde aguarda avaliação médica. A reportagem não conseguiu contato com a defesa dela.

Em 13 dias de operações para procurar o corpo da criança, o Corpo de Bombeiros Militar fez buscas pelo rio, onde a mãe apontou que deixou o menino, na orla de municípios do litoral para onde o corpo da criança poderia ter sido levado pelas águas e por terra, no trajeto que a mãe teria percorrido entre a casa onde a família vivia e o ponto onde ela teria alegado que o deixou. As buscas contaram com apoio de helicópteros, drones e cães farejadores.

Nesta terça-feira (10), os trabalhos se concentraram em uma varredura na orla de oito municípios, de Torres a Mostardas, com veículos dos Bombeiros. A Marinha e pescadores da região também se mantém em alerta para sinais e objetos que possam ser encontrados no mar.

Segundo o tenente Elísio Oliveira Lucrécio, comandante do Pelotão de Bombeiros em Tramandaí, o tempo fechado no litoral dificulta os trabalhos das equipes.

"A chuva deixa o mar baixo, não é impeditivo para realização das buscas. O vento sim atrapalha e muito, pois conforme a sua direção deixa o mar mexido, atrapalhando a visualização."