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'Só sinto raiva', diz marido de jovem que perdeu mama e teve mão amputada em atropelamento no DF

Correio Braziliense | 19/08/20 - 08h47
Divulgação / PC DF

O motorista acusado de colidir contra uma motocicleta e atropelar duas pessoas, no último domingo, apresentou-se na 10ª Delegacia de Polícia (Lago Sul), na tarde desta terça-feira (18/8). O assessor parlamentar Caio Ericson Ferraz Pontes de Mello, de 32 anos, chegou à unidade policial acompanhado de dois advogados e afirmou ter tido um “apagão” sobre o acidente. A moto era conduzida por Douglas Gonçalves dos Santos, 20, que teve ferimentos leves. A mulher dele, que estava na garupa, Paula Thais Gomes Oliveira, 18, segue internada em estado gravíssimo no Hospital de Base, após perder o seio esquerdo e ter a mão esquerda amputada. O caso aconteceu no Distrito Federal.

Policiais civis chegaram até o suspeito por meio de uma familiar dele, que está registrada como a dona do veículo. Em menos de 12 horas, os agentes identificaram Caio Ericson, e apuraram que o VW Up! branco havia sido levado para conserto em uma oficina no Guará. No local, o carro estava sem a placa dianteira. Além disso, o parachoque e o protetor inferior do motor estavam soltos. Com a primeira fase da investigação elucidada, o assessor foi intimado a prestar esclarecimentos.

Em depoimento, o acusado afirmou ter sofrido um ‘apagão’. Ele estava no restaurante Camarões, próximo ao Lake Side, como explica o delegado Wellington Barros, chefe da 10ª DP. “O suspeito afirmou que voltou à consciência quando estava em casa. Não soube dizer como foi o acidente, o que ocorreu e que havia se envolvido em uma colisão. Além disso, afirmou não ter ingerido bebida alcoólica”.

A defesa do assessor, realizada pela advogada Ana Carolina Alipaz, afirma que o acusado está colaborando com as investigações e que está à disposição das vítimas. “O Caio está em estado de choque com o ocorrido, e está muito abalado, pois jamais teve a intenção de ocasionar danos a qualquer pessoa. Ele está com grave depressão, passando por um divórcio e tomando medicações fortes. Ainda, ele não bebeu ou usou qualquer droga antes do caso”, esclarece.

“Caio estava inconsciente no momento do acidente e não se lembra do ocorrido. Temos de aguardar maiores detalhes das investigações. Mas ele está totalmente solidário à vítima e aos familiares dela”, finaliza a advogada.

Caio Ericson bateu na traseira da motocicleta no pardal de velocidade da QI 19 do Lago Sul, por volta das 2h20 de domingo. Em entrevista, o motoboy Douglas relata que reduziu no radar e, nesse momento, sentiu o impacto da batida. “A última coisa que vi foi a luz do farol pelo retrovisor. Depois, só me vi embaixo do carro, que começou a acelerar, passando por cima das minhas pernas e da moto”, conta.

O motorista seguiu com a segunda vítima, Paula Thais, no capô do veículo. Ela foi arrastada pelo veículo, sofrendo queimaduras intensas na parte superior do corpo. No Hospital de Base, ela precisou reconstruir a mama esquerda e passou por uma cirurgia, com o objetivo de salvar o ligamento da mão esquerda. Contudo, o último procedimento não teve sucesso e ela amputou o membro, na segunda-feira. “Aguardamos que a jovem apresente evolução no quadro de saúde para conversarmos com ela. Ela perdeu um membro e está completamente traumatizada”, frisa o delegado Wellington Barros.

O marido dela, Douglas, destaca que “nesse momento, tudo o que eu consigo sentir é raiva do que o motorista fez. Ele colidiu e fugiu, e a atitude dele está causando um sofrimento muito grande à Thais e a nossa família. O que eu quero é que a justiça seja feita.”