Alagoas

Técnicos coletam água no Velho Chico para análise de mancha

23/11/15 - 06h44

Técnicos coletam amostras no Velho Chico (Crédito: Ascom / MPE)

Técnicos coletam amostras no Velho Chico (Crédito: Ascom / MPE)

Neste domingo (22), técnicos da Fiscalização Preventiva Integrada (FPI) percorreram cerca de 55 quilômetros do “Velho Chico”, coletaram dezenas de amostras de água, que, agora, serão submetidas a análises laboratoriais para confirmar se o rio pode mesmo continuar servindo de abastecimento para municípios do Sertão alagoano.

O Instituto do Meio Ambiente (IMA) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) estão estudando a qualidade da água, depois que uma mancha escura no Rio São Francisco obrigou a Companhia de Abastecimento de Alagoas (Casal) a suspender o fornecimento de água para milhares de pessoas, nos meses de abril e junho.

Leia mais: Reaparecimento de mancha no São Francisco paralisa abastecimento no Sertão

Dessa vez, a FPI, aproveitando a presença dos técnicos do Ibama no programa, tomou para si a responsabilidade de fazer a 5ª coleta. Foram percorridos 55 quilômetros entre as cidades de Piranhas (AL) e Paulo Afonso (BA) e, neles, os analistas ambientais recolheram água em 10 pontos diferentes, todos dentro do reservatório da Usina Hidrelétrica de Xingó.

O material recolhido será analisado pelo Laboratório de Hidroquímica da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e caberá ao professor doutor Paulo Petter apresentar os resultados.

 Cianobactérias

Após o trabalho deste domingo, a FPI vai querer saber se as cianobactérias ainda continuam presentes nas águas do Rio São Francisco. “Já havíamos feito quatro coletas. Isso vem ocorrendo desde abril, quando aconteceu aquele fenômeno. Todos os relatórios apontaram para um processo de eutrofização, que é o enriquecimento do ambiente com nutrientes e floração de algas de uma espécie de dinoflagelados.

Nesse caso, essa espécie invasora conseguiu se multiplicar, dominar aquele ecossistema e sua abundância modificou a cor da água, dando-a uma coloração marrom e preta. E o último estudo comprovou um fato ainda mais grave, as cianobactérias se proliferaram nas águas do Lago do Xingó”, explicou Rivaldo Couto, analista ambiental do Ibama e integrante do Núcleo de Emergências Ambientais do órgão.

“O perigo das cianobactérias é que elas podem ser extremamente agressivas à saúde humana. São microalgas que podem causar desde uma simples diarreia, passando por problemas no trato intestinal, até a morte. Nesse último caso, isso pode ocorrer se elas forem consumidas em concentração elevada”, acrescentou Rivaldo Couto.

Em 22 de fevereiro passado, as usinas de Paulo Afonso I, II e III, ligadas a Usina Hidrelétrica do São Francisco (chesf), fizeram o esvaziamento do seu reservatório, o que permitiu que não somente água fosse liberada. Com ela, foram descartados também matéria orgânica, metais pesados e muito lodo. E tudo isso junto, associado ao esgoto que é jogado no rio ao longo de todo o seu curso, pode ter causado o surgimento das microalgas invasoras. Essa é a principal hipótese investigada.

Veja vídeo com registro de moradores: 

O que será analisado

A FPI recolheu a água de diferentes formas. Através da sonda multiparamétrica, vários parâmetros serão mensurados, a exemplo de temperatura, saturação, oxigênio, PH e turbidez.

Já as amostras que foram acondicionadas nos frascos serão avaliadas quanto a clorofila, os sólidos em suspensão (que aferem todo o material orgânico e mineral contido na água) e nitrogênio e fósforo (que podem ser indícios da entrada de esgoto dentro do rio).

Um outro equipamento coletou mais água para que pudesse ser medida a quantidade de fitoplâncton no manancial. O resultado apontará as espécies e a densidade das microalgas encontradas.