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Terra plana? Pesquisadores culpam YouTube por ascensão da teoria da conspiração

Pesquisadora da Universidade de Tecnologia do Texas entrevistou 30 terraplanistas sobre como passaram a acreditar na teoria. Apenas um deles disse não ter sido convencido por vídeos do YouTube

Olhar Digital | 19/02/19 - 21h45
Terra plana | Reprodução

O YouTube ainda está repleto de informações infundadas e notícias falsas, apesar de tomar medidas para neutralizar materiais enganosos. Por esse motivo, mais uma vez a plataforma é alvo de polêmicas: pesquisas sugerem que o número crescente de terraplanistas (pessoas que acreditam que a Terra é plana) pode ser atribuído à grande quantidade de vídeos de teorias da conspiração hospedados no site.

A professora assistente de Comunicação Científica da Universidade de Tecnologia do Texas, Asheley Landrum, conversou com 30 terraplanistas para sua pesquisa sobre o tema. Com exceção de um, todos disseram que não consideravam a Terra plana até assistirem a vídeos sobre a hipótese no YouTube.

De acordo com ela, o único que não apontou o serviço como catalisador para a mudança de opinião disse ter sido convencido por familiares que acreditam na teoria — e que eles, sim, foram convencidos por vídeos da plataforma.

Landrum diz, ainda, que a maioria dos materiais foi recomendada aos entrevistados depois que eles assistiram a conteúdo sobre outras conspirações, como explicações alternativas ao atentado terrorista de 11 de setembro nos EUA e falsas teorias sobre o pouso na Lua.

Conteúdos com fatos podem ajudar a combater a desinformação
A pesquisadora apresentou os resultados da pesquisa na reunião anual da Associação Americana para o Avanço da Ciência (American Association for the Advancement of Science - AAAS), em Washington. Ela sugeriu como solução que cientistas e youtubers produzam conteúdo com fatos para combater a enorme quantidade de vídeos sobre teorias da conspiração. 

O especialista em inteligência artificial (IA), Guillaume Chaslot, explicou em um tweet que esses vídeos  tendem a ser mais promovidos pelo algoritmo do YouTube. Isso porque plataformas que usam IA normalmente determinam materiais de destaque a partir da atividade de pequenos grupos de usuários ativos. Por esses e outros problemas relacionados a fake news, o YouTube anunciou recentemente que vai mudar sua IA, em uma tentativa de melhorar a qualidade do conteúdo.