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Tragédia em Mariana: entre multas e acordos, Samarco tem prejuízo de R$ 1,7 bi

17/11/15 - 06h17


Desde o rompimento de uma barragem de rejeitos no dia 5 de novembro em Mariana, na região central de Minas Gerais, a Samarco, empresa controlada pela Vale e pela anglo-australiana BHP Billiton, "perdeu" R$ 1,7 bilhão entre multas, acordos e bloqueio de dinheiro.

Com as atividades interrompidas desde o dia 6, a empresa deixou de ganhar R$ 250 milhões com a exploração de minério no Complexo de Germano. Com faturamento bruto de R$ 7,5 bilhões no último ano, a Samarco lucrava em torno de R$ 20,5 milhões por dia.

A tragédia, que deixou pelo menos sete pessoas mortas e outras 12 desaparecidas, destruiu o vilarejo de Bento Rodrigues, interrompeu o abastecimento de água para 800 mil pessoas em Minas e no Espírito Santo e causou danos ainda imensuráveis e que podem ser irreversíveis ao meio ambiente em um raio de 700 km.

O valor das indenizações, que pode aumentar, corresponde a 53% do lucro líquido da Samarco. Em 2014, a mineradora faturou R$ 2,8 bilhões líquidos. Neste ano, os investimentos já somavam R$ 1,3 bilhão. Somente para a compra de veículos, a mineradora havia desembolsado R$ 150 milhões.

O primeiro "golpe" sentido pela companhia foi de R$ 250 milhões: a Samarco recebeu quatro multas preliminares do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e de Recursos Naturais Renováveis), cada uma de R$ 50 milhões, o máximo permitido para autos de infração administrativa.

Segundo a presidente Dilma Rousseff, as multas foram por "causar poluição de rios, provocando danos à saúde humana, tornar áreas urbanas ou rurais impróprias para ocupação humana, causar poluição hídrica que leva à interrupção do abastecimento de água, lançar resíduos em desacordo com os padrões de qualidade previstos em lei e, quinto, provocar a emissão de efluentes ou carreamento de materiais que causem danos à biodiversidade".

Em seguida, a Justiça de Minas bloqueou R$ 300 milhões da conta da mineradora. A quantia deverá ser usada exclusivamente para a reparação dos danos causados às vítimas do rompimento da barragem Fundão. Já na segunda-feira (16), a Samarco fez um acordo com o Ministério Público do Estado e o Ministério Público Federal garantindo R$ 1 bilhão para reparar os danos ambientais causados pela tragédia.

O Termo de Compromisso Preliminar vai custear "medidas preventivas emergenciais, mitigatórias, reparadoras ou compensatórias mínimas decorrentes do rompimento da barragem de rejeitos". O documento não impede ações futuras contra a companhia.

Por meio de nota, a Samarco informou ao R7 que depositará 50% do valor total em até 10 dias, totalizando R$ 500 milhões. A empresa apresentará em 30 dias as garantias em relação ao valor restante. Sobre as multas do Ibama e o bloqueio por parte do TJMG, a mineradora disse ainda não ter sido notificada.



Fonte: R7