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Três múmias do Egito Antigo têm rostos projetados por reconstruções digitais

Olhar Digital | 28/09/21 - 09h31

Três homens que viveram no antigo Egito há mais de 2 mil anos tiveram suas faces reformuladas por reconstruções digitais. As projeções mostram os homens aos 25 anos, com base em dados de DNA extraídos de suas múmias.

Os restos mortais são originários de Abusir el-Meleq, uma antiga cidade egípcia ao sul do Cairo, e foram enterrados entre 1380 a.C. e 425 d.C.. Cientistas do Instituto Max Planck para a Ciência da História Humana, em Tübingen, na Alemanha, sequenciaram o DNA das múmias em 2017, resultando na primeira reconstrução bem sucedida do genoma de uma múmia egípcia antiga.

Agora, pesquisadores da Parabon NanoLabs, uma empresa de tecnologia de DNA em Reston, Virgínia, nos EUA, usaram esses dados genéticos para criar modelos 3D dos rostos das múmias por meio de um processo chamado fenotipagem forense de DNA, que usa análise genética para prever a forma das características faciais e outros aspectos da aparência física de uma pessoa.

“Esta é a primeira vez que uma fenotipagem abrangente de DNA foi realizada nos restos mortais de humanos dessa idade”, disseram representantes da Parabon em um comunicado. O trabalho revelou os rostos das múmias no último dia 15, durante o 32º Simpósio Internacional de Identificação Humana, em Orlando, na Flórida. 

Cientistas usam ferramenta de fenotipagem para refazer faces das múmias

De acordo com o Live Science, os cientistas usaram uma ferramenta de fenotipagem chamada Snapshot para prever a ancestralidade masculina, a cor da pele e as características faciais. 

Eles descobriram que os homens tinham pele morena clara com olhos e cabelos escuros e que, no geral, sua composição genética era mais próxima da dos indivíduos modernos do Mediterrâneo ou do Oriente Médio do que dos egípcios modernos.

Os pesquisadores então geraram malhas 3D delineando as características faciais das múmias e calcularam mapas de calor para destacar as diferenças entre os três indivíduos e refinar os detalhes de cada rosto. 

Esses resultados foram combinados com as previsões da Snapshot sobre a cor da pele, olhos e cabelo.

Segundo os pesquisadores, trabalhar com DNA humano antigo pode ser desafiador por dois motivos. O primeiro é que o DNA costuma ser altamente degradado. Em segundo lugar, o material geralmente é misturado com DNA de bactérias, de acordo com Ellen Greytak, diretora de bioinformática da Parabon. “Entre esses dois fatores, a quantidade de DNA humano disponível para sequenciar pode ser muito pequena”.

No entanto, como a maioria do DNA é compartilhada entre todos os humanos, os cientistas não precisam de todo o genoma para obter uma imagem física de uma pessoa. Em vez disso, eles só precisam analisar certos pontos específicos no genoma que diferem entre as pessoas, conhecidos como polimorfismos de nucleotídeo único (SNPs). “Muitos desses SNPs codificam as diferenças físicas entre os indivíduos”, disse Greytak.

Técnica pode ser usada para identificar vestígios da atualidade

Todavia, às vezes, o DNA antigo não fornece SNPs suficientes para identificar uma determinada característica. “Nesses casos, os cientistas podem substituir os dados genéticos ausentes por valores alternativos que vêm de outros SNPs próximos”, explicou Janet Cady, cientista de bioinformática da Parabon. 

“As estatísticas que são calculadas a partir de milhares de genomas revelam o quão intimamente associado cada SNP está com um vizinho ausente”, disse Cady. “A partir daí, os pesquisadores podem fazer uma previsão estatística de qual era o SNP ausente”.

De acordo com Greytak, os processos usados ​​nessas múmias antigas também podem ajudar os cientistas a recriar rostos para identificar vestígios modernos. “Dos cerca de 175 casos arquivados que os pesquisadores do Parabon ajudaram a resolver usando a genealogia genética, nove foram analisados ​​usando as técnicas desse estudo”, disse ela.