Política

Trump vai a hotel de Bolsonaro, mas não se encontra com presidente

Marina Dias e Bruno Boghossian/Folhapress | 23/09/19 - 22h42
Reprodução/Bloomberg

O presidente Donald Trump foi nesta segunda-feira (23) ao hotel onde Jair Bolsonaro está hospedado em Nova York, mas não se encontrou com o líder brasileiro.

Segundo integrantes do Planalto, a comitiva de Bolsonaro foi avisada de que o americano estaria no hotel para outras reuniões, e ainda insiste para que um encontro entre os dois seja marcada até esta terça (24).

Bolsonaro chegou ao hotel pouco antes das 17h desta segunda, e Trump saiu perto das 19h, depois de se reunir com os presidentes do Egito e da Coreia do Sul.

O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, também estava no local.

Mais cedo, durante eventos na ONU, Trump foi questionado sobre um possível encontro com Bolsonaro. Ateve-se a dizer que o brasileiro "é um bom homem", mas não respondeu se iria se reunir com ele.

Em recuperação de uma cirurgia que corrigiu hérnia decorrente da facada que levou no ano passado, Bolsonaro já havia cancelado encontros bilaterais durante sua passagem pelos EUA, mas disse que jantaria com Trump mesmo assim.

Esse encontro, porém, não aparece na agenda oficial do brasileiro.

A comitiva de Bolsonaro informou que tentará acertar um encontro com Trump, embora a passagem encurtada do presidente por Nova York imponha limitações a essa agenda. O presidente discursa na Assembleia Geral na manhã de terça (24) e volta a Brasília à noite.

O Planalto costurava uma série de encontros bilaterais entre Bolsonaro e outros chefes de Estado, mas cancelou todos eles antes do embarque para os EUA.

Segundo o assessor para assuntos internacionais Filipe Martins, o presidente viajou com restrições médicas e preferiu não assumir compromissos. "Ele achou que poderia ser ofensivo se encontrasse um líder e não tivesse possibilidade de encontrar outros", afirmou.

Martins relatou que Bolsonaro sentiu desconforto durante o voo e precisou usar o quarto privativo no avião presidencial, algo considerado incomum em sua rotina. Ele passou, no dia 8, pela quarta cirurgia após o ataque a faca sofrido durante a campanha presidencial de 2018.

Além de reuniões com líderes políticos, Bolsonaro precisou desmarcar outros encontros. Ele cancelou um jantar com empresários da comunidade judaica previsto para esta segunda-feira. O chanceler Ernesto Araújo participou de uma conversa com o grupo em seu lugar.

O único encontro de Bolsonaro previsto para esta viagem é uma visita do ex-prefeito de Nova York Rudolph Giuliani, que também é advogado de Trump. Ele vai ao hotel do presidente brasileiro nesta terça para entregar um presente.

Giuliani saiu em defesa de Bolsonaro em maio, quando o atual prefeito de Nova York, o democrata Bill de Blasio, fez críticas ao brasileiro às vésperas de uma viagem que acabou cancelada pelo Planalto devido a possibilidades de protestos.

O principal item da agenda do presidente esta semana é o discurso na ONU. Bolsonaro fez ajustes no texto que havia sido elaborado por Ernesto, por Martins, pelo ministro Augusto Heleno (Ganinete de Segurança Institucional) e por Eduardo Bolsonaro.

Segundo Martins, o presidente não tem preocupações com a duração do discurso, protocolarmente previsto para 20 minutos. No Fórum Econômico Mundial de Davos, em janeiro, Bolsonaro chamou atenção ao falar por cerca de seis minutos -o tempo alocado para ele era de 15 minutos.

"O presidente tem um estilo muito direto. Ele quer passar a mensagem, seja em cinco minutos ou em meia hora", disse o assessor internacional do Planalto.

Bolsonaro descansou no hotel e se reuniu com ministros que integram sua comitiva. Enquanto isso, sua mulher, Michelle Bolsonaro, participou de um encontro de primeiras-damas organizado pela delegação do Paraguai. Ela também tinha uma agenda prevista com a primeira-dama da República Dominicana. Na terça-feira, Michelle participa de um evento da Unicef sobre crianças e pessoas com dificuldades de desenvolvimento e deficiências.