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Tubarão é visto em praia de Itanhaém, litoral paulista; veja

Folhapress | 22/02/22 - 18h09
Reprodução / Abemael de Lima no Facebook

Banhistas que se refrescavam na região conhecida como Boca da Barra, em Itanhaém, no litoral paulista, ficaram frente a frente com um tubarão de aproximadamente dois metros, na tarde desta segunda-feira (21).

Um vídeo que registrou a presença do animal na parte rasa da praia, junto aos banhistas, viralizou nas redes sociais. O marinheiro Anderson Café, 42, que fez as imagens, contou que trabalha em uma marina no local e, ao ver o tubarão tão perto da praia, resolveu filmá-lo.

Segundo ele, a Boca da Barra é o encontro do rio Itanhaém com a praia do Centro e é comum avistar tubarões e cações na região. "Mas nunca tinha visto ir para a praia ou entrar no rio, como esse", conta.

Nas imagens é possível ver o tubarão, que aparenta estar encalhado, sendo puxado por um homem para a parte mais funda, onde consegue voltar a nadar. Segundo Café, mesmo com a presença de tubarões na região, não há registro de ataque a banhistas, pois há muitos peixes que servem de alimento para eles.

Para o biólogo Iran Augusto Neves, mestre em ciências pela Faculdade de Medicina Veterinária da USP e que viu as imagens, trata-se aparentemente de um tubarão-ponta-negra ou tubarão-galha-preta, por causa da sua linha dorsal. De acordo com ele, ambas espécies costumam nadar pela região costeira.

"Na maioria das circunstâncias, o tubarão-ponta-negra tem um comportamento tímido e é facilmente assustado pelos nadadores. No entanto, suas preferências de habitat costeiro o colocam em contato frequente com seres humanos e, portanto, são considerados potencialmente perigosos", explicou.

O biólogo Otto Gadig, professor da Unesp (Universidade Estadual Paulista) de São Vicente, também é outro profissional que creditou o animal como um galha-preta, de nome científico Carcharhinus brevipinna. "É um bicho comum na costa. Ele ocorre normalmente no litoral do Sudeste, sobretudo no verão. Ali era uma fêmea adulta, que estava com problema de desorientação", afirmou o profissional, que contou estudar a vida marinha em Itanhaém há mais de 30 anos, sobretudo a de tubarões.

Gadig ressaltou que o tubarão-galha-preta não representa perigo ao banhista. "Ali teve um momento que poderia ter algum estresse do animal estar desorientado, perturbado, e as pessoas mexendo nele, ele poderia reagir e morder. Mas isso seria uma defesa de tubarão, não um ataque de tubarão."

"Ponta negra é uma tradução literal do nome popular de algumas espécies com manchas negras nas nadadeiras e que habitam a região do indo-pacífico. No Brasil, galha-preta é o termo mais utilizado para as duas que aqui vivem", explicou o biólogo.

Procurado, o Instituto Biopesca, uma associação civil sem fins lucrativos, que tem sede em Praia Grande e atua na conservação de espécies marinhas ameaçadas de extinção, informou que foi avisada da presença de um tubarão ainda vivo na Boca da Barra e orientou os bombeiros marítimos a levarem o animal para águas mais profundas, já que ele fica desorientado no raso, e, assim, poderia ter mais chances de sobrevivência.

Em outro trecho da nota, a organização relatou ter sido novamente acionada na manhã desta terça-feira (22) para um novo caso na mesma região. "Às 5h, o Instituto Biopesca esteve na Boca da Barra, em Itanhaém, à procura de um tubarão cujo encalhe foi notificado por meio de acionamento. Ao chegar ao local, o animal não estava mais lá."