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Universidade japonesa manipula resultados para diminuir aprovação feminina

As candidatas têm suas pontuações rebaixadas para que não sejam aprovadas no curso de Medicina; apenas 18% dos ingressantes de 2018 são mulheres

03/08/18 - 16h59
Tokyo Medical University/Reprodução


O ministro da Educação do Japão condenou nesta sexta-feira (3/8) o escândalo que atingiu o país após a imprensa local relatar que a Universidade de Medicina de Tóquio supostamente fraudou as pontuações obtidas pelos alunos no vestibular para diminuir a quantidade mulheres aprovadas.

“Estamos pedindo [à Universidade de Medicina de Tóquio] para investigar e relatar o mais rápido possível como os exames de admissão foram praticados e se foram feitos corretamente”, disse o ministro Yoshimasa Hayashi em entrevista coletiva. “Vamos esperar pelo relatório e considerar como reagiremos. Em geral, a seleção discriminatória injusta de participantes para as mulheres é totalmente inaceitável.”

Segundo o jornal japonês Yomiuri Shimbun, a universidade vinha rebaixando as pontuações das candidatas no exame desde 2011. Uma fonte que pertence à instituição e não quis se identificar informou que a prática foi motivada por uma crença entre a comunidade médica de que as mulheres abandonam a profissão para se casar ou dar à luz, deixando os hospitais com falta de funcionários.

    Em 2010, 40% dos candidatos aprovados eram mulheres, segundo a publicação. No primeiro ano de implantação das fraudes, o número caiu para 30%. Agora, em 2018, apenas 18% dos que foram aceitos na instituição pertenciam ao sexo feminino, apesar de as mulheres representarem 39% do total de candidatos.

    “Estamos investigando para determinar se esse caso aconteceu”, disse um porta-voz da universidade à emissora americana CNN. “Estamos planejando uma conferência de imprensa quando pudermos compartilhar os fatos. Mas ainda não sabemos quando será.”

    A notícia provocou indignação nas mídias sociais e na comunidade médica. A presidente da Associação Médica de Mulheres do Japão, Yoshiko Maeda, disse que “é absolutamente inaceitável que os estudantes do sexo feminino sejam privados de uma oportunidade de educação apenas porque são mulheres”

    Ela adicionou que não seria surpreendente se outras universidades fizessem o mesmo, uma vez que o Japão não obriga instituições de ensino privadas a aplicar provas para aceitar alunos.