Maceió

Vídeos: disparos de bala de borracha e feridos em protesto de ex-funcionários da Veleiro

João Victor Souza | 25/09/20 - 09h12
Reprodução

O protesto de ex-funcionários da empresa Veleiro terminou com ao menos dois feridos após a chegada de militares do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), por volta das 9h desta sexta-feira, 25, na Avenida Fernandes Lima, em Maceió.

Tiros de bala de borracha e bombas de efeito moral foram disparados contra os manifestantes e houve correria e gritos pelo local. Duas pessoas, sendo um homem e uma mulher, foram presas por desobediência e suspeita de depredação. 

Veja vídeos:

A nova manifestação de ex-trabalhadores da empresa estava sendo realizada desde as primeiras horas da manhã de hoje, nas proximidades do Cepa. A faixa azul ficou bloqueada, nos dois sentidos, enquanto duas faixas da via foram liberadas para o tráfego de veículos. O trânsito ficou lento no local e apenas os ônibus estavam impedidos de seguir viagem.

De acordo com o repórter Bruno Protasio, da TV Pajuçara, que acompanhou a confusão, um trabalhador caiu ao chão depois de uma bomba ter sido arremessada pela polícia e aparentemente ficou desmaiado. Outra pessoa foi atingida por uma bala de borracha, mas ainda não se sabe o estado de saúde dela. Os manifestantes teriam recusado encerrar o movimento.

O trânsito na Fernandes Lima foi totalmente interceptado após a ação dos militares. Os agentes fizeram o bloqueio nos dois sentidos, e no cruzamento próximo ao Cepa, com a pista sendo liberada gradativamente. Vidros de ônibus foram quebrados, assim como pneus furados durante a confusão.

Reivindicações

Os trabalhadores reivindicaram mais uma vez o pagamento de salários, de verbas rescisórias e de outros encargos. Eles alegam que mais de 140 funcionários foram demitidos da empresa de viação e não tiveram os direitos trabalhistas cumpridos. Eles levaram faixas e cartazes para chamar a atenção novamente das autoridades.

Veleiro questiona manifestação

Em nota,  a Veleiro fez críticas ao ato, dizendo que a "conduta desses manifestantes ultrapassa o direito constitucional de manifestação e viola o direitos dos outros".  A entidade diz, ainda, que o local do "litígio", ou seja, da disputa judicial, é a Justiça. 

Confira a nota na íntegra

NOTA OFICIAL 

A empresa Veleiro vem através desta nota informar o seu repúdio as atitudes tomadas nessa manifestação realizada hoje.

Como dito anteriormente, as manifestações vêm sendo realizadas por pessoas que já foram demitidas e por outras pessoas que nunca fizeram parte da empresa Veleiro e são ligadas ao Sindicato dos Rodoviários.

Chama atenção que vários manifestantes usam a farda da Veleiro para querer demonstrar que são empregados da Veleiro, mas não são.

Outro fato que merece destaque é que já existem ações judiciais discutindo os direitos pleiteados pelos funcionários demitidos, com ações propostas pelo Sindicato dos Rodoviários, Ministério Público e dos próprios ex-funcionários, mas o local de discussão de litígio é na justiça.

A conduta desses manifestantes ultrapassa o direito constitucional de manifestação e viola o direitos dos outros.

Ocorre que os fatos praticados pelos manifestantes podem, em tese, ser configurados como crime de coação no curso do processo, de atentado contra o funcionamento do Transporte Público, de dano contra o patrimônio público e privado.

A manifestação ocorrida hoje foi uma surpresa para todos, uma vez que ontem foi realizada uma audiência na Justiça do Trabalho, na qual a empresa informou que já entregou uma proposta ao MPT para por fim aos litígios, inclusive com a presença do Sindicato dos Rodoviários.

No entanto, todos foram pegos de surpresa com os fatos de hoje. 
Necessário reforçar que a empresa Veleiro também é interessada que não ocorram litígios e eventos como os ocorridos hoje.

O cenário econômico do Brasil é crítico em virtude da pandemia provocada pelo COVID-19 que atingiu vários segmentos econômicos, inclusive o segmento da Veleiro, o qual já vem sofrendo desequilíbrio econômico-financeiro há algum tempo. 

Se todos os problemas tiverem que ser resolvidos desta forma, a sociedade viverá em anarquia.

Atualmente, 400 famílias dependem da Veleiro e não há salário e/ou tíquete alimentação atrasados, apesar de todo o cenário de crise econômica e grave desequilíbrio econômico-financeiro dos contratos.

No mais, a Empresa Veleiro se resguardará e aguardará o andamento judicial.