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Vírus ligados à Covid-19 já circulam entre morcegos há décadas, diz estudo

Olhar Digital | 25/11/21 - 10h46
Pixabay

O primeiro caso de coronavírus foi identificado em dezembro de 2019, em um mercado de frutos do mar em Wuhan, na China. No entanto, uma pesquisa sugere que vírus ligados ao da Covid-19 já circulavam entre morcegos do Camboja algumas décadas antes da doença chegar aos humanos.

De acordo com o estudo publicado na revista Nature Communications, amostras de vírus relacionados aos da SARS-CoV-2 foram encontradas em dois morcegos coletados há mais de 10 anos no país asiático. Isso, junto com a recente detecção de outros tipos de coronavírus em animais da mesma espécie em cavernas do Laos, indica que esse patógeno possui uma distribuição geográfica mais ampla do que se imaginava. 

Os pesquisadores encontraram vírus quase idênticos aos da Covid-19 ao fazerem sequenciamento metagenômico em dois morcegos ferradura de Shamel, colhidos no ano de 2010. Os cientistas acreditam ainda que o patógeno circulou ainda em outras espécies de morcegos próximos.

Vírus da Covid-19 em morcegos 

“Essas descobertas ressaltam a importância do aumento do investimento em toda a região na capacidade de ligação para vigilância sustentável de patógenos na vida selvagem, por meio de iniciativas como a WildHealthNet [que mapeia doenças em animais”, disse a  Dra. Lucy Keatts do Programa de Saúde da Wildlife Conservation Society (WCS) e coautora do estudo.

Os cientistas acreditam que a então limitação geográfica da Covid-19 em morcegos era por conta da baixa amostragem de animais da espécie na região do sudoeste asiático. Principalmente nos países de Mianmar, Laos, Tailândia, Camboja e Vietnã, bem como as províncias de Yunnan e Guanxi, na China.

“O sudeste da Ásia hospeda uma grande diversidade de vida selvagem (incluindo morcegos) e um amplo comércio de vida selvagem que coloca os humanos em contato direto com hospedeiros selvagens de coronavírus semelhantes ao da Covid-19. A região está passando por mudanças dramáticas no uso do solo, como desenvolvimento de infraestrutura, desenvolvimento urbano e expansão agrícola, que podem aumentar o contato entre morcegos, outros animais selvagens, animais domésticos e humanos”, completou Keatts.