Alagoas

Amigos de fé: saiba quem são os três desaparecidos após barco naufragar em alto-mar

Theo Chaves | 02/06/22 - 18h31
Os três amigos estão desaparecidos há 13 dias | Foto: Cortesia ao TNH1

"É uma sensação desesperadora após cada informação divulgada de um corpo encontrado à beira-mar ". Esse é o desabafo do filho de Jackson Salazar de Lima, de 17 anos, que ficou aliviado após saber que os corpos encontrados no litoral do Rio Grande do Norte, nessa quarta-feira, 1º, não são dos três amigos desaparecidos em alto-mar, após a embarcação em que estavam naufragar, há 13 dias. Aflitos, familiares e amigos aguardam notícias e nutrem a esperança de encontrar os três amigos com vida. Ao todo, quatro pessoas estavam na embarcação. Apenas uma conseguiu nadar e chegar à praia.

Jackon Salazar, um dos desaparecidos, tem 41 anos e é morador do bairro Clima Bom, em Maceió. Ele vende pastel com caldo de cana e é pastor de uma igreja evangélica onde os três amigos costumam ir para exercer a fé. Jackson tem três filhos e estava há mais de três meses sem pescar. Quando saiu com os amigos naquela sexta-feira, 18, ele estava indo fazer uma das coisas que lhe dava mais prazer na vida.

"Meu pai é muito família. Ele é  pastor de uma igreja aqui no bairro. Ele gostava de pescar todas as segundas. Fazer isso é uma das suas grandes paixões. Meu pai vende pastel e salgados, só pescava por esportes. No dia do acontecido, ele estava eufórico para ir com seus amigos para o mar, pois estava há mais de três meses sem fazer o que gostava. Antes dele sair, eu perguntei se ele estava levando colete e ele disse que sim. Porém, o amigo dele que sobreviveu disse que justo nesse dia o meu pai não tinha levado o colete", disse D.S, filho de Jackson.

A igreja do pastor Jackson tem um diácono, ele é Railton Ferreira de Lima, de 30 anos, que também está desaparecido. Morador do bairro Village Campestre, em Maceió, Railton tem dois filhos e, dos três amigos, é o único que não sabia nadar. No dia em que desapareceu, o diácono não se despediu dos familiares, pois já era comum sua ida para a pescaria.

"Railton trabalha como chaveiro e é apaixonado pela pescaria. Ele não bebe, é diácono de uma igreja. Na sexta-feira,18, ele não avisou que estava indo pescar, pois era habitual isso. Toda semana ele saía com os amigos para ir ao mar, porém ele era o único dos amigos que não sabia nadar. Há poucos meses ele e os outros dois juntaram e compraram uma nova jangada. Essa jangada era mais resistente, feita de fibra e tinha seis lugares", contou Railson Ferreira, irmão de Railton.

O último dos três amigos desaparecidos é o presbítero José Valdir Simões Silvestre, de 48 anos, também morador do Village Campestre, em Maceió. Valdir é artesão de cortinas e tem dois filhos. Ele costuma ir pescar quase toda semana e esteve com a família pela última vez no Dia das Mães. "Ele gosta muito de ir pescar, já é de família. O nosso pai também era pescador e passou isso para os filhos. Meu irmão não bebe, mas sabe nadar. Ele esteve com toda a família no domingo de maio, dia 8. Saiu para pescar com os amigos da igreja, como fazia toda a semana", disse Valmir Simões, irmão de Valdir

Todos os familiares acima relataram a angústia vivida nos últimos diante da procura incessante por informações. Diante das fortes chuvas que atingiram Alagoas, os familiares disseram que as buscas tiveram que ser interrompidas.

O único dos quatro amigos que  conseguiu chegar à praia após o naufrágio foi Ubirajara dos Santos. Ele foi resgatado no dia 19, em Jequiá da Praia, Litoral Sul de Alagoas, após nadar por mais de 24h. De acordo como o sobrevivente, eles fizeram da embarcação virada uma espécie de ‘bote salva-vidas’ para esperar o resgate. Como era acostumado a nadar no mar, Ubirajara decidiu tentar chegar à praia e pedir socorro. Ubirajara contou também que, quando a jangada começou a afundar, todos se preocuparam com Railton, o único que não sabia nadar. 

Motor de embarcação é encontrado por pescadores -  De acordo com informações apuradas pelo TNH1, o  motor de uma embarcação foi encontrada por pescadores em alto-mar próximo a praia do sobral, no dia 29 de maio. Procurado pela reportagem do TNH1, a Capitania dos Portos de Alagoas informou que está analisando o equipamento para identificar a embarcação pertencente.