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Após quase 10 horas detidos, jornalistas da Record TV são liberados na Venezuela

12/02/17 - 09h28
Reprodução/Twitter

Depois de quase dez horas detidos por autoridades venezuelanas, os jornalistas Leandro Stoliar (foto) e Gilson Souza foram liberados pelo Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (Sebin), da Venezuela. Presa pela organização ao lado dos ativistas venezuelanos José Urbina e María Jose Túa, coordenadores do capítulo de Maracaibo da ONG Transparência Venezuela, a equipe da Record TV enfim pode deixar a sede da Sebin em Maracaibo, informou a Agência Efe já na madrugada deste domingo (12). 

A denúncia foi feita pela própria ONG Transparência Venezuela em um comunicado oficial, que exige a libertação dos jornalistas. "A comissão do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional os deteve e os acompanhou até sua sede em Maracaibo para ter uma entrevista. Ao chegar, tiraram seus telefones celulares. A Transparência Venezuela exige sua libertação e rejeita essa detenção arbitrária por parte da Sebin."

De acordo com informações da agência AFP, o Itamaraty foi notificado pela própria emissora Record e não pelo governo venezuelano, mas já está tomando medidas através da missão diplomática brasileira no país. Além dos celulares, a equipe teve também seu material de gravação recolhido pelas autoridades. 

Segundo a assessoria de imprensa da Record, os dois devem ser levados ainda hoje á capital do país, Caracas, em um voo da polícia. De lá, a dupla embarca de volta para o Brasil. Não há informações sobre o que ocorreu durante a detenção, nem se os equipamentos dos profissionais foram devolvidos.

Conforme publicado em nota oficial da Transparência Venezuela, o time de jornalistas foi detido enquanto gravava uma reportagem nos arredores da ponte Nigale sobre o Lago Maracaibo, uma obra iniciada em 2005 por Hugo Chávez (morto em 2013) e que até hoje não foi concluída. A matéria tem relação com as supostas propinas pagas pela Odebrecht em território venezuelano.

Recentemente, a Odebrecht admitiu ter pago R$ 2,4 bilhões (US$ 788 milhões) em propina a funcionários do governo, representantes e partidos políticos do Brasil e de outros 11 países, entre 2001 e 2016.

Em nota, a Associação Brasileira de Rádio e Televisão (Abratel) protestou contra a medida do governo venezuelano, à qual chamou de "extrema": "Tal decisão é abominável e digna apenas de regimes ditatoriais que não aceitam o livre exercício da imprensa e temem a verdade."

"A Abratel exige a liberação imediata dos profissionais de imprensa (...) detidos no pleno exercício legítimo de suas funções", continuou a associação.

Em comunicado oficial, a Record TV também protestou as prisões.

"A Record TV repudia esta atitude violenta e radical que fere a liberdade de imprensa e exige a imediata liberação dos profissionais e a devolução de todo o material apreendido. A RecordTV acionou o governo brasileiro através do Itamaraty e da Embaixada do Brasil na Venezuela para que todos os direitos e a segurança dos profissionais sejam garantidos."