Brasil

Ato pró-Bolsonaro tem manifestantes sem máscara e críticas a STF e Congresso

Gustavo Uribe/Folhapress | 19/07/20 - 15h44
Gustavo Uribe/Folhapress

No momento em que o Distrito Federal enfrenta um aumento no número de mortes pelo novo coronavírus, dezenas de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro não usaram máscara de proteção em manifestação promovida neste domingo (19).

O aparato de segurança para evitar a disseminação da doença é obrigatório no Distrito Federal desde o final de abril. A multa para o descumprimento é de R$ 2.000. Apesar de o protesto ter sido acompanhado pela Polícia Militar, a Folha de S.Paulo não flagrou nenhuma autuação.

A manifestação foi promovida na Esplanada dos Ministérios por movimentos cristãos e conservadores. Mesmo que dezenas tenham desrespeitado o decreto distrital, a maioria vestia a máscara de proteção, apesar de não terem cumprido o distanciamento social.

Entre os que não usaram o aparato de segurança, havia apoiadores idosos, um dos grupos de risco para a doença, e integrantes do Aliança pelo Brasil, partido político que o presidente tenta viabilizar para a disputa presidencial de 2022.

Os manifestantes fizeram uma caminhada da Biblioteca Nacional até o Congresso, onde levantaram cruzes representando as unidades da federação. Além de rezarem pelo presidente, que cumpre quarentena após ter sido infectado pelo coronavírus, fizeram críticas ao Judiciário e ao Legislativo.

Em faixas e cartazes, eles cobraram do STF (Supremo Tribunal Federal) o julgamento de políticos que foram alvo da Operação Lava Jato. Também pediram ao Senado que analise com celeridade pedidos de impeachment contra ministros do Supremo.

Os manifestantes ainda ressaltaram que o verdadeiro Supremo é o povo e criticaram o projeto de lei das fake news. O texto foi aprovado em junho no Senado e está em discussão na Câmara. Se aprovado, sem alterações, segue para sanção ou veto de Bolsonaro.

Além de apoiadores do presidente, participaram da manifestação deputados aliados do governo, como Major Fabiana (PSL-RJ) e Daniel Freitas (PSL-SC). Blogueiros investigados nos inquéritos das fake news e dos atos antidemocráticos também compareceram.

Além das críticas ao Judiciário e ao Legislativo, os manifestantes defenderam a saída do cargo dos governadores de São Paulo, João Doria, do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, e de Goiás, Ronaldo Caiado.

Durante o protesto, integrantes do Aliança pelo Brasil recolheram assinaturas para a criação do partido. Até a semana retrasada, apenas 15.721 das 492 mil assinaturas de apoio exigidas tinham sido validadas, 3,2% do mínimo necessário.

No último sábado (18), em live nas redes sociais, Bolsonaro criticou o projeto de lei das fake news. Segundo ele, a proposta limita a liberdade de expressão e não será possível se manifestar sobre nada se o texto entrar em vigor.

"Eu acho que é uma maneira de colocar limite na liberdade de expressão. Não tem que ter isso. Se alguém se ver prejudicado, entra na Justiça. Está previsto calúnia, difamação, injúria. Não tem que inventar mais nada", afirmou.

Bolsonaro fez a declaração no Palácio da Alvorada, onde alimentou emas. Pela segunda vez na semana, uma das aves bicou a mão do presidente, que reclamou da dor, mas seguiu alimentando os animais.