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Bahia: polícia diz que filho matou pais porque eles não aceitavam relacionamento

Correio 24 horas | 04/07/19 - 08h26
Correio

As mortes do policial militar da reserva Rinaldo César Bezerra, 62 anos, e de sua esposa, Raimunda da Conceição Souza, 45, assassinados a golpes de facão, na tarde desta segunda-feira (1º), em Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador, já têm uma possível motivação.

As investigações da Polícia Civil dão conta de que o casal foi morto pelo próprio filho, Marcos Vitor Bezerra, 22, porque não aceitava o relacionamento do jovem com uma mulher, de identidade não informada. Em entrevista ao CORREIO, na noite desta quarta-feira (3), a titular da 26ª Delegacia (Vila de Abrantes), delegada Danielle Monteiro, responsável pelas investigações, afirmou que Marcos negou a autoria do crime. 

“Disse que não foi ele, negou, mas nós não temos dúvidas. Temos, inclusive, muitas provas de que ele cometeu o crime. Agora só precisamos fechar mais alguns detalhes para a conclusão”, destacou Danielle, ao citar que Marcos Vitor já está no Complexo Penitenciário de Mata Escura, em Salvador.

O jovem foi preso em flagrante por agentes do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), na noite do dia em que cometeu o crime, após dar entrada no Hospital Geral do Estado (HGE), para onde foi socorrido após ser espancado por moradores da Chapada do Rio Vermelho. A informação da polícia é que ele teria fugido para o local após cometer o crime, mas, ao chegar, acabou reconhecido pela população.

Ainda segundo a delegada, Marcos é o filho mais novo do relacionamento do casal, além do primogênito, que mora em São Paulo. Rinaldo, no entanto, deixa filhos de casamentos anteriores.“Ele tinha conflitos anteriores com os pais. Rinaldo, especificamente, não gostava do namoro dele com essa moça, não queriam que ela frequentasse a casa, mas ainda não tenho detalhes dessa parte, estamos investigando a possibilidade de haver outras pessoas envolvidos, como um mentor ou mentora intelectual, vamos apurar”, acrescentou Danielle Monteiro.

Mortes

O crime aconteceu pouco depois do meio-dia desta segunda, na Rua da Viola, na localidade de Coqueiro de Arembepe. O local é uma região de chácaras e sítios, de difícil acesso em função de trechos de mata fechada e estrada de barro.

"A gente estranhou a fumaça que saia do telhado da casa e acionamos o Corpo de Bombeiros. Quando um dos bombeiros tentou pular o muro, avisamos que na casa tem um pitbull, mas o animal estava preso e inquieto", contou um vizinho entrevistado pelo CORREIO na manhã desta terça-feira (2). 

Ele contou que os bombeiros demoraram cerca de 45 minutos para conter as chamas que estavam no andar superior da casa. Somente com o controle do fogo que os corpos foram encontrados.

"Estavam amarrados num edredom com vários cortes de facão. Algo terrível de se ver e acreditar que foi o próprio filho que fez uma barbaridade daquela com os próprios pais", declarou o vizinho. O casal apresentava marcas de facão por todo o corpo. Disse, ainda, que apenas os três costumavam ficar no imóvel.

"Não vimos ninguém além deles. A casa era sempre frequentada pelo casal e o filho", contou. Quando perguntado se sabia que o rapaz era usuário de drogas, o morador se mostrou surpreso. "Estou sem entender. Nunca soube de envolvimento dele, nem que ele andasse com os meninos daqui, que são dessas coisas. Pelo contrário. Sempre o vi com os pais numa picape ou passeando com o carro", declarou.

Um outro conhecido da família, sem se identificar, disse ao CORREIO que o casal e o filho passaram a com mais frequência à casa há cerca de um ano. Eles moravam em Salvador e tinham o imóvel como local de veraneio. 

“Foi quando começaram a ser vistos com mais vezes por aqui. Aproveitaram para fazer uma reforma. Ele e a mulher (casal) eram de falar muito pouco. Davam ‘bom dia’, ‘boa tarde’, mas não eram de conversas, de parar num bar, de socializar. Eram muito fechados, assim como o filho”, disse.  

Peritos do Departamento de Polícia técnica (DPT) encontraram uma vasilha de álcool e um galão de gasolina. "Provavelmente usados para pôr fogo na casa, mas só a perícia dizer", declarou a delegada.