Brasil

Capital posterga abertura de bares e salões; 9 regiões de SP estão em alerta máximo

Folhapress | 26/06/20 - 21h09
Rovena Rosa / Agência Brasil

Nesta sexta-feira (26), o estado de São Paulo teve grandes mudanças em sua quarentena: a capital e as sub-regiões do ABC e de Taboão da Serra avançaram para a fase amarela do afrouxamento da quarentena, que permite o funcionamento (restrito) de bares, restaurantes e salões de beleza.

Por um pedido do comitê de contingência de combate ao coronavírus no estado, o prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), decidiu que as mudanças na regra de isolamento só se consolidarão caso a capital permaneça nesta fase até a próxima sexta-feira (3).

No interior, porém, houve regressão. Agora são nove as regiões na fase 1, vermelha, de alerta máximo, que impõe restrições maiores de atividade econômica: Franca, Ribeirão Preto, Araçatuba, Presidente Prudente, Marília, Bauru, Sorocaba, Registro e Piracicaba.

Em São Paulo, Covas pediu cautela. "Vamos aguardar a classificação que teremos na sexta-feira da semana que vem, para que o município possa abrir aquilo que a fase amarela permite", afirmou o prefeito.

O pedido do comitê também engloba as regiões sudoeste e sudeste da Grande São Paulo.

Também nesta sexta, o governador João Doria anunciou que a quarentena no estado de São Paulo foi prorrogada até o dia 14 de junho.

"Nós vemos que na capital e na região metropolitana houve uma melhora significativa da epidemia. Notamos isso na ocupação dos leitos, na queda das internações, sobretudo na capital, que inclusive teve uma redução no número de óbitos", afirmou Patrícia Ellen, secretária estadual de desenvolvimento econômico.

"Por outro lado, no interior, como já era esperado, temos, sim, uma presença e um crescimento importante da epidemia, que se traduz tanto no numero de casos como de internações e de óbitos", acrescentou a secretária.

O estado de São Paulo registrou 9.921 casos de coronavírus nas últimas 24 horas, chegando a 558.508 no total.

O número é o maior desde o início da pandemia, com exceção do registro no dia 19 de junho, quando um problema no sistema do SUS represou dois dias de resultados, que foram contabilizados todos de uma vez, causando um pico atípico de mais de 19 mil casos.

Caso se mantenha na fase amarela do Plano São Paulo (nome dado à quarentena progressiva), a capital deverá ter mudanças nas regras de isolamento.
Shoppings, galerias e o comércio de rua passariam a funcionar com até 40% de sua capacidade e por seis horas. O mesmo valeria para o setor de serviços, salões de beleza e barbearias.

Para bares e restaurantes, além dessas duas restrições, a regra é que apenas áreas arejadas podem funcionar e o "horário de funcionamento [fica] limitado até 17h ou seguindo o regramento do estabelecimento em que se encontra", como afirma a explicação do governo para esta fase.

"O município de São Paulo já estava numa região laranja e agora atingiu uma possibilidade de liberação um pouco maior, mas nós do comitê de saúde estamos emitindo uma nota técnica e solicitamos com o prefeito, que concordou plenamente, que seria interessante dar um tempo adicional por segurança", afirmou Carlos Carvalho, coordenador do comitê de contingência do estado.

Segundo o secretário de desenvolvimento do interior, Marcos Carvalho, com a nova atualização, quase 30 milhões de pessoas ficam nas fases 2 e 3 do afrouxamento da quarentena, 64,18% do estado.

Ainda de acordo com Carvalho, 24,82% do estado precisará restringir ainda mais as regras de isolamento, enquanto as três regiões que avançaram representam 36,23%.

Na última quarta-feira (24), Doria anunciou que as aulas presenciais devem retornar no próximo dia 8 de setembro, mas com restrições, faseamento, rodízio de estudantes e apenas se todos os departamentos de saúde do estado estiverem na fase amarela da quarentena.

Quando do anúncio, ainda nenhum setor do estado se encontrava na fase amarela. Em que pese três regiões terem avançado nesta sexta, outras cinco regrediram.

Ao jornal Folha de S.Paulo o secretário de educação, Rossieli Soares admitiu que, se eventualmente todas as regiões atingirem a fase amarela e uma delas regredir ao longo dos 28 dias, pode-se avaliar a abertura regionalizada, se a equipe de Saúde autorizar.

A determinação do governo Doria compreende de creches a universidades, das redes municipais, estaduais e privada. O retorno das atividades seria faseado.

Na primeira etapa, as aulas voltam com 35% dos estudantes em sala. Depois, numa segunda fase, serão 70%, até chegar a 100% na terceira. Os protocolos englobam distanciamento entre os alunos, monitoramento das condições de saúde e protocolos de higienização dos ambientes escolares.

Além disso, atividades como feiras, congressos e festas ficam suspensa por tempo indeterminado.

"Acordo e durmo pensando em quantas mães têm que trabalhar e não têm com quem deixar os filhos. Entendo que possa haver uma volta anterior da educação infantil [fora da alçada do estado] em razão disso, ainda que haja forte reação contrária. É preciso discutir na sociedade", afirmou Rossieli.

Após o anúncio, a Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial de SP) ameaçou promover uma greve caso a retomada se concretize, por considerar a decisão precipitada.