Brasil

Cobras apreendidas após estudante ser picado por Naja 'estão magras e feridas', diz Zoológico de Brasília

10/07/20 - 17h44

As 16 cobras apreendidas em um haras, na região de Planaltina, no DF, após um estudante de veterinária ser picado por uma naja "estão magras e com lesões nas escamas". A informação é do Zoológico de Brasília, que vai ficar responsável pelas serpentes encontradas na quinta-feira (9).

Investigações da Polícia Civil apontam que Pedro Henrique Santos Krambeck Lehm, de 22 anos, é o proprietário dos animais. O jovem permanece internado em um hospital particular e deve ter alta da UTI até sábado (11).

Três colegas dele, incluindo o rapaz que teria abandonado a naja, na última quarta-feira (8), perto de um shopping, no Lago Sul, foram ouvidos pela 14ª DP, do Gama, nesta sexta (10). Pedro Henrique deve prestar depoimento "assim que estiver em condições".

De acordo com a gerente da clínica cirúrgica do Zoológico de Brasília, Fernanda Mergulhão, a equipe de medicina veterinária e de biologia fez a coleta de sangue e a análise clínica e comportamental das serpentes.

"Os animais provavelmente não viviam nas condições ideais para um réptil, com umidade adequada, com frequência de alimentação adequada, justamente, pela escore corporal desses animais", disse a veterinária.

Fernanda Mergulhão disse também que as 17 serpentes, incluindo a naja, ficarão em quarentena por 20 dias, "para certificar que elas não apresentam nenhuma doença que possa ser transmitida aos outros animais". Elas devem ficar no zoo até haver uma definição dos órgãos ambientais para o destino das serpentes.

Tráfico de animais silvestres

Serpente apreendida em haras passa por exames no Zoológico de Brasília — Foto: TV Globo/Reprodução

O acidente com o estudante de medicina veterinária Pedro Henrique Santos Krambeck Lehm revelou, segundo a Polícia Civil, um esquema de tráfico de animais silvestres no Distrito Federal. Segundo o delegado Ricardo Bispo, da 14ª Delegacia de Polícia, do Gama, o princípio da investigação começou para saber a origem da naja que picou Pedro Henrique.

Conforme os policiais, na casa do jovem, no Guará, foram encontrados objetos que indicavam que no local eram criadas outras serpentes. "A investigação revela um possível esquema de tráfico de animais. Vamos investigar a origem dessas cobras, como chegaram no Brasil", disse o delegado.

Cobra Naja que picou estudante de veterinária é encontrada perto de shopping no DF — Foto: BPMA-DF/Divulgação

Segundo o delegado Ricardo Bispo, da 14ª DP, os jovens são de classe média e classe média alta e cursam medicina veterinária em uma instituição particular. A Faculdade Faciplac, do Gama, confirmou ao G1 que Pedro Henrique estuda na instituição.

Em nota, a instituição disse que "o Centro Universitário do Planalto Central Aparecido dos Santos (UNICEPLAC), assim como a coordenação do curso de Medicina Veterinária, informam que não tinham conhecimento da posse de nenhuma cobra ou outros tipos de animais silvestres entre os alunos".

Cobra encontrada em chácara, no DF, após denúncia anônima que envolve tráfico de animais silvestres — Foto: Afonso Ferreira/G1

Estado de saúde

Pedro Henrique Santos Krambeck Lehm foi internado, em estado grave, na noite de terça-feira (7). Ele ficou em coma até a tarde de quinta-feira (9).

O estudante precisou ser medicado com um soro antiofídico que só foi encontrado no Instituto Butantan, em São Paulo, e disponibilizado para a família. "A instituição não produz o soro antiveneno para acidentes com Naja, uma vez que é uma espécie exótica, não pertencente à fauna brasileira", explicou o Butantan.

"A instituição somente mantém um pequeno estoque em sua unidade hospitalar de atendimento para eventual acidente com pesquisadores", disse o instituto.

Pedro Henrique Santos Krambeck Lehmkul, de 22 anos, foi picada por uma cobra da espécie Naja, no DF — Foto: Arquivo pessoal

Os pais do jovem chegaram a importar dez doses do soro antiofídico dos Estados Unidos. No entanto, não foi necessário usar a medicação que será doada, conforme afirmou a família.

Segundo o zoo, a naja que picou o estudante não saiu da caixa. Conforme os biólogos, o animal está estressado e pode atacar de novo. "Como não tem soro contra o veneno da serpente no Brasil, a orientação, por enquanto, é ninguém mexer", explicou a veterinária.