Polícia

Ex-mulher de José Roberto, padrasto de Danilo, relata rotina de violência

Dayane Laet | 08/11/19 - 07h30
Reprodução

Durante depoimento prestado para a delegada Daniela Alves, titular da delegacia Especializada de Defesa dos Direitos da Mulher de Arapiraca, a ex-mulher de José Roberto Morais, padastro do menino Danilo, relatou que seu casamento foi um tormento que durou cerca de oito anos. Danilo foi encontrado morto em outubro deste ano após ser espancado e esfaqueado, no bairro do Clima Bom, em Maceió. José Roberto foi preso nessa quinta-feira (7), em cumprimento a mandado de prisão expedido pela justiça de Arapiraca..

Segundo a mulher, ela e a filha viviam em cárcere privado no interior da residência , totalmente submissas a José Roberto, constantemente agredidas verbalmente e fisicamente. A menina, na época com 11 anos, além de ser estuprada e obrigada a trabalhar com o padrasto na oficina, só conseguiu ir a escola após a interferência do Conselho Tutelar da cidade.

Durante o depoimento da então companheira de Roberto, apesar de todo o temor e pânico apresentado em relação a ele, a vítima relatou que “viviasob ameça de morte, que Roberto não a deixava sair de casa para que ela não conseguisse fugir com sua filha".

Um dos episódios relatados diz que Roberto imobilizou a mulher pelo braço e começou a espancá-la no banheiro, enquanto sua filha gritava por socorro. Não satisfeito, Roberto tentou esganá-la e empurrou a sua cabeça dentro do vaso sanitário por algumas vezes. As agressões nesse dia só cessaram quando chegou um cliente na oficina de bicicletas que na época funcionava em sua residência.

Familiares das vítimas também prestaram depoimento e confirmaram que o acusado manteve mãe e filha afastadas dos parentes por oito anos. O contato só foi restabelecido porque elas conseguiram fugir, se abrigar na casa de vizinhos e pedir ajuda.

Também foi relatado que José Roberto sempre inventava um motivo para sua companheira sair de casa com a finalidade de que ele pudesse ficar sozinho com a enteada de apenas dez anos de idade. Era nesses momentos que Roberto abusava sexualmente de sua enteada. 

A ex-enteada, hoje maior de idade, confirmou os crimes relatados por sua mãe, inclusive o abuso sexual. De acordo com o depoimento da vítima, “Roberto se masturbava constantemente diante dela e também a acariciava e pedia que ela acariciasse seus órgãos genitais. Em outras oportunidades, ocorria o estupro propriamente dito. Afirmou ainda que trabalhava praticamente na condição de escrava na oficina e que num dado momento por contrariá-lo, apanhou com um cabo de aço de freio de bicicleta. Disse que ele se comportava como um monstro e decidiu fugir com sua mãe por temerem morrer.

Ainda segundo a jovem, ainda hoje ela sofre de dores nas articulações em decorrência das torturas praticadas pelo seu padrasto.