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‘Fico muito triste pelo Brasil’, disse Luciano Huck sobre prisão de Lula

08/04/18 - 18h34

O apresentador Luciano Huck, que discutiu no último ano sua candidatura à presidência da república, descartou de vez a chance de concorrer ao Palácio do Planalto. Questionado sobre a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o apresentador lamentou, mas lembrou que ninguém está acima da lei: — Eu fico muito triste pelo Brasil. Acho que homem com a capacidade de comunicação que ele tem, com a capacidade do olhar social que ele tem.

Ele disse que o Brasil precisava do olhar social do Lula e descartou que uma política totalmente liberal vá resolver os problemas do país: — Nas minhas andanças pelo Brasil nesse último ano foi muito frequente eu ouvir que o Brasil precisa de agenda liberal. Eu tenho absoluta certeza que você pode fazer a agenda liberal que quiser que você não vai incluir a dona Sebastiana semi-analfabeta com seis filhos em Inaja, no interior de Pernambuco, na sociedade. Acho que o país tem que ser um país liberal, uma economia aberta, mas se não tiver olhar social muito forte no combate à desigualdade o país nunca vai ser o país que a gente gostaria que ele fosse. Sob essa ótica eu fico muito triste em relação ao presidente Lula porque ele tem esse olhar social — disse.

Mas o apresentador falou, contudo, que “a justiça vale para todo mundo”: — Saquearam o Estado. Colocaram o Estado a favor de um grupo político, do projeto político de um grupo e não do país todo. Por mais que ele tivesse vontade legítima de inclusão e isso está claro em todas as coisas que ele fez ao longo da vida, mas o grupo que o cercava não estava fazendo isso, estava pilhando o Estado. Toda ação tem reação e consequência e é o que está acontecendo agora, o que é um pena, uma tristeza.

Huck também afirmou que o momento não é de polarização: — O que é uma pena, é uma tristeza, como eu comecei falando aqui, você personificar como vilão ou como herói é muito ruim — afirmou. — É ruim você ter essa polarização, a hora não é de discussão, a hora não é de esquerda ou de direita, é um momento tão difícil do país que você tem que conversar com todo mundo, com todos os lados, a gente tem que ouvir as melhores ideias a gente tem que colocar em prática a ideia independente de onde ela nasceu. Então eu sou um construtor de pontes e nosso dever de todos nós aqui é tentar minimizar a polarização e tentar fazer do país um Brasil.

Falando no encerramento do Brazil Conference at Harvard & MIT, ele brincou com o prazo final de filiação partidária: — Hoje se fecha a janela eleitoral no Brasil. Dizem que quando você sai a noite em Las Vegas, dizem que você pode voltar sem dente. Bom, ontem as pessoas que sairam na noitada aqui ficaram com medo de voltar filiado em um partido. Achei melhor ficar em casa, no hotel — disse, arrancando risos da platéia. — Não tem nenhum risco, Jorge (Paulo Lemann, que estava na plateia), esta última semana eu passei na Sibéria.

Huck disse que a decisão de não concorrer à eleição foi muito difícil e, indiretamente, deixou a porta aberta para isso no futuro: — Foi muito difícil essa decisão de não ser candidato, que passou por várias, tem vários filtros, vários players nessa história — disse ele, que afirmou que o ultimato. Eu sempre gostei muito de entregar mais do que as pessoas esperam de mim, e eu acho que esse é um cargo, e essa é uma postulação tão séria, que tem que ser tratada de maneira tão responsável, que eu, se eu quiser fazer isso da minha vida, eu prefiro fazer isso quando eu tiver uma agenda muito clara na minha cabeça de como você pode não só, qual é o país que a gente quer construir, mas principalmente como fazer isso.

Ele criticou o sistema político, afirmando que os partidos não são feitos para a renovação política. E disse que vê a falta de projetos políticos importantes para o país: — Não consigo enxergar hoje no Brasil ninguém que nos venda um projeto de um país grande. Não consigo, nenhum candidato que a gente tem hoje. Não consigo ver ninguém de fato vendendo o país que a gente quer construir. O nosso desafio é criar uma agenda positiva, criar esse sonho que país que é este e, principalmente, A única coisa que vai transformar o brasil são sistemas. Não vai ser de uma pessoa só. Vai ser da reunião de boas cabeças, das mais variadas possíveis. - disse ele - O único jeito de melhorar a desigualdade no brasil, que é a grande questão que a gente tem hoje, é através da política — temos que trazer gente nova vi dois movimentos cívicos, o agora e o renova nascerem nesse último ano.

Apesar de não ser candidato, continuou falando com se fosse um. Dizendo que viu sua vida mudar como nunca no último ano, quer ajudar no engajamento político: — Minha cabeça mudou muito neste último ano. Muito. Eu tenho absoluta certeza de que não caio mais na caixinha em que eu estava há um ano atrás. A hora em que você começa a pensar políticas públicas de um jeito maduro, e uma das coisas mais sedutoras que pode acontecer na cabeça de alguém — disse. — Eu pouco entendo dos governos e as empresas, mas eu entendo da casa das pessoas. Eu entrei na casa de muita gente, eu sei como as pessoas vivem.

Ele defendeu a educação como grande chave para mudar o Brasil. E, contrariando a maior parte do debate - muito focado em negócios - criticou o discurso da meritocracia: — No Brasil você não pode falar de meritocracia no Brasil pois um largou do - 6 e outro do 15 andar, é impossível falar em meritocracia. Têm 8 milhões de empreendedores nas favelas brasileiras, sem o menor apoio, mas que não deixa de ser empreendedor — afirmou Huck. — O único meio de subir o safarro das oportunidades é com a educação. A educação é a ferramenta mais poderosa que a gente pode ter, educação é fundamental.