Brasil

Médicos brasileiros operam intestino de feto ainda na barriga da mãe

A cirurgia, feita em São José do Rio Preto, foi pioneira no mundo

Cláudia | 19/06/19 - 13h21
Hospital da Criança e Maternidade - Reprodução

Um feto com uma malformação congênita no intestino foi operado ainda dentro da barriga da mãe no Hospital da Criança e Maternidade (HCM), em São José do Rio Preto (SP). O procedimento, pioneiro no mundo, foi feito em conjunto por médicos do Hospital da Criança e Maternidade de Rio Preto, do Hospital Albert Einstein, de São Paulo, da Universidade de Taubaté e do Hospital de Baia Blanca, da Argentina.

O bebê de 33 semanas foi operado na segunda-feira (17). Ele possuía gastrosquise, uma abertura nos músculos do abdome que permite que o intestino fique para fora. Segundo a cirurgiã fetal Denise Araújo Lapa, até então, em casos como esses, o bebê era operado logo depois do nascimento. A cirurgia ainda no útero da mãe diminui as chances de complicações.

“O Brasil está em primeiro lugar. Fomos os pioneiros a fazer esse procedimento que há muito tempo estão tentando realizar. Nunca imaginei fazer algo assim. Um pesquisador com uma boa ideia e patrocinado faz coisas inexplicáveis no Brasil”, afirma Denise a um site de notícias.

Cirurgia

(Hospital da Criança e Maternidade - Reprodução)

O procedimento durou cerca de 1h40. Foram feitas quatro pequenas incisões na barriga da mãe por onde introduziram os instrumentos que permitem corrigir a malformação dentro do útero. Segundo os médicos do HCM, uma das vantagens da cirurgia é o fato de o bebê já nascer saudável e poder mamar diretamente no seio da mãe.

Caso a cirurgia seja feita após o nascimento, o bebê precisa ficar cerca de 30 dias internado e não consegue mamar, já que as alças intestinais ficam inflamadas.

“Os benefícios são imensuráveis. Quando pensamos na possibilidade do bebê nascer e na sala de parto poder mamar, poder ter o trânsito intestinal funcionando normalmente e poder ir para casa em dois ou três dias, isso não tem preço. O procedimento minimiza a dor, os riscos de infecção e o gasto financeiro”, explica o cirurgião Rodrigo Tadeu Russo Gonçalves.

O estado da mãe é estável e ela continuará internada em observação nos próximos dias.