Alagoas

Mulheres criam ‘polvinhos de crochê’ e doam a bebês prematuros internados em hospital de AL

Razões Para Acreditar | 06/09/21 - 11h11

Mulheres crocheteiras de Arapiraca se uniram para confeccionar polvinhos de algodão e doar a recém-nascidos que estão internados no Hospital Regional Nossa Senhora do Bom Conselho, em Arapiraca. A unidade recebe bebês prematuros ou com problemas de saúde não só da cidade, mas de outras cidades da região Agreste de Alagoas.

Desde 2017, o projeto existe e se tornou um xodó do hospital. Ao todo, o grupo “Crocheteiras e cia” já produziu e doou cerca de 1.600 polvinhos para recém-nascidos nesses quatro anos. A ideia surgiu originalmente da enfermeira e doula Lusandra Maria Gomes Almeida. Ela afirma que a inspiração veio de um projeto similar nascido em 2013, na Dinamarca.

“Eu estava fazendo um voluntariado de consultoria de amamentação. Vendo páginas de internet, vi que existiam esses polvinhos do amor, um brinquedo que o bebê se apega desde pequeno e traz benefícios terapêuticos quando usados em uma UTI neonatal. Não existe uma base científica, mas na realidade, foram vistos benefícios em 17 países desse método. Eu me interessei”, lembra ela, que é crocheteira.

Ao se encantar com o projeto, Almeida conta que fez uma convocação às colegas crocheteiras na comemoração do dia do artesão (19 de março) em 2017. “Pedimos para que elas se envolvessem nesse projeto, e muitas toparam. Levei a ideia para o hospital — onde já atuava—, e a equipe se encantou e topou. Ali eu já vi possibilidade da implantação e começamos a produzir”, explica.

Benefícios aos bebês

No hospital, o trabalho com polvinhos é considerado de grande importância. Os polvinhos são dados aqueles bebês que nascem antes das 37 semanas de gestação.

A fisioterapeuta Natascha Cibele Barbosa é quem está à frente do projeto na unidade. Ela afirma que os polvinhos ajudam no desenvolvimento dos bebês que nascem prematuros.

“Os polvinhos com seus tentáculos simulam para o bebê o cordão umbilical; e a textura do crochê se assemelha a textura da parede uterina. Com isso, eles se sentem mais acolhidos e calmos, reduzindo frequência cardíaca e respiratória, e acelerando o processo de maturação e a saída mais rápida do bebê do suporte de oxigênio”, afirma ela, que atua na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) neonatal do hospital.

Natascha explica ainda que, em regra, a equipe coloca o polvinho fazendo em contato direto com a pele do bebê. “Em muitos casos é perceptível um semblante mais sereno e mais calmo do bebê”, conta.