Economia

Não consigo dizer quando os juros vão cair, mas estamos no caminho certo, diz Campos Neto no Senado

Presidente do BC foi convocado para uma audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado para explicar o atual patamar da taxa Selic

CNN | 25/04/23 - 12h20
Roberto Campos foi convocado para uma audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos | Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou, nesta terça-feira (25), que não tem a “capacidade” de dizer quando a taxa de juros vai cair, mas “as coisas têm caminhado no caminho certo”. O dirigente da autarquia foi convocado para uma audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado para explicar o atual patamar da taxa Selic, em 13,75% ao ano desde agosto passado.

“Eu não tenho capacidade de dizer [quando vai cair]. Sou um voto de nove. Mas é um processo técnico que tem o seu tempo e as coisas têm caminhado no caminho certo”, disse, referindo-se à composição do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, que é quem toma decisões referentes à política monetária do país.

Questionado sobre se a nova regra fiscal seria o suficiente para garantir a queda na taxa de juros, Campos Neto afirmou que é, sim, uma parte importante na composição da avaliação do BC sobre o cenário econômico. “A parte fiscal faz com que as expectativas de inflação caiam, isso aconteceu quando foi aprovado o teto de gastos”, disse, ressaltando que também garante estabilidade institucional.

De acordo com ele, a apresentação do novo marco, entregue para tramitação no Congresso na semana passada, gerou ganhos na parte curta da curva de juros futuros. “Mas precisamos estabilizar a parte longa”, ressaltou.

O atual nível da taxa de juros tem sido alvo constante de críticas do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a ponto de criar tensões institucionais entre o Executivo e o Banco Central. A ala política defende que a Selic em 13,75% é “incompreensível” e que a meta de inflação, principal instrumento balizador nas decisões da autarquia, seja alterada.

Sobre isso, Campos Neto afirmou que o sistema de metas é importante por garantir previsibilidade e manter “as expectativas de agentes econômicos sobre a inflação ancoradas”. “O BC gostaria de trazer a inflação à meta, que é o nosso mandato. Quem estipula a meta é o governo, isso é importante frisar, e a gente tenta trazer para o centro da meta da forma mais suave possível”, disse, acrescentando que, caso o horizonte para a meta seja alongado, a consequência direta é uma perda da credibilidade da autoridade monetária.

Ele repetiu que nenhum presidente do BC gosta de elevar juro, “mas nossa obrigação é a meta de inflação”. “Eu brinco com meu antecessor – Ilan Goldfajn – que ele nunca precisou subir a Selic”, disse.